F&N #201
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MUNDO<br />
BREXIT<br />
VAI SER<br />
MESMO A DOER<br />
A evolução dos acontecimentos<br />
faz temer o pior<br />
para a questão do Brexit.<br />
Os 27 países ainda parceiros<br />
do Reino Unido<br />
não abrandam as posições,<br />
mas a monarquia<br />
insular tem agora um<br />
primeiro-ministro que<br />
quer a saída e não poupa<br />
afirmações de confronto.<br />
A resolução está marcada<br />
para 31 de Outubro e não<br />
é crível que a data seja<br />
novamente adiada<br />
Texto: João Barbosa / Fotos: Arquivo NET<br />
Boris Johnson, o favorito para ganhar a eleição interna no partido<br />
Conservador para suceder à primeira-Ministra britânica, Theresa May<br />
Boris Johnson, antigo<br />
presidente da Área Metropolitana<br />
de Londres,<br />
é agora o provável primeiro-Ministro<br />
e líder<br />
do Partido Conservador<br />
– no condicional, porque à hora de fecho<br />
desta edição era ainda a hipótese<br />
mais do que esperada. Partiu favorito<br />
e foi ganhando balanço, nas várias rondas<br />
das eleições partidárias, afastando<br />
adversários e até colhendo apoio de<br />
desistentes.<br />
Louro e de penteado esvoaçante<br />
– o que levou a comentários de comparação<br />
com Donald Trump – afirma<br />
que o Reino Unido não vai pagar por<br />
sair da UE. Essa é uma exigência dos<br />
parceiros e que – embora discordando<br />
dos valores pedidos, sobretudo, por<br />
França – Theresa May assumiu aceitar.<br />
O que vem aí é um divórcio litigioso.<br />
Vive-se a incerteza criada por não se<br />
alcançar qualquer acordo. Na verdade,<br />
ninguém sabe as consequências reais<br />
para o Reino Unido, UE e para o mundo.<br />
Coincidente é que vai haver problemas.<br />
Há quem diga «furacão».<br />
Aparentemente, ninguém deseja ao<br />
restabelecimento duma fronteira efectiva<br />
entre a República da Irlanda e o<br />
Ulster, parte do Reino Unido. Seria mau<br />
para a economia das duas partes, mas<br />
as exigências dos 27 são incompatíveis<br />
com as dos britânicos.<br />
O Mercado Único pressupõe a livre<br />
circulação de bens, capitais, serviços e<br />
pessoas. O problema está neste último<br />
ponto – leia-se trabalhadores. A questão<br />
laboral foi central no discurso dos<br />
defensores do Brexit. O Reino Unido<br />
pretende continuar a beneficiar deste<br />
acordo, mas não quer a componente<br />
humana. Contudo, isso é obrigatório<br />
para os ainda parceiros.<br />
É aqui que reside o problema da<br />
fronteira. Ninguém quer portões na<br />
Irlanda, mas isso não pode permitir ao<br />
Reino Unido contornar a questão do<br />
respeito pelos quatro pilares do Mercado<br />
Único. As cancelas estariam abertas<br />
para livre circulação de bens, capitais e<br />
serviços, mas as pessoas poderiam ser<br />
barradas à entrada.<br />
A possibilidade de contornar a<br />
questão da circulação de pessoas é<br />
possível. Para isso, os 27 exigem o pagamento<br />
pela excepção – o valor não<br />
está definido e a «indemnização» pela<br />
saída não respeita apenas a este ponto.<br />
62 Figuras&Negócios - Nº 201 - JUNHO 2019