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História Geral

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2. O INDUSTRIALISMO OU COLBERTISMO<br />

FRANCÊS<br />

Os embaixadores franceses, de Hans Holbein, 1533. Observe a variedade de<br />

tipos de manufaturas que aparecem representados na obra: tecelagem,<br />

tapeçaria, bordados, joias, mosaicos, marcenaria, alfaiataria, artes em couro<br />

etc.<br />

Na França, a economia ajustou-se ao desenvolvimento de<br />

manufaturas de luxo (perfumes, móveis, tecidos,<br />

porcelanas, cristais e tapetes), bastante estimuladas pela<br />

opulência da Corte Francesa e da propaganda divulgada<br />

como sinal de requinte e bom gosto; no intuito de manter<br />

um alto padrão de qualidade, estabelecia-se uma intensa<br />

regulamentação do Estado sobre essas chamadas<br />

“indústrias de luxo”. Além da especialização em exportar<br />

tais produtos, o ministro Colbert – ministro das Finanças<br />

entre 1661 e 1683, do governo de Luís XIV (1661-1675)<br />

- seria responsável ainda pela adoção de práticas<br />

protecionistas da economia local, através de uma política<br />

fiscal que elevava os impostos de alfândega de produtos<br />

importados, valorizando o consumo de produtos das<br />

manufaturas internas. Outra prática desenvolvida pelos<br />

franceses foi a pirataria e a ação dos corsários,<br />

especialmente na interceptação das riquezas minerais dos<br />

espanhóis e mesmo em pretensões comerciais na costa da<br />

América Portuguesa.<br />

A Inglaterra, tendo desenvolvido a atividade de<br />

navegação e de colonização tardiamente, empenhou-se<br />

na produção de manufaturas diversas e de primeiras<br />

necessidades, diferenciando-se da especificidade do<br />

mercado de luxo dos franceses. Buscava fornecer<br />

mercadorias essenciais, como cereais, tecidos etc.,<br />

alcançando mercados externos europeus e coloniais,<br />

garantindo uma balança comercial favorável. Foi<br />

marcante na realidade desse país, o monopólio exercido<br />

inicialmente por variadas companhias de comércio –<br />

atuantes na Índia, Indonésia, Pérsia, Bombaim, Antilhas<br />

e nas Treze Colônias - e pelo estímulo interno a<br />

produção têxtil através das leis de cercamentos, que<br />

privilegiavam a produção de matéria prima a esse nicho<br />

de produção. As revoluções inglesas do século XVII<br />

extinguiriam esses monopólios internos, mas<br />

conduziriam os ingleses a buscarem vantagens em<br />

monopólios sobre o comércio externo, como os Atos de<br />

Navegação à época de Cromwell - definia a<br />

exclusividade da entrada de mercadorias na Inglaterra<br />

transportadas por navios do próprio país - expondo ao<br />

conflito direto com a Holanda e, a exploração colonial no<br />

norte da América.<br />

Para garantir o vasto comércio em tão longínquas<br />

distancias, essa política expansionista inglesa exigiu<br />

desde cedo um intenso desenvolvimento da marinha<br />

mercante britânica, eficiente tanto no transporte de<br />

mercadorias, quanto na afirmação militar, especialmente<br />

com a vitória inglesa sobre a Invencível Armada<br />

Espanhola.<br />

O processo conhecido como enclausure ou cercamentos<br />

explicitou o processo inglês de transição de uma<br />

agricultura de bases comunitário-feudais para uma<br />

agricultura moderna, para fins empresariais, com a<br />

produção realizando-se cada vez mais em bases<br />

capitalistas modernas. As antigas terras comunais,<br />

essenciais à sobrevivência de milhares de camponeses<br />

passaram a ser cercadas por novos proprietários ou seus<br />

arrendatários, sob estímulo do Estado.<br />

Prestar-se-iam a partir de então, à criação de<br />

ovelhas, cuja lã era vendida às manufaturas têxteis,<br />

demandando um número restrito de trabalhadores,<br />

expulsando milhares de trabalhadores do campo, gerando<br />

problemas sociais de graves proporções, como aumento<br />

da mendicidade, do banditismo etc. Outro efeito desse<br />

processo foi a intensificação da emigração de<br />

camponeses às áreas coloniais inglesas na América<br />

Setentrional como alternativa à miséria no campo inglês.<br />

MARQUES, Adhemar, Pelos Caminhos da <strong>História</strong>.<br />

Editora Positivo: Curitiba, 2006, p. 104<br />

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