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Jornal das Oficinas 214

Na edição de dezembro 2023 / janeiro 2024, do Jornal das Oficinas, o artigo de destaque é uma análise do mercado pós-venda nacional, que teve um desempenho muito positivo, com a maioria das empresas satisfeita com o crescimento das vendas, confirmando o bom momento que o setor atravessa. Mas a incerteza mantém-se uma questão atual, e o setor enfrenta um conjunto enorme de desafios.

Na edição de dezembro 2023 / janeiro 2024, do Jornal das Oficinas, o artigo de destaque é uma análise do mercado pós-venda nacional, que teve um desempenho muito positivo, com a maioria das empresas satisfeita com o crescimento das vendas, confirmando o bom momento que o setor atravessa. Mas a incerteza mantém-se uma questão atual, e o setor enfrenta um conjunto enorme de desafios.

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JOSÉ CARVALHO<br />

automóvel foi um pouco mais difícil,<br />

porque não tínhamos ligação ao Tec-<br />

Doc, fizemos uma segunda evolução,<br />

que é a que está neste momento no ar,<br />

em que já temos o TecDoc e este ano<br />

2024 arranca o 3.0, com uma separação<br />

entre o que é o B2B da indústria<br />

e o B2B automóvel, com tudo aquilo<br />

que um B2B automóvel precisa”.<br />

O call center da casa foi sempre misto,<br />

com a mesma equipa a atender chama<strong>das</strong><br />

para as duas áreas de negócio.<br />

Neste momento os call centers já são<br />

separados e têm seis pessoas, mas o<br />

responsável confessa que “a maior<br />

parte <strong>das</strong> chama<strong>das</strong> que atendemos é<br />

para identificação de rolamentos e de<br />

vedantes, uma questão mais técnica.<br />

O resto o cliente já sabe, vai ao Tec-<br />

Doc, ou através da plataforma acaba<br />

por comprar”.<br />

As garantias e devoluções são uma<br />

preocupação transversal do setor e a<br />

Romafe não é exceção. O nosso entrevistado<br />

defende “uma harmonização<br />

entre todos, para que não acontecessem<br />

algumas situações anómalas.<br />

Enquanto houver um distribuidor ou<br />

outro que as faz, ficamos sempre num<br />

patamar difícil. Eu diria que, de to<strong>das</strong><br />

as devoluções que temos, dois ou três<br />

por cento são reclamações. Tudo o<br />

resto são enganos a pedir, ou o cliente<br />

que não veio buscar. Acho que deveria<br />

haver um código de conduta e até<br />

um fórum sobre isto, onde se pudesse<br />

discutir estas questões”, observa, salientando<br />

que esta é “mais uma <strong>das</strong><br />

sinergias, que em conjunto conseguiríamos<br />

ter algum sucesso. Assim é<br />

desgarrado”.<br />

Pensar no futuro<br />

Ainda que não tenham uma estratégia<br />

definida relativamente aos componentes<br />

para veículos elétricos, o facto<br />

é que tudo o que as marcas da Romafe<br />

introduzem, a empresa comercializa.<br />

Se este será ou não o futuro dos automóveis<br />

e se isso poderá significar uma<br />

redução do negócio, José Carvalho<br />

nada teme: “Eu costumo dizer que há<br />

uns que choram e outros que vendem<br />

os lenços. E nós queremos vender os<br />

lenços, não vale a pena chorarmos. Vai<br />

haver uma mudança e essa mudança<br />

também vai trazer oportunidades, cá<br />

estaremos nós para agarrá-las. Sofrer<br />

por antecipação é que não”, garante.<br />

Com os objetivos estabelecidos para<br />

2023 atingidos em setembro, o administrador<br />

destaca a importância de<br />

“não nos queixarmos, porque quando<br />

nos começamos a queixar muito pode<br />

atrair o mau olhado. Não acreditando<br />

nesse tipo de superstições, temos que<br />

fazer o nosso trabalho. Digo sempre:<br />

guarda o que comer, não guardes o<br />

que vender, portanto temos que caminhar.<br />

Para o ano continuamos com<br />

objetivos bastante ambiciosos e as<br />

perspetivas são continuar a crescer”.<br />

Aos clientes, José Carvalho deixa uma<br />

mensagem de segurança: “Aquilo que<br />

OLHO PARA A FORMA COMO SE ESTÁ A ORGANIZAR<br />

O AFTERMARKET COM ALGUMA PREOCUPAÇÃO<br />

osé Carvalho admite que os últimos dois anos, “devido à economia do país, foram positivos<br />

J a todos os níveis”, no entanto, não esconde a preocupação com o futuro do setor. O<br />

responsável olha “com alguma preocupação para a forma como o aftermarket se está a organizar”,<br />

numa altura em que algumas empresas financeiras estão a entrar neste negócio, com os investidores<br />

