F&N #201
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MUNDO<br />
A<br />
dimensão económica<br />
e populacional não é a<br />
de Portugal ou da Grécia,<br />
mas poderá ser o<br />
primeiro dos grandes<br />
estados a conhecer<br />
castigos do bloco. O ministro italiano<br />
das Finanças tenta evitar as sanções<br />
e garante a vontade de cumprir a<br />
meta do défice orçamental. Giovanni<br />
Tria diz que vão ser cortadas despesas,<br />
preferencialmente à subida das<br />
taxas dos impostos.<br />
A desaceleração da economia<br />
transalpina, em 2018, tramou as<br />
contas. Agora, Itália promete redução<br />
da despesa, incluindo em matéria<br />
social. Para 2020, Giovanni Tria<br />
promete um défice de 2,1% do produto<br />
interno bruto.<br />
As garantias de Giovanni Tria<br />
aconteceram em Londres, numa reunião<br />
com vários responsáveis de instituições<br />
financeiras e banqueiros, a<br />
19 de Junho. Porém, dias antes, a 14,<br />
na reunião do Eurogrupo, o ministro<br />
italiano tinha garantido que Itália<br />
não precisa de medidas para baixar<br />
a sua dívida.<br />
Os parceiros do Euro querem que<br />
Itália cumpra as regras, sob pena do<br />
sistema tremer mais e criar mais<br />
impactos na economia do bloco. Os<br />
governantes tentam travar a vontade<br />
da Comissão Europeia em abrir um<br />
procedimento por défice excessivo –<br />
proposta apresentada a 5 de Junho.<br />
Porém, não abdicam do esforço que<br />
o país terá de realizar.<br />
O executivo de Bruxelas admite<br />
mesmo que a dívida italiana pode<br />
agravar-se. Em 2018 situou-se em<br />
132,2% do PIB. As previsões da Comissão<br />
estabelecem 133,7%, neste<br />
ano, e 135,5, para 2020. O limite situa-se<br />
em 60%. Sinal desse caminho<br />
negativo foi o agravamento em Abril,<br />
atingindo 2,373 biliões de euros.<br />
Entre os conselhos, a Comissão<br />
recomenda acções que actuem face<br />
a fuga ao fisco, no combate à corrupção<br />
e para a resolução do crédito<br />
malparado.<br />
Por seu turno, o primeiro-ministro<br />
italiano garante o cumprimento<br />
das regras, mas pretende a alteração<br />
de alguns aspectos. Giuseppe Conte<br />
pretende a criação de novos mecanismos<br />
para a estabilidade e o crescimento,<br />
além de mexidas na partilha<br />
dos riscos.<br />
O FMI prevê que, em caso de se<br />
confirmarem os piores receios na<br />
UE, a Zona Euro viva um período<br />
considerável com fraco crescimento<br />
e fraca taxa de inflação.<br />
Inflação não dispara - O comportamento<br />
da inflação na Zona Euro<br />
continua a desiludir. Devido à progressão<br />
abaixo do objectivo de 2%,<br />
o Banco Central Europeu prepara-se<br />
para apresentar incentivos ao crescimento<br />
económico. Os dois dos medicamentos<br />
são antigos: cortes nas taxas<br />
de juro e voltar a comprar dívida.<br />
Sergio Mattarella, Presidente da Itália<br />
O FMI prevê que a Zona Euro<br />
apresente um maior crescimento no<br />
final deste ano mas, caso os riscos se<br />
materializem, o fundo conta com um<br />
período prolongado de baixo crescimento<br />
e baixa inflação.<br />
A Markit, agência de informação<br />
económica e financeira, revelou previsões<br />
sobre a União Europeia, relativa<br />
a Maio. Embora positivas, não<br />
são completamente animadoras. As<br />
economias da Alemanha e de França<br />
mostraram-se positivas. Mas Itália<br />
está em recessão ligeira. As previsões<br />
apontam para um crescimento<br />
débil da Zona Euro, em 2019.<br />
Os elementos apurados indicam<br />
que, no primeiro trimestre, a economia<br />
europeia cresceu 0,2%. Uma desaceleração<br />
face aos três meses anteriores,<br />
que registaram uma subida<br />
de 0,4%. Todavia, a agência assume<br />
que ainda não tem a totalidade dos<br />
dados de Junho.<br />
Os dados oficiais apontam para<br />
uma melhoria da economia da União<br />
Europeia. O Eurostat anunciou uma<br />
progressão do PIB em 0,4%, nos primeiros<br />
três meses em comparação<br />
com o trimestre anterior. Em comparação<br />
com o período de Janeiro<br />
a Março de 2018, a taxa melhorou<br />
1,5%. Na Zona Euro, a progressão foi<br />
de 0,4%, em cadeia, e de 1,2%, em<br />
período homólogo.<br />
Portugal está acima da média dos<br />
seus parceiros de moeda. Em cadeia,<br />
a economia melhorou 0,5% e, em<br />
termos homólogos, 1,8%. Esta foi a<br />
quarta vez consecutiva que consegue<br />
melhor desempenho.<br />
Outra notícia negativa pode vir<br />
da Alemanha. O Deutsche Bank prepara-se<br />
para uma grande reestruturação,<br />
devido a activos tóxicos calculados<br />
em cerca de 50 mil milhões de<br />
euros, representado perto de 14%<br />
das contas da instituição.<br />
O The Financial Times adianta<br />
que a constituição dum «banco mau»<br />
pode ser a solução a apresentar, a<br />
quando da divulgação dos resultados<br />
do primeiro semestre, que deverá<br />
acontecer a 24 de Julho.<br />
Esta é uma possível consequência<br />
pelo falhanço da fusão com o<br />
Commerzbank, que criaria o terceiro<br />
maior banco da União Europeia. Os<br />
problemas do Deutsche Bank têm<br />
um impacto real, uma vez que é o<br />
terceiro maior da Zona Euro, o sétimo<br />
da UE e 14º do mundo, segundo<br />
a agência Bloomberg.<br />
Figuras&Negócios - Nº 201 - JUNHO 2019 65