História Geral
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2. A DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA<br />
Em 1774, os representantes das colônias (com exceção<br />
da Geórgia) reuniram-se no Primeiro Congresso<br />
Continental, em Filadélfia. Foi enviada uma petição ao<br />
rei da Inglaterra e aprovada uma Declaração de Direitos<br />
e Agravos. Renovou-se o boicote ao comercio inglês e<br />
formaram-se comitês de inspeção para fiscalizar as<br />
alfândegas e confiscar as importações de comerciantes<br />
que violassem o acordo.<br />
O Primeiro Congresso Continental representou um<br />
ultimato ao poder inglês, para que, através de concessões<br />
mutuas, se encontrasse uma solução. Entretanto, a<br />
Inglaterra não estava disposta a negociar, nem a fazer<br />
alianças.<br />
A intransigência real apressou a mobilização da<br />
resistência anticolonialista. Intensificou-se a campanha<br />
política em favor da independência, devido sobretudo ao<br />
trabalho dos comitês e dos líderes populares. Os<br />
legalistas ou tories eram perseguidos como traidores. Ao<br />
mesmo tempo, os patriotas ou whigs armazenavam<br />
armas e munições, preparando-se para o inevitável<br />
conflito armado. A Guerra de Independência teve início<br />
com os ataques ingleses a Lexington e Concord, em<br />
1775. Embora vitoriosas, as tropas inglesas do general<br />
Thomas Gage sofreram consideráveis perdas humanas,<br />
devido a resistência organizada da população.<br />
Nesse mesmo ano, reuniu-se o Segundo Congresso<br />
Continental de Filadélfia, presidido por John Hancock<br />
e contando com a presença de destacados líderes, como<br />
Samuel Adams, Thomas Jefferson, Benjamim Franklin e<br />
outros. Apesar da situação de guerra aberta, ainda havia<br />
muitos elementos vacilantes que não aceitavam a ideia<br />
de uma separação completa da Inglaterra. Na verdade,<br />
embora declaradas em estado de rebelião pelo rei George<br />
III, as colônias ainda faziam parte do Império Britânico.<br />
Para alguns, o rei estaria acima dos conflitos, sendo a<br />
opressiva política colonial obra dos ministros e do<br />
Parlamento. A estreiteza da visão política de alguns<br />
setores coloniais não lhes permitia enxergar nada além<br />
dos seus limitados interesses imediatos.<br />
Mesmo assim, o Segundo Congresso Continental<br />
conseguiu aprovar uma Declaração das Causas e<br />
Necessidades de Pegar em Armas e nomear George<br />
Washington, grande proprietário rural, como<br />
comandante-em-chefe das tropas norte-americanas. A<br />
obra mais importante do Segundo Congresso de<br />
Filadélfia foi, porém, a Declaração de Independência,<br />
aprovada em 4 de julho de 1776. Redigido em sua maior<br />
parte por Thomas Jefferson, esse documento formalizava<br />
a Independência e tornava possível aos norte-americanos<br />
pedir e receber auxílio estrangeiro. Seu significado<br />
político e, porém, mais amplo e profundo: enunciava<br />
uma filosofia de liberdade (individual), que teve<br />
influência marcante não só na organização da federação<br />
norte-americana, mas também nos movimentos<br />
emancipacionistas das áreas de dominação francesa,<br />
espanhola e portuguesa na América. A guinada que<br />
permitiu ao movimento de resistência colonial passar a<br />
ofensiva decorreu de vários fatores:<br />
A inflexibilidade do governo inglês em<br />
promover qualquer conciliação com os revoltosos;<br />
O trabalho desenvolvido pelas forças<br />
democráticas, através da propaganda (como, por<br />
exemplo, a publicação do Senso comum, de Thomas<br />
Paine) e da formação de governos extralegais nas<br />
colônias.<br />
A situação internacional que opunha a Franca, a<br />
Espanha e a Holanda a Inglaterra, devido a posição<br />
hegemônica desta como potência colonial e comercial.<br />
A verdadeira essência da filosofia política da<br />
Declaração e a ideia democrática da soberania popular.<br />
Inspirada em John Locke (Segundo Tratado do governo<br />
civil), James Harrington e em outros filósofos dos<br />
séculos XVII e XVIII, a Declaração de Independência<br />
assimilou-lhes os conceitos e os ampliou, tornando-se<br />
uma síntese das ideias liberais e democráticas da época,<br />
e, no entanto, profundamente original. Consiste em três<br />
ideias básicas: 1) o ser humano ¡V essencialmente igual<br />
em atributos, necessidades, obrigações e desejos ¡V tem<br />
o direito básico a Vida, a Liberdade e a Busca da<br />
Felicidade; 2) para a obtenção desses direitos, o homem<br />
criou os governos; 3) o governo que não respeita esses<br />
direitos e tirano; tal governo pode e, na verdade, deve ser<br />
alterado ou abolido pelo povo que, então, tem o direito e<br />
o dever de criar a forma de governo que .a seu ver,<br />
pareça-lhe mais adequado a promover sua segurança e<br />
felicidade..<br />
Convém notar que, devido as pressões dos grandes<br />
proprietários rurais da Carolina do Sul e da Geórgia, e de<br />
alguns comerciantes de escravos da Nova Inglaterra, o<br />
trecho da Declaração que denunciava e criticava a<br />
escravidão foi retirado do documento em sua redação<br />
final.<br />
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