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Prosa - Academia Brasileira de Letras

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Recepção crítica à poesia <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> AssisA censura ao ateísmo <strong>de</strong> Machado não é inteiramente válida. Ele apenas nãoprofessou um credo, não aceitou dogmas. Como homem, cético, duvidava.Como poeta, sentia a presença <strong>de</strong> Deus, criador do universo e dos homens.Machado escreveu também versos encomiásticos, como quase todos os poetasdos séculos XVIII e XIX. São exemplos “O soneto a S.M. o Imperador, oSenhor D. Pedro II”, poemas às artistas Mme <strong>de</strong> la Grange, Arsène ChartonDemeur, a um proscrito, a Camões, a Pombal, a Mont’Alverne, a José <strong>de</strong> Alencare a muitíssimas outras figuras do mundo cultural e político. São versos <strong>de</strong>circunstância, <strong>de</strong> homenagem, que em nada diminuem o poeta. Mo<strong>de</strong>rnamente,Manuel Ban<strong>de</strong>ira, com Mafuá do Malungo, e Carlos Drummond <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>com Viola <strong>de</strong> Bolso, praticaram com talento e graça versos <strong>de</strong> ocasião. E nem énecessário citar poemas como o réquiem consagratório <strong>de</strong> Mallarmé, “Le tombeaud’Edgar Poe”, ou versos <strong>de</strong> circunstância como “Vers pour le portrait <strong>de</strong> M. HonoréDaumier”, <strong>de</strong> Bau<strong>de</strong>laire.Machado também escreveu na Gazeta <strong>de</strong> Notícias 48 crônicas em verso, intituladas“Gazetas <strong>de</strong> Holanda”, que captavam instantâneos do cotidiano, com oolhar atento para os faits divers, as modas, os acontecimentos pitorescos dodia-a-dia fluminense, os fatos do mundo da política e da economia, como muitobem analisou dois <strong>de</strong>sses versiprosas o economista Gustavo Franco, em seu livroA Economia em Machado <strong>de</strong> Assis.Machado poetou durante mais <strong>de</strong> 40 anos, abrangendo, como dissemos,uma impressionante diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> temas, aproveitando os mais variados tipos<strong>de</strong> composição e <strong>de</strong> técnicas poéticas.No entanto, uma corrente crítica, iniciada por Sílvio Romero, repete, semmaiores pesquisas, que Machado escreveu uma poesia sem emoção. MúcioTeixeira seguiu a trilha aberta por Romero em trabalho estampado no Jornal doBrasil, em 1901, quando da publicação das Poesias Completas. Em seu veredicto,Teixeira con<strong>de</strong>na o poeta:“A verda<strong>de</strong>, porém, é esta: há no Sr. Machado <strong>de</strong> Assis um bom prosadora amparar um medíocre poeta, ou para melhor dizer, um correto versejador.255

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