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Práticas Corporais - Volume 3 - Ministério do Esporte

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Dança e seus elementos constituintes: uma experiência contemporânea 119<br />

grandes cidades em que as pessoas se vêem subordinadas, parece igualar o ser<br />

humano e a vida humana ao funcionamento de uma máquina que não tem<br />

tempo a perder. Não raro, a idéia de homem e mulher bem sucedi<strong>do</strong>s é acompanhada<br />

desse ritmo. A pressa, a falta de tempo para resolver todas as tarefas<br />

/trabalhos que somos incumbi<strong>do</strong>s a realizar hodiernamente são valores já absorvi<strong>do</strong>s<br />

coletivamente e que condicionam e limitam a percepção/sensibilidade<br />

para a “escuta” <strong>do</strong>s ritmos que estão em nós, que são ignora<strong>do</strong>s na grande<br />

maioria das vezes e que cada um de nós poderia desenvolver e/ou refinar, seja<br />

através da dança, seja por meio de outra arte que desperte para tal percepção.<br />

Apesar disso, a procura por uma dança pessoal – através de um diálogo<br />

entre a sensibilização da pulsação de cada um nas relações postas naquele<br />

ambiente de grupo –, assim como a compreensão <strong>do</strong>s limites da nossa constituição<br />

histórica, que se expressavam também naquele ambiente, favoreceram<br />

novas experiências de dança com a música e com o ritmo de cada pessoa.<br />

Os ritmos presentes na arquitetura da sala e nas relações <strong>do</strong> grupo também<br />

puderam ser observa<strong>do</strong>s e redefini<strong>do</strong>s, por exemplo, evitan<strong>do</strong> a subordinação<br />

àquilo que a sala de dança com as suas representações históricas<br />

“defende”. O espelho, a barra, as linhas retas e “inorgânicas” dialogaram nas<br />

aulas com os corpos de forma a valorizar as pessoas e buscan<strong>do</strong> colocar to<strong>do</strong>s<br />

os aparatos técnicos a favor das mesmas. Por isso, escolhemos o círculo (que<br />

busca a não hierarquia e um ritmo fluente); os níveis alto, médio e baixo (que<br />

se relacionam, por exemplo, com o desenvolvimento humano); e mesmo outras<br />

relações que receberam tais elementos para a dança daquele grupo. Importante<br />

salientar que em alguns momentos percebemos a necessidade de utilizar<br />

a sala da forma mais tradicional, porque isto, naquele momento, se mostrou<br />

relevante. Não estivemos negan<strong>do</strong> tal forma, apenas pesquisan<strong>do</strong> e apresentan<strong>do</strong><br />

formas variadas, ou melhor, consideramos que o diálogo <strong>do</strong>s ritmos<br />

presentes no grupo e na sala poderia guiar esta proposta de ensino da dança.<br />

Na realidade, propusemos perguntar: a construção histórica daquele<br />

ambiente precisaria condicionar o tipo de relação com ele? Ven<strong>do</strong> em to<strong>do</strong>s os<br />

participantes seres sócio-históricos, a resposta poderia ser afirmativa, porque<br />

to<strong>do</strong>s nos desenvolvemos nessas condicionantes. Mas, além disso, sen<strong>do</strong> justamente<br />

seres sócio-históricos, desenvolvemos outras condicionantes ao longo<br />

das nossas relações, o que significa, muitas vezes, negar as anteriores. E foi em<br />

torno dessa perspectiva que lidamos com o universo da dança.

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