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Jornal das Oficinas 214

Na edição de dezembro 2023 / janeiro 2024, do Jornal das Oficinas, o artigo de destaque é uma análise do mercado pós-venda nacional, que teve um desempenho muito positivo, com a maioria das empresas satisfeita com o crescimento das vendas, confirmando o bom momento que o setor atravessa. Mas a incerteza mantém-se uma questão atual, e o setor enfrenta um conjunto enorme de desafios.

Na edição de dezembro 2023 / janeiro 2024, do Jornal das Oficinas, o artigo de destaque é uma análise do mercado pós-venda nacional, que teve um desempenho muito positivo, com a maioria das empresas satisfeita com o crescimento das vendas, confirmando o bom momento que o setor atravessa. Mas a incerteza mantém-se uma questão atual, e o setor enfrenta um conjunto enorme de desafios.

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ANÁLISE MERCADO PÓS-VENDA<br />

LIGEIROS<br />

muitos operadores têm optado por investir na digitalização<br />

dos armazéns, para evitar erros humanos<br />

e custos desnecessários com as entregas e/ou<br />

devoluções e também em políticas mais aperta<strong>das</strong><br />

de entregas. Ainda assim, sentem todos os dias<br />

que continua a ser preciso otimizar custos logísticos<br />

sem penalizar a taxa de serviço e, até mesmo,<br />

conseguir melhorá-la. Neste sentido, conseguir<br />

parcerias estratégicas e colaboração com fabricantes,<br />

fornecedores e distribuidores é fundamental<br />

para criar uma rede de distribuição eficiente. No<br />

norte da Europa, por exemplo, a sustentabilidade<br />

é um tema que já está em cima da mesa e há países<br />

a restringir o número de entregas diárias permiti<strong>das</strong>,<br />

para minimizar a pegada de carbono que os<br />

distribuidores estão a provocar. Por cá, isso ainda<br />

não é uma realidade, mas torna-se imperativo<br />

pensar nas consequências financeiras, ecológicas<br />

e práticas de fazer quatro, cinco ou seis entregas<br />

de peças numa base diária, procurando, de mentalidade<br />

aberta, soluções alternativas para esta situação.<br />

As peças reconstruí<strong>das</strong> já vão entrando no<br />

portefólio de referências <strong>das</strong> empresas, que assim<br />

podem apresentar aos clientes soluções mais sustentáveis,<br />

que são, naturalmente, alternativas mais<br />

económicas e que trazem vantagens competitivas<br />

face à concorrência.<br />

Novos produtos, novas tendências<br />

O automóvel está a mudar e o setor também tem<br />

de mudar para acompanhar toda a revolução que<br />

já se vive. Em breve, os produtos que ocupam as<br />

prateleiras dos armazéns vão, necessariamente,<br />

ser diferentes daqueles que estamos habituados a<br />

ver. A aposta dos consumidores nos veículos elétricos<br />

e híbridos já é uma realidade e estas não<br />

são tendências temporárias, é uma transformação<br />

profunda, com consequências permanentes,<br />

para a qual é fulcral ter agilidade de adaptação.<br />

Cabe aos distribuidores antecipar as necessidades<br />

do cliente e estar preparados tecnicamente, com<br />

ferramentas e pessoal qualificado para oferecer<br />

os produtos e serviços que lhes permitirão diferenciar-se<br />

da concorrência. As empresas terão de<br />

se atualizar e fornecer soluções tecnologicamente<br />

avança<strong>das</strong> para atender a essa procura. Mais do<br />

que produtos, as empresas têm de se focar em<br />

serviços. Será preciso apostar em acessórios inteligentes<br />

para automóveis conectados, mais sensores<br />

e componentes para veículos a hidrogénio ou<br />

elétricos. É inegável que o preço continua a ser<br />

importante, mas não tem de ser determinante.<br />

