13.07.2015 Views

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Narradores do ocaso da monarquiadico criado pelos irmãos Carlos e Henrique Fleuiss. Ele tinha longa experiência<strong>de</strong> colaboração com os irmãos Fleuiss na Semana Illustrada, o periódico anterioreditado por eles, que alcançou sucesso e longevida<strong>de</strong> na Corte, aparecendoininterruptamente entre 1860 e 1876 (Machado colaborara, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1869, nasérie coletiva “Badaladas”, assinadas por “Dr. Semana”). A idéia dos Fleiussera produzir uma publicação esmerada, capaz <strong>de</strong> fazer boa figura em relação asuas congêneres editadas no exterior, para promover assim as gran<strong>de</strong>zas e glóriasdo Império brasileiro. Quanto à política, bem ao contrário do Diário queacabamos <strong>de</strong> abordar, seu lema era “in<strong>de</strong>pendência e verda<strong>de</strong>”, o que significavadizer que professava não <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r “idéias nem sentimentos exclusivos <strong>de</strong> algumpartido”. Os textos <strong>de</strong> Machado na série, num total <strong>de</strong> 40, sempre assinadospor “Manassés”, apareceram em todos os números da revista. A única modificaçãoda série em todo o período <strong>de</strong> sua publicação foi o título, que passoua ser “História <strong>de</strong> Trinta Dias” a partir <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1878, mas isto apenasporque o periódico entrara em crise e mudara a sua periodicida<strong>de</strong>, vindo <strong>de</strong>fato a <strong>de</strong>saparecer em abril daquele ano. 8Comecemos por algumas hipóteses sobre o sentido das escolhas do títuloda série e do apelido <strong>de</strong> seu narrador-personagem. Por um lado, o vocábulo“História” parecia ancorar esses textos numa <strong>de</strong>finição clássica <strong>de</strong> crônica, quese referia na verda<strong>de</strong> a outro gênero narrativo, o dos antigos cronistas dos séculosXV e XVI empenhados em fazer o registro ou a narração supostamenteisenta dos fatos, assemelhando-se assim à concepção <strong>de</strong> História que se tornavape<strong>de</strong>stre no século XIX. Ao chamar <strong>de</strong> “História” o que era crônica, o narradorbuscava já <strong>de</strong> início dar a seus textos uma certa elevação, pois que lhesconferia a aura <strong>de</strong> objetivida<strong>de</strong> pertinente à pretensão da própria Illustração <strong>Brasileira</strong><strong>de</strong> promover as virtu<strong>de</strong>s e a afirmação da nacionalida<strong>de</strong> brasileira. Poroutro lado, o embuço encobria mal uma outra <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> crônica, esta simcorrente e praticada à época, até mesmo por outros luminares da literatura8 Para as informações sobre esta série e sua interpretação, baseamo-nos na introdução crítica e nascrônicas anotadas por Pereira, Leonardo Affonso <strong>de</strong> Miranda, Machado <strong>de</strong> Assis: História <strong>de</strong> QuinzeDias/História <strong>de</strong> Trinta dias, volume em preparação, a ser publicado pela Editora da UNICAMP.297

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!