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Prosa - Academia Brasileira de Letras

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João Roberto Fariasensata, mais natural, e <strong>de</strong> iniciativa moralizadora e civilizadora” 2 . No mesmotexto, critica o “<strong>de</strong>sfecho sanguinolento” e “nada conforme com o gosto dramáticomo<strong>de</strong>rno” do drama Cobé, <strong>de</strong> Joaquim Manuel <strong>de</strong> Macedo, representadono Teatro S. Pedro <strong>de</strong> Alcântara, evi<strong>de</strong>nciando assim a sua inclinação pelorepertório realista.O que nesse momento seduziu Machado e os intelectuais <strong>de</strong> sua geração foia idéia <strong>de</strong> que o teatro, mais que entretenimento ou mero passatempo das massas,podia ser uma forma <strong>de</strong> arte útil para a socieda<strong>de</strong>. Dizia, então:“O teatro é para o povo o que o Coro era para o antigo teatro grego; uma iniciativa<strong>de</strong> moral e civilização. Ora, não se po<strong>de</strong> moralizar fatos <strong>de</strong> pura abstraçãoem proveito das socieda<strong>de</strong>s; a arte não <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>svairar-se no doido infinitodas concepções i<strong>de</strong>ais, mas i<strong>de</strong>ntificar-se com o fundo das massas; copiar,acompanhar o povo em seus diferentes movimentos, nos vários modose transformações da sua ativida<strong>de</strong>.Copiar a civilização existente e adicionar-lhe uma partícula é uma dasforças mais produtivas com que conta a socieda<strong>de</strong> em sua marcha <strong>de</strong> progressoascen<strong>de</strong>nte.Assim os <strong>de</strong>svios <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> transição lá vão passando e à artemo<strong>de</strong>rna toca corrigi-la <strong>de</strong> todo”. 3Machado compara o teatro à imprensa e à tribuna, que são “os outros doismeios <strong>de</strong> proclamação e educação pública”. O tom enfático <strong>de</strong> um dos seus folhetinsrevela o jovem que acredita nas instituições e no po<strong>de</strong>r transformador dapalavra, quando empregada convenientemente. O aspecto político <strong>de</strong> seus argumentosaparece claramente em uma das suas proposições <strong>de</strong> nítido corte liberal:“No país em que o jornal, a tribuna e o teatro tiverem um <strong>de</strong>senvolvimentoconveniente – as caligens cairão aos olhos das massas; morreráo privilégio, obra da noite e da sombra; e as castas superiores da socie-2 Machado <strong>de</strong> Assis, Crítica Teatral, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Jackson, vol. 30, 1950, p. 30.3 I<strong>de</strong>m, p. 10.156

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