13.07.2015 Views

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Murilo Melo FilhoFoi o poeta romântico <strong>de</strong> Crisálidas e Falenas, no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Álvares <strong>de</strong> Azevedo,Gonçalves <strong>de</strong> Magalhães e Castro Alves. Foi o indianista <strong>de</strong> Americanas, àmoda <strong>de</strong> Gonçalves Dias e José <strong>de</strong> Alencar. E foi o parnasiano <strong>de</strong> Oci<strong>de</strong>ntais, nomol<strong>de</strong> <strong>de</strong> Raimundo Correia, Olavo Bilac e Alberto <strong>de</strong> Oliveira, com um total<strong>de</strong> 278 poemas e <strong>de</strong> 21 mil versos.Costuma-se afirmar, com certa levianda<strong>de</strong>, que geralmente um gran<strong>de</strong> prosadornunca é um bom poeta. Não foi este evi<strong>de</strong>ntemente o caso <strong>de</strong> Machado,um polígrafo e um homem <strong>de</strong> letras na sua globalida<strong>de</strong>: cronista, crítico, romancista,tradutor, jornalista, teatrólogo, ensaísta e poeta. Nele, é humanamenteimpossível diferençar e dissociar um do outro.Embora reconhecendo a existência <strong>de</strong> um preconceito contra o poeta que se<strong>de</strong>dica à ficção e ao mesmo tempo contra o ficcionista voltado para a poesia,Mario Chamie sustenta que um gênio da palavra, como Machado <strong>de</strong> Assis, nosensina que a literatura <strong>de</strong> um autor é uma unida<strong>de</strong> escrita e unida. Não se po<strong>de</strong>ver nele o cronista longe do romancista; o crítico distanciado do ensaísta; e opoeta separado do teatrólogo.Lúcia Miguel Pereira diz que, como ninguém, Machado se prestou a ser estereotipado.Ficou conhecido como “o homem da porta da Garnier”, conversadorsóbrio e malicioso, hábil em pequenas frases-fórmula, logo recolhidascom sorrisos cheios <strong>de</strong> finura por ouvintes obrigatoriamente boquiabertos; ficousendo “o homem da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>de</strong> <strong>Letras</strong>”, formalista, conservador, queprocurou oficializar a literatura e transportá-la dos cafés para os salões fechados;ficou sendo “o humorista sutil”, êmulo indígena dos mestres ingleses,para gáudio dos nacionalistas com pruridos literários; ficou sendo “o burocrataperfeito”, aferrado aos regulamentos, às horas certas; “o marido i<strong>de</strong>al”, obom burguês caseiro e indulgente; “o absenteísta”, que jamais quis se preocuparcom política e que, sem maior interesse, acompanhou as batalhas da Aboliçãoe da República.36

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!