Jornal das Oficinas 214
Na edição de dezembro 2023 / janeiro 2024, do Jornal das Oficinas, o artigo de destaque é uma análise do mercado pós-venda nacional, que teve um desempenho muito positivo, com a maioria das empresas satisfeita com o crescimento das vendas, confirmando o bom momento que o setor atravessa. Mas a incerteza mantém-se uma questão atual, e o setor enfrenta um conjunto enorme de desafios.
Na edição de dezembro 2023 / janeiro 2024, do Jornal das Oficinas, o artigo de destaque é uma análise do mercado pós-venda nacional, que teve um desempenho muito positivo, com a maioria das empresas satisfeita com o crescimento das vendas, confirmando o bom momento que o setor atravessa. Mas a incerteza mantém-se uma questão atual, e o setor enfrenta um conjunto enorme de desafios.
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ANÁLISE MERCADO PÓS-VENDA<br />
O DESEMPENHO DO MERCADO AFTERMARKET NACIONAL EM 2023 FOI MUITO POSITIVO,<br />
COM A MAIORIA DAS EMPRESAS CONTENTES COM O CRESCIMENTO DAS VENDAS, CONFIRMANDO<br />
O BOM MOMENTO QUE O SETOR ATRAVESSA. MAS A INCERTEZA MANTÉM-SE UMA QUESTÃO ATUAL,<br />
E O SETOR ENFRENTA UM CONJUNTO ENORME DE DESAFIOS QUE AMEAÇAM REVOLUCIONAR<br />
O MODELO DE NEGÓCIO QUE CONHECEMOS DESDE HÁ DÉCADAS<br />
A<br />
evolução galopante nas viaturas, com o tradicional<br />
motor de combustão a dar lugar ao<br />
novo motor elétrico, as evoluções técnicas de<br />
carácter informático nas viaturas, a gestão desses<br />
dados e processamento dessa informação com confidencialidade<br />
e segurança, e de uma forma muito<br />
acentuada as fusões e aquisições, de marcas e grossitas<br />
feito por empresas nacionais e internacionais,<br />
que procuram posicionar-se num mercado automóvel<br />
poderoso, são desafios incontornáveis que o<br />
aftermarket terá de enfrentar e ultrapassar.<br />
Outrora, o construtor de automóveis tradicional<br />
preocupava-se, em especial, com o design do carro,<br />
a mecânica e os sistemas de segurança ativa e passiva.<br />
Atualmente, os construtores empenham-se,<br />
sobretudo, na conectividade com foco no condutor,<br />
para que a condução seja aliada a uma experiência<br />
que extravasa o mero ato de conduzir, conectando<br />
o condutor ao mundo que o rodeia. As dificuldades<br />
surgem posteriormente, pois é necessário gerir<br />
grandes fluxos de dados informáticos com segurança.<br />
Para as oficinas e o aftermarket em geral, este<br />
novo conceito de mobilidade vai trazer novos desafios,<br />
sendo necessário as empresas adaptarem-se<br />
aos novos modelos de negócio que estão a surgir.<br />
Para além dos muitos desafios que as empresas terão<br />
de enfrentar, o setor está repleto de oportunidades<br />
ao alcance da maioria, com a adaptação às<br />
novas tecnologias e criação de alianças estratégicas,<br />
juntamente com a diversificação e a sustentabilidade,<br />
medi<strong>das</strong> fundamentais para o sucesso num futuro<br />
próximo.<br />
Transformação necessária e inevitável<br />
A tecnologia sofisticada dos veículos modernos e<br />
a necessidade de adaptação à chegada progressiva<br />
de novos sistemas de propulsão, como o automóvel<br />
elétrico, são novos conceitos aos quais as oficinas de<br />
reparação devem adaptar-se para não ficarem para<br />
trás. Do mesmo modo, a digitalização dos processos<br />
oficinais será outro grande desafio. Uma transformação<br />
necessária e inevitável, que as tornará mais<br />
eficientes, fazendo aumentar a sua produtividade<br />
e, por conseguinte, melhorar a sua rentabilidade.<br />
Uma rentabilidade que ainda é muito baixa, pois<br />
continuamos com um preço hora baixo em comparação<br />
com outros países, o que ameaça cada vez<br />
mais a margem de lucro e que põe em risco a própria<br />
viabilidade <strong>das</strong> empresas.<br />
Outro grande desafio que o setor enfrenta é a falta<br />
de recursos humanos qualificados. Embora existam<br />
várias iniciativas de Centros de Formação e Associa-<br />
ções para tentar atenuar este problema que é cada<br />
vez mais premente, é muito importante que as oficinas<br />
saibam não só atrair talentos, mas também retê-los.<br />
As oficinas devem continuar a ser proactivas<br />
no investimento em ferramentas, equipamento e<br />
tecnologia, e assegurar a formação contínua do pessoal,<br />
a fim de serem competitivas. Por fim, e perante<br />
a perspetiva de um 2024 economicamente difícil,<br />
com as famílias com menor poder de compra devido<br />
aos aumentos <strong>das</strong> taxas de juro que continuam a encarecer<br />
consideravelmente as hipotecas, será essencial<br />
para a oficina a fidelização dos clientes, tanto<br />
numa perspetiva de máxima qualidade de serviço,<br />
como com ações para os atrair às suas instalações.<br />
