Práticas Corporais - Volume 3 - Ministério do Esporte
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100 <strong>Práticas</strong> <strong>Corporais</strong> Experiências em Educação Física para uma formação humana<br />
A autora (idem, p.56) coloca ainda que nas sociedades ocidentais a<br />
idade cronológica é estabelecida por um aparato cultural, um sistema de datação<br />
que representa “um mecanismo básico de atribuição de status (maioridade<br />
legal), de definição de papéis ocupacionais (entrada no merca<strong>do</strong> de trabalho),<br />
de formulação de demandas sociais (direito a aposenta<strong>do</strong>ria) etc”.<br />
Assim, os critérios e normas da idade cronológica são impostos por exigência<br />
de leis que determinam os deveres e os direitos <strong>do</strong> cidadão.<br />
As transformações históricas ocorridas no processo de modernização ocidental<br />
corresponderam também ao próprio caráter <strong>do</strong> curso da vida enquanto<br />
instituição social, e não apenas a transformações na forma pela qual a vida é<br />
periodizada, no tempo de transição de uma etapa a outra e na sensibilidade investida<br />
em cada um <strong>do</strong>s estágios. Essa chamada cronologização da vida nos faz<br />
atentar para o fato de que o processo de individualização, próprio da modernidade,<br />
teve na institucionalização <strong>do</strong> curso de vida uma de suas dimensões<br />
fundamentais. Essa institucionalização crescente envolveu praticamente todas<br />
as dimensões <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> familiar e <strong>do</strong> trabalho e está presente na organização<br />
<strong>do</strong> sistema produtivo, nas instituições educativas, no merca<strong>do</strong> de consumo e nas<br />
políticas públicas, que cada vez mais têm como alvo grupos etários específicos.<br />
Myriam Moraes Lins Barros (1998, p.116) alerta que "até cerca de<br />
1960, praticamente não havia um estu<strong>do</strong> sociológico importante sobre a velhice<br />
e os velhos, estan<strong>do</strong> toda a literatura sobre o assunto relacionada às áreas<br />
da medicina e da biologia". É importante ressaltar que, até no decorrer da<br />
década de 1970, o tema constantemente em voga era a juventude. A própria<br />
autora coloca que ao analisar filmetes de propagandas <strong>do</strong> governo brasileiro<br />
data<strong>do</strong>s dessa época, se falava de jovens e para jovens. Hoje, o debate acerca<br />
<strong>do</strong> desenvolvimento e <strong>do</strong> envelhecimento ganhou novas dimensões. Ten<strong>do</strong><br />
em vista que o número de i<strong>do</strong>sos vem crescen<strong>do</strong> significativamente, representan<strong>do</strong><br />
cerca de 8% da população brasileira (SCHONS & PALMA, 2000),<br />
hoje, mais <strong>do</strong> que nunca, é preciso também falar para os mais velhos. Na<br />
transformação <strong>do</strong> envelhecimento em problema social estão envolvidas novas<br />
definições da velhice e <strong>do</strong> envelhecimento. Inverteram-se os signos da aposenta<strong>do</strong>ria,<br />
que deixou de ser um momento de descanso para se tornar um<br />
perío<strong>do</strong> de atividade, lazer, realização pessoal (DEBERT, 1998).<br />
Nesse senti<strong>do</strong>, Anita Neri (1995, p.30) apresenta a noção de curso de<br />
vida, que se refere "às maneiras como a sociedade atribui significa<strong>do</strong>s sociais