2. O Pé Diabético e sua PrevençãoOs problemas dos membros inferiores nos diabéticos foram, no passado, pordiversas vezes referidos como “a complicação esquecida” relativamente às outrascomplicações da doença. Na última década foi feito muito progresso no entendimentodos problemas do pé relacionados com a diabetes, como aliás se evi<strong>de</strong>ncia pelo aumentoque ocorreu no número <strong>de</strong> publicações, simpósios e apresentações referentes a esteassunto. Infelizmente, muito <strong>de</strong>ste novo conhecimento ainda não foi a<strong>de</strong>quadamentetraduzido para a prática clínica (Ulbrecht et al., 2004).Estes problemas do pé diabético ocorrem em indivíduos acometidos pela diabetesquer do tipo 1, quer do tipo 2. São mais frequentes nos homens, indivíduos <strong>de</strong> classesocioeconómica baixa e em pacientes com mais <strong>de</strong> 60 anos (Rathur & Boulton, 2007;Watkins, 2003).Classicamente, são <strong>de</strong>finidos três tipos <strong>de</strong> pés: o pé neuropático, o pé isquémico eo pé neuroisquémico, sendo portanto consi<strong>de</strong>rado que as principais responsáveis peloaparecimento <strong>de</strong> complicações ao nível do pé são a neuropatia e a isquémia (Revilla etal., 2007; Watkins, 2003).Foi em 1956 que Oakley estabeleceu que o pé diabético ocorria comoconsequência <strong>de</strong> doença vascular, neuropatia e infecção. Mais recentemente, outrascausas como os factores psicossociais e as anormalida<strong>de</strong>s na distribuição das pressõesplantares foram também reconhecidas como estando implicadas nesta complicação dadiabetes (Rathur & Boulton, 2007).20
O termo “pé diabético”, no entanto, abrange um conjunto <strong>de</strong> patologias incluindoa neuropatia diabética, a doença vascular periférica, a neuroartropatia <strong>de</strong> Charcot, ainfecção, a ulceração e a potencialmente prevenível consequência final que consiste naamputação (An<strong>de</strong>rsen & Roukis, 2007; Rathur & Boulton, 2007).Mais <strong>de</strong> 50% das amputações efectuadas ao nível do membro inferior, são <strong>de</strong>vidasà diabetes (Ulbrecht et al., 2004). De facto, esta é a patologia que mais frequentementese associa à amputação não traumática do membro inferior, ocorrendo esta complicaçãocerca <strong>de</strong> 10 a 30 vezes mais nos diabéticos que na restante população, e estas são duasvezes mais frequentes nos homens que nas mulheres afectadas pela diabetes (Bowering,2001; Gómez et al., 2007; Singh et al., 2005).Como já referido, cinco anos após a amputação <strong>de</strong> uma extremida<strong>de</strong> inferior, aocorrência <strong>de</strong> uma nova úlcera ou <strong>de</strong> amputação contralateral verifica-se em mais <strong>de</strong>meta<strong>de</strong> dos pacientes. A sobrevida dos diabéticos amputados é significativamentemenor que a do resto da população. Apenas 50 e 40% dos pacientes sobrevivem 3 e 5anos após uma amputação, respectivamente, e o prognóstico diminui à medida que estase realiza a um nível mais proximal (Gómez et al., 2007; Serra, 1996).Segundo a perspectiva dos pacientes, a amputação do membro inferior, comoconsequência das alterações da diabetes, consiste numa das complicações mais temidas<strong>de</strong>sta doença (Bowering, 2001).A compreensão da etiopatogenia da ulceração é essencial <strong>de</strong> forma a permitir ummaior sucesso na redução da incidência das úlceras do pé e em última instância daamputação (Rathur & Boulton, 2007). De facto, a maioria das amputações, mais <strong>de</strong>85%, são precedidas <strong>de</strong> úlceras que não cicatrizam. Por outro lado, dos pacientesdiabéticos com úlcera do pé, 14 a 20% dos casos requerem amputação (Bowering, 2001;21
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A diabetes confere um risco elevado
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BibliografiaAndersen, C. A. & Rouki
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Serra, L. M. A. 1996, O Pé Diabét