O cliente procura qualidade e garantias porque,<br />

afinal, vai ser a forma como a oficina resolve o<br />

problema que irá ditar a satisfação do seu cliente.<br />

Concentração inevitável<br />

Num mundo cada vez mais globalizado, o fenómeno<br />

da concentração é uma realidade e já<br />

começou a chegar à Península Ibérica. Unificar<br />

marcas e processos resulta na melhoria dos resultados<br />

comerciais, que é, efetivamente, o que todos<br />

procuram: ter melhores condições de compra. A<br />

fragmentação histórica do mercado português e<br />

espanhol pode ter abrandado o processo da concentração,<br />

no entanto, já se vê a situação a alterar-<br />

-se, prevendo-se o desaparecimento desta típica<br />

atomização. Este ciclo de fusões e aquisições a que<br />

agora assistimos, vai trazer ao setor uma maior<br />

profissionalização e mais eficiência. O aumento da<br />

concorrência fará baixar os preços e, consequentemente,<br />

levará a que os distribuidores tenham<br />

margens mais baixas. Uma pressão sobre os preços<br />

que, na pior <strong>das</strong> hipóteses, poderá fazer descurar a<br />

qualidade, assessorias e garantias aos clientes. Por<br />

outro lado, os operadores ver-se-ão obrigados a ter<br />

maior disponibilidade de stock e mais variedade<br />

de produtos, com tempos de entrega cada vez mais<br />

curtos, o que terá um impacto nos distribuidores<br />

locais. Os players do setor olham para o fenómeno<br />

com naturalidade e consideram que trará muitos<br />

benefícios ao mercado nacional. Até ver, é uma<br />

perspetiva otimista, mas cautelosa, aquela que se<br />

vive no setor da distribuição de peças atualmente<br />

e levará, a médio trecho, a uma alteração do setor<br />

como estamos a habituados a conhecer. l<br />

TEMOS UM<br />

MERCADO MUITO<br />

FRAGMENTADO<br />

E ISSO ABRE PORTAS<br />

A DISTRIBUIDORES<br />

EXTERNOS MAIS<br />

ROBUSTOS<br />

MIGUEL LOPES<br />

SÓCIO-GERENTE<br />

APL EXPRESSO<br />

nosso mercado está a atravessar uma<br />

O profunda revolução, creio que estamos<br />

mesmo no “olho do furação”, seja pela<br />

concentração/iberização, pela evolução<br />

tecnológica do automóvel ou pelas novas opções<br />

de mobilidade. A conjuntura económica atual,<br />

apenas veio amplificar esta revolução. Neste<br />

mercado, só quem tiver uma rápida capacidade<br />

de adaptação e reação poderá sair mais forte.<br />

Temos um mercado muito fragmentado e isso<br />

abre portas a distribuidores externos, com<br />

estruturas mais robustas, que entram no nosso<br />

mercado com facilidade, devido à sua dimensão.<br />

Isto obriga-nos a ser mais eficientes, para<br />

conseguirmos resistir neste mercado, cada vez<br />

mais competitivo. Mas o inverso também<br />

acontece, por exemplo, a Create entrou no<br />

mercado espanhol, contrariando assim o sentido<br />

da iberização. Fechámos em 2023 um ciclo que<br />

foi projetado há cinco anos e que felizmente está<br />

a correr como o previsto, mesmo com covid e<br />

guerra pelo caminho, este foi o nosso melhor ano<br />

de sempre, em volume de negócios,<br />

produtividade e rentabilidade. Estamos já a<br />

preparar o novo ciclo e o que, por enquanto,<br />

posso garantir é que vamos continuar a investir<br />

na relação e proximidade com os nossos clientes.<br />

NESTE MOMENTO O PARQUE CIRCULANTE ESTÁ A FICAR COM MAIS CARROS<br />

VELHOS E COM MUITA IDADE, OU SEJA, 19% DO PARQUE CIRCULANTE<br />

são CARROS COM MAIS DE 20 ANOS E 56% DO PARQUE CIRCULANTE SÃO<br />

carros COM MAIS DE 10 ANOS<br />

8 Dezembro 2023 I Janeiro 2024 www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com

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