Práticas Corporais - Volume 3 - Ministério do Esporte
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124 <strong>Práticas</strong> <strong>Corporais</strong> Experiências em Educação Física para uma formação humana<br />
senti<strong>do</strong>s atribuí<strong>do</strong>s pela pessoa ao realizar as tarefas propostas. Isto foi observa<strong>do</strong><br />
com freqüência nas aulas. Em virtude disto, acreditamos que os movimentos<br />
desestereotipa<strong>do</strong>s e a possibilidade de criação podem ocorrer no ensino<br />
da dança através da improvisação, visto que improvisar significa usar técnicas<br />
de movimentos próprias/espontâneas, ainda não treinadas, e não necessariamente<br />
as técnicas de movimento específicas de estilos de dança (FIAMON-<br />
CINI & SARAIVA, 2001, p.102).<br />
Num outro relato, percebemos que, apesar disso, “nas atividades mais<br />
conduzidas o grupo fica mais à vontade, já nas improvisações rola uma certa<br />
dispersão – ficam se olhan<strong>do</strong> para ver se está certo, tentam interações que não<br />
foram combinadas... o diálogo reaparece”. Todavia, é sabi<strong>do</strong> que o aprender a<br />
dançar há muito tempo tem como prerrogativa a repetição/imitação <strong>do</strong> movimento<br />
(diferencia<strong>do</strong> conforme o estilo), de forma a adquirir habilidade e precisão<br />
na execução <strong>do</strong> mesmo. Deste mo<strong>do</strong>, os movimentos tendem à estereotipia,<br />
à falta de intenções pessoais 51 em sua realização, pois “é muito difícil<br />
manifestar um sentimento, uma emoção, uma intenção, se me oriento mais<br />
por formas condicionadas e conceitos preestabeleci<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que pela verdade <strong>do</strong><br />
meu gesto” (VIANNA, 1990, p.102).<br />
O que parece ter aconteci<strong>do</strong> durante o desenvolvimento das aulas foi<br />
que a preferência de alguns por “fazer movimento”, através de atividades<br />
mais conduzidas, se misturava com a satisfação e o encantamento senti<strong>do</strong> nas<br />
descobertas de novas possibilidades de movimentos, de expressão. Isto proporcionou<br />
aos participantes da pesquisa grande satisfação, principalmente<br />
porque caracterizou a liberdade de escolha que se processa na improvisação,<br />
relacionada com as chances de transformação das idéias em movimentos, ou<br />
seja, à construção de gestos a partir de idéias <strong>do</strong> seu cotidiano.<br />
Reconhecemos a importância e a complexidade existente no aprendiza<strong>do</strong><br />
de diferentes estilos, mas também temos o entendimento de que<br />
um jeito de trabalhar orienta<strong>do</strong> tecnicamente não precisa ser um desenrolar<br />
mecânico de movimentos. O exercício deve facilitar a estrutura <strong>do</strong> desenvolver<br />
<strong>do</strong>s movimentos, através <strong>do</strong>s quais se torna possível um jogo livre <strong>do</strong>s componentes<br />
temporais, dinâmicos e de espaços (LANGE, 1999, p.286).<br />
51 Referimo-nos à realização reprodutora de um fazer cujo significa<strong>do</strong> está coloca<strong>do</strong> “a priori”, sem questionamentos,<br />
omitin<strong>do</strong>-se o ser de uma construção própria <strong>do</strong> seu dançar ou de um outro significa<strong>do</strong> para a sua dança.