07.07.2015 Views

História Geral

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

REVOLUÇÃO INGLESA<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

Para a história da Inglaterra, o século XVII é decisivo.<br />

Essa afirmação se relaciona com a ocorrência da<br />

Revolução Inglesa, representação da primeira grande<br />

manifestação de crise do sistema político da época<br />

moderna, identificado com o absolutismo. Como<br />

resultado final dos conflitos que se estenderam ao longo<br />

do século, o poder monárquico, severamente limitado,<br />

cedeu a maior parte de suas prerrogativas ao Parlamento<br />

e instaurou-se o regime parlamentarista que permanece<br />

até hoje. O processo começou com a Revolução<br />

Puritana de 1640 e terminou com a Revolução<br />

Gloriosa de 1688. As duas fazem parte de um mesmo<br />

processo revolucionário, daí a denominação de<br />

Revolução Inglesa do século XVII e não Revoluções<br />

Inglesas.<br />

Ao final desse processo revolucionário, a Inglaterra criou<br />

as condições indispensáveis para a Revolução<br />

Industrial do século XVIII, reafirmando as condições<br />

necessárias para o avanço do capitalismo. A ascensão de<br />

novos grupos políticos ao poder e os interesses de<br />

emancipação da economia dos privilégios e monopólios<br />

do Estado foram determinantes para as consequências<br />

materiais na Inglaterra do século XVIII. Deve ser<br />

considerada a primeira revolução burguesa da história da<br />

Europa, antecipando em 150 anos a Revolução Francesa.<br />

2. ANTECEDENTES DO PROCESSO<br />

REVOLUCIONÁRIO<br />

A Inglaterra atingiu no século XVII notável<br />

desenvolvimento, favorecido pela monarquia absolutista.<br />

Os governos de Henrique VIII e Elizabeth I foram<br />

importantes na consolidação do processo de<br />

centralização política e no domínio político sobre a<br />

nobreza; afastaram a ingerência papal, ao promoverem a<br />

Reforma Anglicana, através da qual confiscaram bens da<br />

Igreja Católica, além de garantir a hegemonia sobre os<br />

tradicionais inimigos espanhóis.<br />

Tais condições em muito agradaram à burguesia, grande<br />

beneficiada do estímulo do Estado ao desenvolvimento<br />

do comércio, exploração colonial e fortalecimento naval<br />

para o incremento mercantil. A mercantilização das<br />

estruturas agrárias, seja no comércio direto de gêneros<br />

agrícolas, ou na produção da matéria prima à<br />

complementaridade das manufaturas, permitiu a<br />

configuração de novas formações sociais, que aos poucos<br />

evidenciou divergência de interesses com o Estado<br />

absolutista.<br />

A persistente intervenção estatal na economia passava a<br />

tornar-se incômoda, pois grande parte dos recursos do<br />

Estado vinham da negociação de monopólios, como<br />

aqueles instituídos sobre comércio exterior e produção de<br />

sal, sabão, alúmen, arenque e cerveja, que beneficiavam<br />

um pequeno grupo, a burguesia financeira. Prejudicavam<br />

consideravelmente setores em ascensão da burguesia<br />

comercial, desprovidos da liberdade para suas atividades,<br />

e os artesãos, que pagavam caro por alúmen e produtos<br />

indispensáveis a seu trabalho. Ao mesmo tempo, a<br />

garantia de privilégios às corporações de ofício impedia<br />

o aumento da produção industrial, pois eles limitavam a<br />

entrada de novos produtores nas áreas urbanas.<br />

Também no campo, outras questões delicadas de ordem<br />

econômica e social se impunham, agravando o quadro de<br />

tensões que culminaria no processo revolucionário. A<br />

alta de preços, decorrência do grande afluxo de metais<br />

preciosos da América à Europa, estimulou a produção<br />

agrícola e provocou um crescente processo de<br />

especulação sobre os valores da terra; a crescente<br />

expansão do consumo de alimentos e matérias-primas,<br />

como a lã, também contribuíram nesse processo de<br />

valorização das áreas rurais, que passaram a atrair a<br />

cobiça de grandes produtores rurais.<br />

Muitos proprietários foram beneficiados no aumento de<br />

suas posses através dos cercamentos, isto é, o esforço de<br />

transformar em propriedade privada as terras coletivas,<br />

devolutas ou sobre as quais havia uma posse precária, de<br />

usufruto especialmente dos camponeses pobres. . Tais<br />

ações expulsavam posseiros e criavam grandes<br />

propriedades, nas quais se investia capital para aumentar<br />

a produção. A decorrência social desse processo foi<br />

especialmente o processo de assalariamento de<br />

trabalhadores rurais, ou a migração de seus excedentes<br />

empobrecidos às cidades, agravando problemas como a<br />

mendicância, vadiagem e a violência nos centros<br />

urbanos. Quando o Estado se deu conta desses efeitos<br />

devastadores e objetivou preservar o equilíbrio social<br />

restringindo os cercamentos, atraiu contra si dois setores<br />

249

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!