28.12.2023 Views

Jornal das Oficinas 214

Na edição de dezembro 2023 / janeiro 2024, do Jornal das Oficinas, o artigo de destaque é uma análise do mercado pós-venda nacional, que teve um desempenho muito positivo, com a maioria das empresas satisfeita com o crescimento das vendas, confirmando o bom momento que o setor atravessa. Mas a incerteza mantém-se uma questão atual, e o setor enfrenta um conjunto enorme de desafios.

Na edição de dezembro 2023 / janeiro 2024, do Jornal das Oficinas, o artigo de destaque é uma análise do mercado pós-venda nacional, que teve um desempenho muito positivo, com a maioria das empresas satisfeita com o crescimento das vendas, confirmando o bom momento que o setor atravessa. Mas a incerteza mantém-se uma questão atual, e o setor enfrenta um conjunto enorme de desafios.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ANÁLISE MERCADO PÓS-VENDA<br />

O DESEMPENHO DO MERCADO AFTERMARKET NACIONAL EM 2023 FOI MUITO POSITIVO,<br />

COM A MAIORIA DAS EMPRESAS CONTENTES COM O CRESCIMENTO DAS VENDAS, CONFIRMANDO<br />

O BOM MOMENTO QUE O SETOR ATRAVESSA. MAS A INCERTEZA MANTÉM-SE UMA QUESTÃO ATUAL,<br />

E O SETOR ENFRENTA UM CONJUNTO ENORME DE DESAFIOS QUE AMEAÇAM REVOLUCIONAR<br />

O MODELO DE NEGÓCIO QUE CONHECEMOS DESDE HÁ DÉCADAS<br />

A<br />

evolução galopante nas viaturas, com o tradicional<br />

motor de combustão a dar lugar ao<br />

novo motor elétrico, as evoluções técnicas de<br />

carácter informático nas viaturas, a gestão desses<br />

dados e processamento dessa informação com confidencialidade<br />

e segurança, e de uma forma muito<br />

acentuada as fusões e aquisições, de marcas e grossitas<br />

feito por empresas nacionais e internacionais,<br />

que procuram posicionar-se num mercado automóvel<br />

poderoso, são desafios incontornáveis que o<br />

aftermarket terá de enfrentar e ultrapassar.<br />

Outrora, o construtor de automóveis tradicional<br />

preocupava-se, em especial, com o design do carro,<br />

a mecânica e os sistemas de segurança ativa e passiva.<br />

Atualmente, os construtores empenham-se,<br />

sobretudo, na conectividade com foco no condutor,<br />

para que a condução seja aliada a uma experiência<br />

que extravasa o mero ato de conduzir, conectando<br />

o condutor ao mundo que o rodeia. As dificuldades<br />

surgem posteriormente, pois é necessário gerir<br />

grandes fluxos de dados informáticos com segurança.<br />

Para as oficinas e o aftermarket em geral, este<br />

novo conceito de mobilidade vai trazer novos desafios,<br />

sendo necessário as empresas adaptarem-se<br />

aos novos modelos de negócio que estão a surgir.<br />

Para além dos muitos desafios que as empresas terão<br />

de enfrentar, o setor está repleto de oportunidades<br />

ao alcance da maioria, com a adaptação às<br />

novas tecnologias e criação de alianças estratégicas,<br />

juntamente com a diversificação e a sustentabilidade,<br />

medi<strong>das</strong> fundamentais para o sucesso num futuro<br />

próximo.<br />

Transformação necessária e inevitável<br />

A tecnologia sofisticada dos veículos modernos e<br />

a necessidade de adaptação à chegada progressiva<br />

de novos sistemas de propulsão, como o automóvel<br />

elétrico, são novos conceitos aos quais as oficinas de<br />

reparação devem adaptar-se para não ficarem para<br />

trás. Do mesmo modo, a digitalização dos processos<br />

oficinais será outro grande desafio. Uma transformação<br />

necessária e inevitável, que as tornará mais<br />

eficientes, fazendo aumentar a sua produtividade<br />

e, por conseguinte, melhorar a sua rentabilidade.<br />

Uma rentabilidade que ainda é muito baixa, pois<br />

continuamos com um preço hora baixo em comparação<br />

com outros países, o que ameaça cada vez<br />

mais a margem de lucro e que põe em risco a própria<br />

viabilidade <strong>das</strong> empresas.<br />

Outro grande desafio que o setor enfrenta é a falta<br />

de recursos humanos qualificados. Embora existam<br />

várias iniciativas de Centros de Formação e Associa-<br />

ções para tentar atenuar este problema que é cada<br />

vez mais premente, é muito importante que as oficinas<br />

saibam não só atrair talentos, mas também retê-los.<br />

As oficinas devem continuar a ser proactivas<br />

no investimento em ferramentas, equipamento e<br />

tecnologia, e assegurar a formação contínua do pessoal,<br />

a fim de serem competitivas. Por fim, e perante<br />

a perspetiva de um 2024 economicamente difícil,<br />

com as famílias com menor poder de compra devido<br />

aos aumentos <strong>das</strong> taxas de juro que continuam a encarecer<br />

consideravelmente as hipotecas, será essencial<br />

para a oficina a fidelização dos clientes, tanto<br />

numa perspetiva de máxima qualidade de serviço,<br />

como com ações para os atrair às suas instalações.<br />

Custos operacionais afetam margens<br />

