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Prosa - Academia Brasileira de Letras

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Flávia Vieira da Silva do AmparoO que haveria <strong>de</strong> novo no artigo <strong>de</strong> Veríssimo? Talvez a tentativa <strong>de</strong> comprovara existência dos fenômenos <strong>de</strong>stacados por outros críticos e <strong>de</strong> mostrarque não eram <strong>de</strong>feitos, mas “efeitos” do estilo machadiano. Procurando explicaçõespara essas tendências <strong>de</strong> Machado, Veríssimo buscava a motivação poéticado escritor:“Como poeta, não foi propriamente romântico, nem propriamente parnasiano,nem propriamente naturalista, e foi simultaneamente tudo istojunto. A cada tendência artística, a cada forma estética, colheu discretamentedas flores da beleza que produziram a que se casava com o seu temperamento,usou-lhe sobriamente o perfume, obtendo da sua mistura um novoaroma, <strong>de</strong>licado e mo<strong>de</strong>sto.” 26De fato, a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> encaixar Machado num estilo é evi<strong>de</strong>nte, mesmoquando se trata <strong>de</strong> sua poesia. Pouco sentimental, em face dos <strong>de</strong>rramamentoslíricos dos românticos, e <strong>de</strong>licado <strong>de</strong>mais para a frieza dos versos parnasianos,o poeta flutua entre mo<strong>de</strong>los antigos e novos, tanto no que se refere aos temasquanto à métrica e à correção formal. O ponto principal do artigo <strong>de</strong> Veríssimoparece ser o <strong>de</strong>sfecho, quando afirma: “Regalo para outros poetas, para intelectuais,gozo para espíritos literários e para refinados, não satisfará talvez osque não o forem. É para mim o seu <strong>de</strong>feito capital; o poeta lhe achará porventuraa sua principal virtu<strong>de</strong>... E ambos talvez tenhamos razão...” 27A conclusão a que se chega é a <strong>de</strong> que Machado não escrevia para o leitorcomum, para as massas, mas para um público seleto <strong>de</strong> intelectuais e espíritosliterários. Talvez seja a reafirmação do título <strong>de</strong> poeta “cosmopolita”, que jáhavíamos apontado anteriormente. Os críticos atribuíam a Machado um estilo“estranho”, e apontavam poemas cuja temática estava mais voltada para a literaturaestrangeira do que para a nacional, e mais afeita aos paladares apuradosdo que à simplicida<strong>de</strong> do povo.26 I<strong>de</strong>m. p. 24827 I<strong>de</strong>m. p. 252.206

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