F&N #201
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Victor Aleixo<br />
victoraleixo12@gmail.com<br />
PONTO<br />
DE ORDEM<br />
NÃO AO TERRORISMO!!<br />
Já não são raras as notícias que dão conta que existem planos lúgubres do<br />
terrorismo islâmico em tentar estender os seus tentáculos a mais alguns<br />
países africanos, desta feita à região austral do continente. Moçambique<br />
terá sido de algum modo alertado com maior incidência para este facto, mas<br />
existem mais estados africanos que já sentiram as consequências macabras<br />
destes planos de terror, que visam, sobretudo, desestabilizar, matar e mutilar<br />
quem não siga as suas doutrinas; actos que, aliás, nada têm a ver com os princípios<br />
plasmados pelos maiores criadores e defensores do Islamismo.<br />
Mas a verdade é que este terrorismo já manchou de sangue, luto e dor a vida de<br />
vários países africanos acima da linha do Equador. Estamos tristemente lembrados<br />
dos massacres perpetrados pelos terroristas no Quênia e numa grande parte dos<br />
países do Sahel, sem nos esquecermos de uma Somália terrivelmente mergulhada no<br />
caos, e da Nigéria, onde o dia a dia de milhares de seres humanos tem sido fustigado<br />
com bombas, raptos e mutilações violentas por parte de um grupo denominado<br />
Boko Haram.<br />
Faz todo o sentido de os governantes angolanos "porem as barbas de molho", pois<br />
o país estabelece uma faixa fronteiriça terrestre e fluvial de milhares de quilómetros<br />
com um dos maiores estados de África - a República Democrática do Congo - assolado<br />
há dezenas de anos por um conflito armado instigado por fundamentalistas de todo<br />
o género, entre os quais alguns grupos armados com uma forte vontade de aliar-se<br />
e sustentar no terrorismo islâmico.<br />
Ao discursar na 73ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, realizada em Nova<br />
Iorque (EUA), a 26 de Setembro de 2018, o Presidente da República de Angola<br />
chamou atenção à ONU para que assuma o seu dever da promoção da paz, numa<br />
altura em que existe uma configuração política do mundo contemporâneo, no qual<br />
os conflitos locais, regionais e intra-estatais representam os principais focos de<br />
tensão internacional e de ameaça à paz.<br />
João Lourenço mostrou-se preocupado com as proporções atingidas pelo<br />
terrorismo internacional, pelo crime organizado transnacional, pela imigração<br />
ilegal, pela xenofobia, pelo tráfico de pessoas humanas e de drogas, e muitos outros<br />
males, que afectam a qualidade de vida dos habitantes do planeta.<br />
É evidente que, neste alerta, fica subjacente um recado para dentro do continente,<br />
sobretudo para a sua região austral , que de forma organizada e fortemente<br />
integrada, pode e deve garantir que os apetites dos terroristas não façam dos nossos<br />
estados mais um palco de intrigas, de ameaças à estabilidade conquistada graças<br />
aos esforços conjuntos dos seus povos, hoje com todas as razões e mais algumas<br />
para prevenir certas "vagas migratórias" susceptíveis de inviabilizar a criação e<br />
consolidação de sociedades pacíficas, equitativas e sustentáveis.<br />
O papel do nosso país tem sido exemplar,pois no seu território não há sinais<br />
de manifestações contra quem professe outras religiões, que não as tradicionais,<br />
existentes há séculos. Aliás, é preciso lembrar que em Angola não existe qualquer<br />
espécie de sentimento anti-religioso pautado no Islamismo. Longe disso. Tanto<br />
mais que, por exemplo, esta religião é professada livremente na maior parte das<br />
províncias do país.<br />
Melhor do que ninguém, têm as autoridades angolanas razões de sobra para<br />
acolher no seu espaço territorial quem professe a religião, desde que seja feita<br />
em nome da paz e da harmonia entre os povos; desde que apele à tolerância e a<br />
liberdade de expressão, princípios consagrados na Constituição da República.<br />
Neste contexto, aqui apela-se igualmente ao papel das organizações regionais,<br />
quer sejam de âmbito político, económico, científico ou cultural. Temos de admitir<br />
que a SADC continua empenhada em garantir que os seus estados-membros<br />
priorizem, sempre, a promoção dos direitos dos homens e mulheres, por forma<br />
a que se possa fazer desta região um belo exemplo de convivência entre todas as<br />
crenças religiosas , na base do respeito e da igualdades entre todos os povos.<br />
Figuras&Negócios - Nº 201 - JUNHO 2019 7