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F&N #201

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MUNDO<br />

Boris Johnson garante que não vai pagar,<br />

mas não aceita o encerramento da<br />

fronteira irlandesa.<br />

Alguns dos ainda parceiros revelaram<br />

planos de como tencionam agir<br />

no caso de não haver acordo. Os países<br />

podem travar, nas suas fronteiras,<br />

viajantes em trânsito, antecipando a<br />

recusa das autoridades do destino –<br />

o que poupa trabalho e reduz custos.<br />

Esse controlo precoce irá deixar de<br />

acontecer. França foi clara ao dizer que<br />

não impossibilitará de seguir viagem<br />

quem pretenda chegar ao Reino Unido<br />

– seja qual for o meio de transporte.<br />

Theresa May saiu de cena – literalmente<br />

em lágrimas –, derrotada sucessivamente<br />

no Parlamento e no seu<br />

próprio partido. Pode dizer-se que,<br />

parcialmente, foi responsável por isso.<br />

Embora apoiante da manutenção do<br />

país na UE, esteve discreta na campanha<br />

para o referendo, esperando que<br />

os britânicos escolhessem ficar, mas<br />

houvesse uma minoria que assustasse<br />

os parceiros.<br />

A primeira-ministra deposta tentou<br />

ter opositores à manutenção no seu<br />

Governo, como Boris Johnson, mas não<br />

resultou. A maior algazarra foi desse<br />

seu secretário de Estado dos Assuntos<br />

Exteriores, que deixou o cargo em Julho<br />

de 2018 e que agora lhe sucede.<br />

As questões da Escócia e do Ulster<br />

- A Escócia votou pela manutenção<br />

do país na UE e pode ser o maior problema<br />

político interno de Boris Johnson,<br />

que o Partido Nacionalista Escocês<br />

acusa de ser racista. Em 2014, os<br />

escoceses escolheram ficar no Reino<br />

Unido. O Brexit traz de volta o debate<br />

sobre a independência do Norte da<br />

Grã-Bretanha.<br />

Uma parte do problema da Irlanda<br />

do Norte é o Partido Democrático<br />

Unionista, altamente conservador e<br />

nacionalista, e que sustenta, no Parlamento<br />

britânico, o Governo do Partido<br />

Conservador. A situação é delicada,<br />

uma vez que esta força contesta o<br />

acordo de paz, entre a República da<br />

Irlanda e da Irlanda do Norte, e o referendo<br />

que o aprovou, em 1998.<br />

A economia é outra das dores de<br />

cabeça do sucessor de Theresa May.<br />

As previsões económicas não são animadoras.<br />

Instituições financeiras ponderam<br />

a saída. Esperam-se efeitos no<br />

turismo. A indústria deverá recuar. O<br />

país estremece e a cotação da conservadora<br />

libra será desestabilizada.<br />

Trump com Johnson - Em visita<br />

ao Reino Unido – entre 3 e 5 de Junho<br />

–, Donald Trump não escondeu de que<br />

lado está, assumindo uma indelicadeza<br />

diplomática ímpar, imiscuindo-se<br />

na política interna. Permitiu-se manifestar<br />

o seu apoio à saída sem acordo<br />

e sem pagar.<br />

“<br />

Theresa May saiu de<br />

cena – literalmente em lágrimas<br />

–, derrotada sucessivamente<br />

no Parlamento<br />

e no seu próprio partido.<br />

Pode dizer-se que, parcialmente,<br />

foi responsável<br />

por isso<br />

“<br />

Foi a situação mais grave, mas não<br />

a única deselegância, durante a visita,<br />

incluindo com a rainha Isabel II e a<br />

família real. Aliás, chegou a ser insultuoso<br />

com o actual edil da Área Metropolitana<br />

de Londres, o muçulmano Sadiq<br />

Kahn – o trabalhista que, em 2016,<br />

derrotou Boris Johnson, anterior res-<br />

ponsável do cargo.<br />

O presidente dos Estados Unidos<br />

continua sem poupar os adjectivos positivos<br />

às suas ideias. Donald Trump<br />

prometeu um acordo fenomenal, nas<br />

suas próprias palavras, entre o seu<br />

país e o Reino Unido. Mostrou-se ao<br />

lado de Boris Johnson – o que até seria<br />

aceitável, se já fosse o chefe do Governo.<br />

Donald Trump não mostrou só<br />

apoio a Boris Johnson. Reuniu-se e<br />

manifestou grande simpatia por Nigel<br />

Farage, o rosto mais mediático dos<br />

defensores da saída da UE. Populista,<br />

extremista, anti-europeu e xenófobo,<br />

o líder do Partido do Brexit foi apelidado<br />

«bom rapaz», pelo presidente<br />

norte-americano, que defendeu que<br />

deveria estar presente nas negociações<br />

com os 27.<br />

Alargamento adiado - Com o<br />

problema do primeiro abandono do<br />

bloco, os países da UE são obrigados a<br />

repensar o alargamento do espaço comunitário.<br />

As negociações para a adesão<br />

da Albânia e da Macedónia foram<br />

adiadas para Outubro.<br />

Há quem critique a data, por ser<br />

prematura. O Brexit deverá acontecer<br />

até ao final de Outubro e o alargamento<br />

terá de ser debatido ainda sem que<br />

o problema maior da UE esteja resolvido.<br />

Aliás, com o separatista ainda no<br />

bloco.<br />

Em Maio, a Comissão Europeia recomendou<br />

ao Conselho Europeu o início<br />

das conversações para a admissão<br />

desses dois países balcânicos. França e<br />

Holanda mostram-se pouco receptivas<br />

a entradas. Porém, o bloco está dividido<br />

quase a meio.<br />

A lista de candidatos à admissão é<br />

mais vasta e composta por quatro países<br />

dos Balcãs e vítimas de guerra na<br />

passada década de 90: Bósnia-Herzegovina,<br />

Kosovo, Montenegro e Sérvia.<br />

Há ainda a Turquia, a eterna candidata,<br />

recusada sistematicamente devido<br />

questão do Norte de Chipre – que a<br />

opõe à Grécia e ao Chipre independente<br />

– e por problemas de respeito pelos<br />

Direitos Humanos e cujo regime, de<br />

Recep Erdogan, só fecha portas.<br />

Figuras&Negócios - Nº 201 - JUNHO 2019 63

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