Jornal das Oficinas 214

ANÁLISE MERCADO PÓS-VENDA
LIGEIROS
O MOMENTO
ATUAL ANTECIPA
INDICADORES DE
UM FUTURO POSITIVO
PARA O
AFTERMARKET
ESTAMOS NUM
MOMENTO DE
NORMALIDADE, COM
O SETOR DINÂMICO,
TECNOLÓGICO E EM
CRESCIMENTO
A ENTRADA
DE DISTRIBUIDORES
ESPANHÓIS
REPRESENTA UMA
MUDANÇA
DE PARADIGMA
JOAQUIM CANDEIAS
DIRETOR GERAL
BILSTEIN GROUP
CARLOS GONÇALVES
SÓCIO-GERENTE
FILOURÉM
LUÍS COSTA
DIRETOR GERAL
JAPOPEÇAS
valio a situação atual como sendo um
A momento positivo no setor pós-venda
automóvel e na distribuição de peças em
particular. Na minha opinião, o momento atual
antecipa indicadores de um futuro positivo que,
com as devidas adaptações e com a flexibilidade
adequada, significará que o aftermarket terá
boas perspetivas de continuação de bons
resultados, prolongando ao máximo este clima
de prosperidade. Não considero que esteja a
haver qualquer iberização do comércio de peças
automóvel. O mercado português e espanhol são
mercados distintos e, ainda que existam players
espanhóis em Portugal, estes terão de adotar
estratégias e planeamentos portugueses, e não
espanhóis, para conseguirem alcançar o sucesso
e cumprir os seus objetivos, beneficiando, desta
forma, ambas as partes. Quanto à concentração
do negócio da distribuição de peças, é
fundamental para a continuidade do nosso
negócio. Como em todas as situações negociais,
existem pontos positivos e negativos, contudo,
neste contexto, os aspetos positivos superam em
muito os negativos, trazendo inúmeros
benefícios à continuidade do negócio da
distribuição de peças. Estamos a arrancar o ano
2024 com um novo sistema, o SAP, o que nos vai
trazer imensos desafios, mas também inúmeras
vantagens competitivas, tanto internas como
externas. Adicionalmente vamos também contar
com a automatização e robotização de processos
logísticos, aumentando, ainda mais, a nossa
capacidade de resposta.
pós alguns meses e anos atípicos, estamos
A num momento de normalidade, com o
setor dinâmico, tecnológico, com muitas
transformações, frenético e em crescimento.
Setor que se soube e sabe adaptar às
circunstâncias e sempre em atualização
constante. Apesar da entrada de empresas
espanholas e da criação de grupos de diferentes
dimensões penso que alterações profundas no
mercado irão demorar algum tempo. Não
obstante a proximidade geográfica e algumas
mais valias como o aumento da oferta, eventuais
melhorias de condições comerciais entre outros
benefícios, as diferenças culturais são grandes,
bem como a cadeia de negócio que é diferente. A
iberização poderá ser uma realidade, mas de
forma gradual e irá depender de muitos fatores.
Quanto à concentração é uma tendência que veio
para ficar e que dificilmente será reversível. Tem
imensas mais valias, mas também alguns
constrangimentos. Deverá haver uma enorme
comunicação entre todos os agentes envolvidos,
bem como clareza e transparência de forma a
potenciar este processo. Para 2024 queremos
aumentar e consolidar o stock atual das nossas
marcas e equacionamos introduzir uma nova
linha. Estamos atentos a oportunidades que
possam aparecer, mas fruto dos vários projetos
que desenvolvemos nos últimos meses,
nomeadamente o novo site que estamos a
concluir, o objetivo é crescer as vendas de forma
gradual e consistente.
dinamismo marca o momento presente
O refletindo-se em três vetores:
reconfiguração dos distribuidores por via da
entrada de novos players a que se somam
aquisições e fusões dos existentes; alargamento
da oferta de bens e serviços; digitalização e
melhoria de processos. A incerteza mantém-se
uma questão atual uma vez que saídos da
pandemia as consequências das guerras na
Ucrânia e Israel têm impacto e causam
disrupções no mercado, nomeadamente o
contexto inflacionário atual. O envelhecimento
do parque automóvel português é um fator
relevante que pode sustentar a dimensão do
setor e o seu potencial crescimento a curto/
médio prazo. Numa visão de longo prazo a
leitura é diferente e tem que ter em linha de
conta a representatividade de outra tipologia de
veículos que não os de combustão,
nomeadamente os elétricos, entre outros. O
fenómeno da iberização não sendo totalmente
novo tem tido maior expressão recentemente.
Pese o facto de globalmente muitos fabricantes
olharem para o mercado como sendo ibérico faz
muitos anos, ao nível da distribuição continuam
a existir especificidades culturais e de modelo de
negócio que tornam o mercado português e
espanhol significativamente diferente.
Porventura é por estas razões que este fenómeno
só agora está a ter expressão também na
distribuição. Naturalmente a entrada de
distribuidores espanhóis representa uma
mudança de paradigma e acontece porque o
nosso mercado é aberto, maduro e concorrencial.
10 Dezembro 2023 I Janeiro 2024 www.jornaldasoficinas.com