História Geral
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estabelecimentos colonizadores nas terras que<br />
descobrissem.<br />
Com a ascensão da Rainha Elizabeth I ao poder, a<br />
crescente rivalidade com a Espanha de Filipe II,<br />
caracterizou-se pelo impulso dado à construção naval e<br />
ao comércio marítimo, envolvendo também a atividade<br />
corsária. Nesse contexto intensificaram-se as viagens<br />
inglesas ao Novo Mundo, seja para saquear as<br />
embarcações e colônias espanholas ou para em<br />
empreender lucrativo contrabando nas Antilhas, seja para<br />
começar a colonização.<br />
No entanto, a oficialidade de uma presença inglesa na<br />
América coincide com a permissão da rainha para que<br />
Walter Raleigh organizasse três sucessivas expedições à<br />
América do Norte, em 1584, 1585 e 1587. Essas<br />
expedições procuraram colonizar a Virgínia, nome dado<br />
à terra descoberta (Carolina do Norte), e à ilha de<br />
Roanoke, mas seus intentos não foram atingidos, devido,<br />
entre outras coisas, aos ataques dos indígenas aos<br />
colonizadores.<br />
O começo da guerra com a Espanha e a ameaça de<br />
invasão da Inglaterra, em parte afastada pela destruição<br />
da Invencível Armada (1588), paralisaram as atividades<br />
ultramarinas inglesas até ascensão da dinastia Stuart<br />
(1603). O impulso colonizador inglês seria retomado,<br />
portanto, no século XVII.<br />
No século XVII a Inglaterra vivia uma nova conjuntura<br />
favorável a uma ação colonizadora sistemática em<br />
territórios da América do Norte e das Antilhas. O<br />
poderio espanhol fora quebrado e a decadência dos<br />
Habsburgo de Madri contrastava com o desenvolvimento<br />
inglês. A burguesia e a monarquia inglesas dispunham de<br />
uma poderosa frota e abundavam os capitais privados<br />
acumulados, a fim de multiplicar-se mediante novos<br />
investimentos, como o comércio e a colonização em<br />
terras do ultramar.<br />
O primeiro monarca da dinastia Stuart, rei Jaime I<br />
autorizou o funcionamento da Companhia de Londres e<br />
da Companhia de Plymouth, cujos acionistas pertenciam<br />
à burguesia londrina e à de Plymouth. Por carta régia, a<br />
Companhia de Plymouth recebeu o monopólio do<br />
comércio e a colonização das terras localizadas entre a<br />
Flórida (ao sul) e o rio Potamac (ao norte), enquanto a<br />
Companhia de Londres teve direitos idênticos para os<br />
territórios situados entre Fear e Nova Iorque, em uma<br />
região que veio a ser conhecida como Nova Inglaterra.<br />
Tais medidas evidenciam um aspecto bastante peculiar<br />
da colonização inglesa, que se deu através das<br />
concessões de exploração a companhias privadas de<br />
comércio, contrastando com o que ocorreu nas regiões<br />
ibéricas, onde a presença do Estado se impôs de maneira<br />
mais intensa.<br />
A ação colonizadora da Companhia de Londres e da<br />
Companhia de Plymouth foi facilitada pela crise<br />
econômica e social que ocorria na Inglaterra no século<br />
XVII, quando da transição plena da economia feudal<br />
para a economia de mercado tipicamente capitalista. Essa<br />
mudança foi acelerada na zona rural com o cercamento<br />
dos campos (enclousure lands), mediante o qual se<br />
formaram as grandes propriedades individuais<br />
capitalistas; para isso, destruiu-se o modo de produção<br />
feudal mediante a abolição de terras comuns, dos<br />
sistemas parcelário e comunitário de cultivo, da servidão<br />
camponesa, introduzindo-se o trabalho assalariado e a<br />
produção para o mercado. Essas transformações<br />
implicaram a anulação dos preexistentes contratos de<br />
arrendamento para o cultivo da terra pelos camponeses,<br />
sendo estes expulsos dos lotes onde trabalhavam.<br />
Com isso, formava-se numeroso contingente<br />
populacional que, não encontrando trabalho no campo e<br />
nos centros urbanos, poderia ser atraído para a América,<br />
onde haveria facilidades para a obtenção de terras. Afinal<br />
de contas, as terras eram dos indígenas, que, não sendo<br />
cristãos, podiam ser expropriados, sem que isso fosse<br />
considerado pecado ou ilegal pelas leis inglesas.<br />
Entretanto, o grau de miséria dos camponeses era tal que<br />
não dispunham de recursos para o custeio da sua viagem.<br />
Por isso, a fim de viajar juntamente com a sua família,<br />
assinavam um contrato comprometendo-se a trabalhar,<br />
geralmente por sete anos, a fim de resgatar a dívida<br />
assumida com o seu transporte para a América. Era a<br />
chamada servidão por dívidas, que foi bastante<br />
generalizada nas Treze colônias e predominante na Nova<br />
Inglaterra. Segundo alguns autores, cerca de 70% dos<br />
imigrantes para as colônias foram na condição de servos<br />
por contrato.<br />
A servidão branca também ocorreu contra a vontade<br />
dos indivíduos. Nas próprias colônias muitos foram<br />
forçados a se tornar servos para não ser presos por<br />
dívidas ou então porque haviam sido condenados por<br />
delitos, como o furto e o desemprego ilegal. A servidão<br />
involuntária também foi imposta às “vítimas do rapto,<br />
geralmente as crianças de famílias muito pobres, e de<br />
condenados britânicos poupados à morte ou a sentenças<br />
muito longas de prisão (…) durante sete a quatorze anos,<br />
alguns por toda a vida”.<br />
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