13.07.2015 Views

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Chika Takedaque o Japão manteve com a Coréia naquela época nos seus quatro romances(Então [Sorekara, 1909], Portão [Mon, 1910], Kojin [1912], Coração [Kokoro,1914]). 2 Procedimento idêntico po<strong>de</strong> ser notado nos romances <strong>de</strong> Machado<strong>de</strong> Assis. Por exemplo, Memórias Póstumas <strong>de</strong> Brás Cubas, que geralmente é lidocomo um romance que <strong>de</strong>screve comunida<strong>de</strong>s humanas violentas regidaspela lei do mais forte, ganhará outra dimensão, se consi<strong>de</strong>rarmos o protagonistacomo representante do Brasil – e também dos outros países latino-americanos,<strong>de</strong>svairados por um monstro chamado imperialismo. O imperialismodo século XIX, que nasceu no Oci<strong>de</strong>nte com a guerra napoleônica, seespalhou pelo mundo inteiro, engolindo várias regiões que até então não tinhamsido incorporadas pela re<strong>de</strong> <strong>de</strong> comércio internacional. Possuía forte capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> contaminação: o não-Oci<strong>de</strong>nte, uma vez atingido por ele, paranão ser sua vítima, não tinha outro remédio senão interiorizá-lo e adotar as mesmaspráticas <strong>de</strong> dominação <strong>de</strong> outras regiões. Memórias Póstumas <strong>de</strong> Brás Cubas espelhaessa ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> barbarida<strong>de</strong> que se alastrou pelo globo. O episódio <strong>de</strong> Prudêncio,que adquiriu um escravo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> liberto e o espancou como se quisessese <strong>de</strong>sfazer das pancadas recebidas, transmitindo-lhas, resume bem esse ato.Assim, os dois <strong>de</strong>screveram nas suas obras situações históricas semelhantes <strong>de</strong>seus países naquela época, particularmente no sentido internacional. E o ato,para quem tinha razão, era imperdoável. Machado e Sôseki o teriam feito movidospor forte espírito crítico. O mesmo tipo <strong>de</strong> leitura po<strong>de</strong> ser aplicado aosoutros quatro romances da segunda fase <strong>de</strong> Machado. 32 Estes estudos se encontram em SHIBATA, Shoji. “O império” <strong>de</strong> Sôseki. Tóquio: Kanrin-shobo, 2006.3 As análises dos romances machadianos constam nos seguintes artigos: “Um estudo sobre Sofia, <strong>de</strong>Quincas Borba” (Area and Cultural Studies 65, Tóquio: Tokyo University of Foreign Studies, 2003); “Aprofecia <strong>de</strong> Ezequiel, Dom Casmurro como romance alegórico” (Trans-cultural Studies, v. 7. TokyoUniversity of Foreign Studies, 2004); “Machado <strong>de</strong> Assis e a Guerra do Paraguai” (Tóquio: Area andCultural Studies 69, Tóquio: Tokyo University of Foreign Studies, 2004); “Um antimito <strong>de</strong>dicado àmo<strong>de</strong>rna nação brasileira – uma tentativa <strong>de</strong> leitura alegórica <strong>de</strong> Esaú e Jacó (Area and Cultural Studies 70,Tóquio: Tokyo University of Foreign Studies, 2005). “Elegia melancólica – Um estudo sobre aleitura alegórica <strong>de</strong> Memorial <strong>de</strong> Aires” (Area and Cultural Studies 72, Tóquio: Tokyo University of ForeignStudies, 2006). Todos foram escritos em língua japonesa.230

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!