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Práticas Corporais - Volume 3 - Ministério do Esporte

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192 <strong>Práticas</strong> <strong>Corporais</strong> Experiências em Educação Física para uma formação humana<br />

nentes <strong>do</strong>s grupos, conversamos com eles sobre as dificuldades para apreender<br />

e experienciar o novo. Nesta reflexão, nos demos conta <strong>do</strong> processo em<br />

curso de empobrecimento das possibilidades de percepção e expressão, nos<br />

lembran<strong>do</strong> que constatações como estas, também, foram feitas por Theo<strong>do</strong>r<br />

A<strong>do</strong>rno (1995). Esse autor alertava sobre a necessidade de estar ciente <strong>do</strong>s riscos<br />

e limites da formalização de um processo, ainda que estrutura<strong>do</strong> com as<br />

melhores intenções; prevaleceu, porém, sua indicação de uma necessária<br />

“constituição da aptidão à experiência” (ADORNO, 1995, p.150), como parte<br />

<strong>do</strong> processo de formação humana.<br />

A constituição desta aptidão pressupõe tomar ciência e ir dissolven<strong>do</strong><br />

internamente os mecanismos que levaram a repressão da espontaneidade e a<br />

constituição de estereótipos que estão presentes em cada um de nós, assim<br />

como das pessoas com as quais trabalhamos. Neste processo se poderia constituir<br />

a tomada de decisão consciente para a emancipação, condição necessária<br />

para tal, como este autor indica, assim como sua condição permanente<br />

para se opor à alienação.<br />

Esta análise nos permite identificar a amplitude das possibilidades das<br />

práticas corporais, a qual foi possível, ainda que inicialmente, vislumbrar em<br />

nosso Projeto Integra<strong>do</strong>. O trabalho com as práticas corporais, por atingir diferentes<br />

dimensões – daquela mais pessoal e interna, até a coletiva mais ampla<br />

e geral, desde a orgânica e psíquica, até a apreensão das culturas e formas<br />

de organização econômico-social –, apresenta-se como uma possibilidade<br />

importante para a formação humana.<br />

Entre outras questões que observamos, está a possibilidade <strong>do</strong> trabalho<br />

com as práticas corporais tornar-se pólo irradia<strong>do</strong>r de nexos entre as diferentes<br />

esferas da vida para os sujeitos. Isto porque, paralelamente a um individualismo<br />

crescente em nossa história no Ocidente, vem ocorren<strong>do</strong>, também,<br />

um processo de fragmentação da vida. Observamos, nos relatos iniciais <strong>do</strong>s<br />

sujeitos pesquisa<strong>do</strong>s, uma compreensão da vida como se esta fosse constituída<br />

de esferas isoladas – o trabalho, o lazer, a família, as relações consigo mesmo<br />

– desconectadas entre si e, por vezes, exigin<strong>do</strong> comportamentos estereotipa<strong>do</strong>s,<br />

diferentes “personagens” a serem representa<strong>do</strong>s em cada uma destas<br />

esferas, trazen<strong>do</strong> grandes problemas para a estruturação da identidade.<br />

Os relatos que colhemos nos mostraram alterações significativas na<br />

vida <strong>do</strong>s participantes e que nos falam das experiências com o corpo, com o

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