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F&N #201

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PÁGINA ABERTA<br />

deria recorrer também às empresas<br />

especializadas. O que aconteceu, dito<br />

por especialistas de empresas de fiscalização<br />

e auditoria, é que as decisões<br />

foram tomadas à revelia daqueles<br />

que tecnicamente dominavam os<br />

dossiers e têm elementos técnicos<br />

que poderiam levar a maior ponderação<br />

quanto à eficácia, qualidade,<br />

oportunidade e preço.<br />

F&N: Angola está a receber assistência<br />

do FMI que antes foi tão<br />

criticado...<br />

L.H.: Concordo em absoluto com<br />

esta decisão, não tenho dúvidas a<br />

respeito.<br />

F&N: É uma medida que peca<br />

por atraso?<br />

L.H.: É um processo, já tivemos o<br />

apoio do FMI e depois recuámos mas<br />

esta fase que o país enfrenta, para<br />

estimular a confiança dos cidadãos e<br />

dos investidores e, de uma maneira<br />

geral, dos cidadãos no crescimento<br />

e desenvolvimento do país, entendo<br />

que o FMI pode ter um papel preponderante,<br />

não apenas pelo empréstimo<br />

que é feito mas pela assistência<br />

técnica. Não apenas o FMI mas<br />

também o Banco Mundial e de uma<br />

maneira geral as instituições financeiras<br />

internacionais, incluindo as<br />

de Bretton Woods, que estão a emprestar<br />

dinheiro. Estas instituições<br />

demonstram que estão a acompanhar<br />

o modo de implementação dos<br />

programas económicos do governo,<br />

o que transmite confiança; um sinal<br />

não só para nós, mas também para<br />

os investidores estrangeiros que<br />

queiram vir para o país. Claro que há<br />

questões que têm que ser resolvidas.<br />

Volto a insistir na tónica institucional,<br />

toda a administração do país e a<br />

atitude das pessoas; temos que avaliar<br />

qual é a participação de cada um<br />

neste processo de reforma e restruturação<br />

nacional.<br />

F&N: Que perspectivas económicas<br />

para Angola até o final deste<br />

ano e o início do próximo?<br />

L.H.: As perspectivas continuam<br />

a não ser muito boas porque as políticas<br />

que estão a ser implementadas<br />

só terão efeitos com reacção positiva<br />

de todos os actores da sociedade<br />

e isso demora tempo. Mas acho que<br />

estamos no caminho certo e vamos<br />

ter bons resultados. Estão em curso<br />

operações para moralizar a sociedade<br />

e assim com carácter, com honestidade<br />

e vontade podemos mudar o<br />

quadro actual.<br />

F&N: Focou várias vezes ao<br />

longo da entrevista a questão da<br />

agricultura. É extremamente importante<br />

que haja um investimento<br />

neste sector?<br />

L.H.: Sem dúvidas, agora com<br />

uma política de concessão de subsídios<br />

para empregos para a juventude,<br />

não só subsídios internos, foram<br />

adjudicados, creio eu, 21 mil milhões<br />

de Kwanzas para o emprego dos jovens;<br />

tem que se discutir muito bem,<br />

tem que se avaliar muito bem como<br />

desenhar os programas onde estes<br />

valores serão aplicados assim como<br />

valores de investidores estrangeiros<br />

ou instituições estrangeiras como o<br />

Banco Mundial. É preciso que sejam<br />

desenhados programas específicos<br />

em harmonia com o Plano de Desenvolvimento<br />

Nacional e com os 83<br />

programas deste plano de desenvolvimento.<br />

Sobretudo, não podem ser<br />

decisões centrais apenas, tem que<br />

haver um processo decisório que engaje,<br />

inclua todos os que vão ser beneficiários<br />

e que têm que participar. O<br />

sentido patriótico tem que prevalecer.<br />

“<br />

Não sei se o IVA vai<br />

realmente servir de incentivo<br />

e de canal obrigatório<br />

para que as empresas que<br />

estão em condições económicas<br />

difíceis consigam<br />

responder positivamente,<br />

no imediato. Esta questão<br />

tem que ser analisada<br />

pelos especialistas, têm<br />

que ser feitos mais debates<br />

que envolvam as empresas,<br />

as grandes e as pequenas<br />

empresas<br />

“<br />

F&N: O mundo está mergulhado<br />

numa profunda crise económica<br />

que já dura anos. Vislumbra-se<br />

já uma saída deste problema?<br />

L.H.: A crise é muito grande<br />

e deve-se muito à forma como os<br />

bancos centrais têm actuado a nível<br />

do mundo inteiro. Para corrigir as<br />

formas de actuação será necessário<br />

reflectir nos níveis de consumo<br />

e de investimento. Tem que haver<br />

uma retracção na forma como os<br />

bancos se têm permitido alargar o<br />

endividamento que é imenso. Há<br />

que garantir concertação entre os<br />

diferentes actores públicos com o<br />

sector privado e as organizações da<br />

sociedade civil, até a nível das instituições<br />

financeiras mundiais, mas,<br />

naturalmente, é muito difícil uma<br />

decisão conjunta desta natureza<br />

porque cada um quer defender os<br />

seus interesses.<br />

Figuras&Negócios - Nº 201 - JUNHO 2019 13

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