O indicador de preços tem vindo a crescer a um ritmo<br />

imparável desde o início do ano, após um período<br />

anómalo de deflação provocado pela eclosão<br />

da pandemia, e agora encontra-se num máximo dos<br />

últimos anos. Os custos excessivos que as oficinas<br />

de reparação têm de enfrentar está a afetar as suas<br />

margens. Os fornecimentos de energia frequentemente<br />

consumidos na oficina, como a eletricidade,<br />

gás ou gasóleo para os processos de secagem e aquecimento<br />

aumentaram de forma exponencial, não<br />

havendo sinais de um ajustamento em baixa num<br />

futuro próximo. Do mesmo modo, as peças sobresselentes,<br />

a gestão de resíduos, transportes, materiais<br />

de limpeza, serviços externos... um vasto espetro<br />

que abrange quase todos os materiais de oficina<br />

está a sofrer aumentos de custos. Os custos de produção<br />

<strong>das</strong> oficinas sofrem aumentos que se situam<br />

frequentemente entre 5% e 10%, por vezes até mais<br />

elevados. A isto juntam-se aumentos <strong>das</strong> taxas de<br />

seguro; atualizações dos preços dos alugueres e dos<br />

serviços subcontratados; aluguer e subcontratação<br />

de serviços (riscos profissionais, consultoria, Website,<br />

software de orçamentação e de gestão); a manutenção<br />

de veículos de substituição e, em particular, a<br />

atualização dos acordos coletivos de trabalho, o que<br />

aumentará os custos de mão de obra, com um impacto<br />

importante nas margens <strong>das</strong> oficinas.<br />

Quando a oficina realizar as suas análises de rentabilidade<br />

é muito importante ter consciência de que<br />

a mão de obra é o principal componente de um orçamento<br />

de reparação de veículos e um dos custos<br />

mais importantes da oficina. A mão de obra é um<br />

dos primeiros conceitos em que algumas oficinas<br />

tentam poupar, cometendo um grave erro. A redução<br />

<strong>das</strong> margens de mão de obra apenas conduz a<br />

uma redução do custo do trabalho realizado pelos<br />

profissionais da oficina. Deve ser estabelecido um<br />

equilíbrio honesto e sincero, imputando a mão de<br />

obra na medida certa, mas tendo consciência de que<br />

tem um custo e que nunca deve ser oferecido. É por<br />

isso que é essencial ser transparente com os clientes,<br />

uma vez que esta é uma questão muito sensível para<br />

eles. Neste sentido, ter uma tabela com os preços<br />

horários dos serviços e bem à vista do cliente pode<br />

ajudar muito. Para rentabilizar a mão de obra, a<br />

oficina tem de melhorar o tempo investido em cada<br />

serviço, otimizar o desempenho do trabalho (sendo<br />

mais eficiente irá reduzir custos e obter mais trabalho)<br />

e na organização dos processos na oficina. A<br />

mão de obra é a principal rubrica de um orçamento<br />

de reparação de veículos e um dos custos mais importantes<br />

da oficina. É essencial saber como lidar<br />

com este parâmetro.<br />

Mais trabalho com menos lucro<br />

Havendo menos ven<strong>das</strong> de veículos novos, as oficinas<br />

trabalham agora, essencialmente, com um<br />

parque cada vez mais envelhecido, que é preciso<br />

manter em bom estado. Isto significa, desde logo,<br />

duas coisas: mais trabalho e menos rentabilidade,<br />

porque os proprietários tendem a preferir gastar<br />

menos dinheiro nas reparações dos seus automóveis<br />

mais antigos e a espaçar mais as intervenções<br />

na oficina. Daí surge a necessidade de apostar em<br />

novas fontes de rendimento e soluções de redução<br />

de custos, que garantam às marcas, distribuidores<br />

e oficinas a subsistência para o futuro. Esta é, sem<br />

dúvida, uma oportunidade que o mercado tem de<br />

melhorar todo o serviço ao cliente e reposicionar-<br />

-se face às novas realidades que se apresentam. Para<br />

aumentar a faturação, os distribuidores têm de criar<br />

novos serviços que gerem valor para as oficinas. A<br />

diferenciação <strong>das</strong> empresas vai passar a fazer-se<br />

na venda e no pós-venda, com a personalização da<br />

experiência do cliente, oferecendo-lhe mais opções<br />

e soluções. A estratégia de cada um para lidar com<br />

esta situação irá definir quem se vai conseguir posicionar<br />

no mercado.<br />

Logística mais difícil<br />

Saber lidar com as dificuldades logísticas é também<br />

é um dos mais atuais desafios do setor. Numa altura<br />

em que os distribuidores investem em múltiplas entregas<br />

diárias para prestar um serviço «just in time»<br />

às oficinas, esbarram simultaneamente no dilema<br />

dos custos cada vez mais elevados que isso acarreta,<br />

nomeadamente em combustível, portagens e disponibilidade<br />

de viaturas e meios humanos. Deste modo,<br />

www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com Dezembro 2023 I Janeiro 2024 7

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!