“à espera de um retorno rápido”, ao passo que “nós, numa outra perspetiva, queremos ter esse<br />

retorno, mas olhando para aquilo que é o mercado e para o que são as suas situações e vicissitudes. E<br />

não temos o tempo de retorno que os outros têm. Sabemos que temos que ganhar dinheiro e<br />

ganhamos, mas temos os nossos tempos e os tempos deles são sempre mais acelerados”, lamenta. O<br />

administrador da Romafe teme as consequências do fenómeno da concentração a que o setor do<br />

pós-venda automóvel assiste em Portugal e adianta mesmo que “o tempo dirá algumas coisas que<br />

são preocupantes, quer em termos de desemprego no setor, quer em termos de quebra dos ciclos<br />

que existem hoje, com as marcas, os distribuidores, as casas de revenda e as oficinas e o consumidor<br />

final”. Na sua opinião, “quando se olha do ponto de vista financeiro para uma coisa – e é razoável que<br />

se olhe – temos sempre duas hipóteses para ganhar dinheiro, ou alargamos a margem ou reduzimos<br />

custos. Não estou a ver o aumento de margens ser fácil neste momento, portanto, muito<br />

provavelmente vai-se trabalhar muito na questão da redução de custos”, antevê. Quanto à tão falada<br />

iberização, para José Carvalho não é um problema, nem sequer a vê “com receio. Acho que se as<br />

empresas espanholas vêm para cá, nós também temos de ir para lá. Há uma coisa que é válida: elas<br />

vêm encontrar um mercado que é 1/5 ou 1/6 do mercado deles, portanto, teremos um mercado<br />

muito maior do que aquele que eles têm. Vamos aproveitar”, incita.<br />

Enquanto engenheiro informático, o nosso interlocutor defende que as coisas, no que diz respeito<br />

à digitalização, “poderiam ser mais céleres. Nós, portugueses, somos muito criativos a esse nível,<br />

mas nesta área ainda temos um caminho longo a percorrer. Para estes canais estarem todos bem<br />

oleados e implementados, tem que haver mesmo uma confiança muito grande entre todos os<br />

atores do mercado e eu não tenho ainda a certeza de que exista essa confiança. Tenho algumas<br />

dúvi<strong>das</strong> de que assim a digitalização possa avançar de uma forma mais célere”. A Romafe tem<br />

vindo a apostar em diferentes soluções de sustentabilidade, como formas alternativas de produzir<br />

energia, mas, nesta área, para José Carvalho, é fulcral “perceber o que é que estrategicamente o país<br />

pretende, para participarmos nessa estratégia do país e não andarmos a fazer coisas avulsas, cada<br />

um para o seu lado”. A empresa já comercializa algumas peças reconstruí<strong>das</strong>, contudo, o responsável<br />

prefere “consolidar primeiro todo o negócio, antes de pensar e caminhar nesse sentido, até porque,<br />

atualmente, há boas empresas a fazer esse trabalho e muito bem feito”, afirma.<br />

Relativamente à evolução crescente <strong>das</strong> ven<strong>das</strong> B2C, José Carvalho é muito claro: “é possível, em<br />

conjunto, respondermos a esse novo desafio que vai existir no mercado, pois na prática quem nos<br />

compra é sempre o consumidor final”. E lança o repto para que os colegas de profissão se juntem<br />

ao Club GoShop: “Se quem estiver a ler esta reportagem, quiser fazer parte de um projeto onde há<br />

confiança entre os intervenientes e onde aquilo que pretendemos é trabalhar para o futuro, para não<br />

estarmos preocupados se o B2C é uma ameaça e, pelo contrário, é uma oportunidade, basta integrar<br />

o Club e passar a fazer parte desta comunidade”, conclui.<br />

os nossos clientes podem esperar da<br />

Romafe é o que sempre nos pautou,<br />

que é a confiança. Seremos sempre<br />

um parceiro de confiança, não vamos<br />

mudar. Acreditamos que desta forma<br />

conseguimos ter connosco os parceiros<br />

que de facto olham para o seu negócio<br />

e se preocupam com ele. Acho<br />

que para estar no mercado, é um bom<br />

princípio pensar que não temos que<br />

vender no cliente do nosso cliente. É a<br />

confiança, depois a parceria e o trabalho<br />

conjunto e de equipa, que é o que<br />

o GoShop representa e que acho que<br />

é o expoente máximo daquilo que nós<br />

podemos fazer”, termina.. l<br />

COM A APOSTA NO CLUB GOSHOP, A ROMAFE PRETENDE CONTINUAR A<br />

CRESCER NO AFTERMARKET NACIONAL. O CONCEITO INCLUIRÁ TAMBÉM<br />

A SUA PRÓPRIA REDE OFICINAL, MAS JOSÉ CARVALHO APONTA A<br />

NECESSIDADE DE FAZER DIFERENTE DO QUE JÁ EXISTE<br />

www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com Dezembro 2023 I Janeiro 2024 53

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