13.07.2015 Views

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Machado <strong>de</strong> Assis: dulcíssimo poeta?“Nota-se porventura aqui e ali algum verso <strong>de</strong>scuidado, um não sei que<strong>de</strong> incompleto, que a crítica severa po<strong>de</strong>rá perceber, não sendo, porém, fácilprecisar o ponto falho.(...) Machado <strong>de</strong> Assis é poeta, tradutor <strong>de</strong> primeiraforça, e aqueles que alguma vez se <strong>de</strong>ram ao trabalho <strong>de</strong> tal or<strong>de</strong>m sabem asdificulda<strong>de</strong>s que se tem <strong>de</strong> vencer.” 3Sobre o poema “As ondinas”, Amaral chega a perguntar: “Dize-me: já lestealguma cousa <strong>de</strong> mais mimoso e suave?” É a esse ponto que precisamos darmaior <strong>de</strong>staque: a posição <strong>de</strong> poeta doce e mimoso que vai se consolidando,por parte da crítica, relacionada ao poeta Machado <strong>de</strong> Assis.Em outubro do mesmo ano, outro artigo, <strong>de</strong>sta vez <strong>de</strong> F.T. Leitão, partilhada mesma <strong>de</strong>cepção quanto às Crisálidas, julgando os poemas como produçõesaquém do talento machadiano:“O cantor <strong>de</strong> ‘Corina, tomando em consi<strong>de</strong>ração o quanto <strong>de</strong>ixamos manifestado,há <strong>de</strong> fazer-nos justiça não nos <strong>de</strong>nominando rigorosos em relaçãoao seu pródomo poético. Esperávamos mais, muito mais, do seu já conhecidotalento, e não tendo o volume satisfeito a nossa expectativa, semdúvida alguma cumpria-nos mostrar os sentimentos que possuímos poresse fato.” 4À parte o prefácio elogioso, em extremo, <strong>de</strong> Caetano Filgueiras, faltarampalavras <strong>de</strong> incentivo ao jovem Machadinho. A crítica foi mais ru<strong>de</strong> principalmentena questão da forma, tachando os versos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scuidados. O prefácio<strong>de</strong> Crisálidas, que também foi alvo da crítica, já trazia uma visão do livro<strong>de</strong> Machado como uma produção cercada <strong>de</strong> doçura e <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za. Filgueiras,já quase no final da apresentação, mostra-nos o livro e o jovem escritor da seguinteforma: “o livro que i<strong>de</strong>s percorrer é flor mimosa <strong>de</strong> nossa literatura e3 I<strong>de</strong>m.4 LEITÃO, F.T. (outubro <strong>de</strong> 1864). O presente artigo foi publicado na Revista Mensal da Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>Ensaios Literários – Rio <strong>de</strong> Janeiro, n. 10, <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1866, pp. 378-84.187

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!