Custos operacionais afetam margens<br />
O indicador de preços tem vindo a crescer a um ritmo<br />
imparável desde o início do ano, após um período<br />
anómalo de deflação provocado pela eclosão<br />
da pandemia, e agora encontra-se num máximo dos<br />
últimos anos. Os custos excessivos que as oficinas<br />
de reparação têm de enfrentar está a afetar as suas<br />
margens. Os fornecimentos de energia frequentemente<br />
consumidos na oficina, como a eletricidade,<br />
gás ou gasóleo para os processos de secagem e aquecimento<br />
aumentaram de forma exponencial, não<br />
havendo sinais de um ajustamento em baixa num<br />
futuro próximo. Do mesmo modo, as peças sobresselentes,<br />
a gestão de resíduos, transportes, materiais<br />
de limpeza, serviços externos... um vasto espetro<br />
que abrange quase todos os materiais de oficina<br />
está a sofrer aumentos de custos. Os custos de produção<br />
<strong>das</strong> oficinas sofrem aumentos que se situam<br />
frequentemente entre 5% e 10%, por vezes até mais<br />
elevados. A isto juntam-se aumentos <strong>das</strong> taxas de<br />
seguro; atualizações dos preços dos alugueres e dos<br />
serviços subcontratados; aluguer e subcontratação<br />
de serviços (riscos profissionais, consultoria, Website,<br />
software de orçamentação e de gestão); a manutenção<br />
de veículos de substituição e, em particular, a<br />
atualização dos acordos coletivos de trabalho, o que<br />
aumentará os custos de mão de obra, com um impacto<br />
importante nas margens <strong>das</strong> oficinas.<br />
Quando a oficina realizar as suas análises de rentabilidade<br />
é muito importante ter consciência de que<br />
a mão de obra é o principal componente de um orçamento<br />
de reparação de veículos e um dos custos<br />
mais importantes da oficina. A mão de obra é um<br />
dos primeiros conceitos em que algumas oficinas<br />
tentam poupar, cometendo um grave erro. A redução<br />
<strong>das</strong> margens de mão de obra apenas conduz a<br />
uma redução do custo do trabalho realizado pelos<br />
profissionais da oficina. Deve ser estabelecido um<br />
equilíbrio honesto e sincero, imputando a mão de<br />
obra na medida certa, mas tendo consciência de que<br />
tem um custo e que nunca deve ser oferecido. É por<br />
isso que é essencial ser transparente com os clientes,<br />
uma vez que esta é uma questão muito sensível para<br />
eles. Neste sentido, ter uma tabela com os preços<br />
horários dos serviços e bem à vista do cliente pode<br />
ajudar muito. Para rentabilizar a mão de obra, a<br />
oficina tem de melhorar o tempo investido em cada<br />
serviço, otimizar o desempenho do trabalho (sendo<br />
mais eficiente irá reduzir custos e obter mais trabalho)<br />
e na organização dos processos na oficina. A<br />
mão de obra é a principal rubrica de um orçamento<br />
de reparação de veículos e um dos custos mais importantes<br />
da oficina. É essencial saber como lidar<br />
com este parâmetro.<br />
Mais trabalho com menos lucro<br />
Havendo menos ven<strong>das</strong> de veículos novos, as oficinas<br />
trabalham agora, essencialmente, com um<br />
parque cada vez mais envelhecido, que é preciso<br />
manter em bom estado. Isto significa, desde logo,<br />
duas coisas: mais trabalho e menos rentabilidade,<br />
porque os proprietários tendem a preferir gastar<br />
menos dinheiro nas reparações dos seus automóveis<br />
mais antigos e a espaçar mais as intervenções<br />
na oficina. Daí surge a necessidade de apostar em<br />
novas fontes de rendimento e soluções de redução<br />
de custos, que garantam às marcas, distribuidores<br />
e oficinas a subsistência para o futuro. Esta é, sem<br />
dúvida, uma oportunidade que o mercado tem de<br />
melhorar todo o serviço ao cliente e reposicionar-<br />
-se face às novas realidades que se apresentam. Para<br />
aumentar a faturação, os distribuidores têm de criar<br />
novos serviços que gerem valor para as oficinas. A<br />
diferenciação <strong>das</strong> empresas vai passar a fazer-se<br />
na venda e no pós-venda, com a personalização da<br />
experiência do cliente, oferecendo-lhe mais opções<br />
e soluções. A estratégia de cada um para lidar com<br />
esta situação irá definir quem se vai conseguir posicionar<br />
no mercado.<br />
Logística mais difícil<br />
Saber lidar com as dificuldades logísticas é também<br />
é um dos mais atuais desafios do setor. Numa altura<br />
em que os distribuidores investem em múltiplas entregas<br />
diárias para prestar um serviço «just in time»<br />
às oficinas, esbarram simultaneamente no dilema<br />
dos custos cada vez mais elevados que isso acarreta,<br />
nomeadamente em combustível, portagens e disponibilidade<br />
de viaturas e meios humanos. Deste modo,<br />
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