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Práticas Corporais - Volume 3 - Ministério do Esporte

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96 <strong>Práticas</strong> <strong>Corporais</strong> Experiências em Educação Física para uma formação humana<br />

propõem à busca <strong>do</strong> prazer e parecem funcionar como contraponto ao mun<strong>do</strong><br />

da velocidade e <strong>do</strong> estresse. No entanto, pela lógica social que a abriga, essa<br />

segue, igualmente, constituin<strong>do</strong>-se como mais uma das esferas de controle<br />

social sobre as vontades individuais. <strong>Práticas</strong> complementares à construção <strong>do</strong><br />

corpo deseja<strong>do</strong>, dessa perspectiva, também são formas de manter o corpo sob<br />

controle, assim como a sociedade.<br />

Por vezes permanece a impressão de que, na atualidade, as exigências de um<br />

corpo mais sensível e “comunicante” representam um avanço rumo ao<br />

respeito da vida, individual e coletiva. Pode ser que isso ocorra de fato, e que<br />

muitos <strong>do</strong>s exercícios, dentro e fora da Educação Física, promovam condutas<br />

éticas, politizadas, reunin<strong>do</strong>, num só gesto a saúde individual e coletiva. Mas,<br />

mesmo assim, é preciso estar sempre atento para não transformar as sensibilidades<br />

e a expressividade corporal em palavras mágicas que dispensam críticas,<br />

análises e estu<strong>do</strong>s históricos (SANT´ANNA, 2001b, p.113).<br />

Como superar então essa provocação? Toman<strong>do</strong> novamente SAN-<br />

T'ANNA (2002, p.31) como referência, entendemos que<br />

o grande problema não é tanto o de encontrar estímulos para liberar e embelezar<br />

o corpo, mas sim o de fazê-lo com dignidade e ética, escapan<strong>do</strong> da tendência<br />

generalizada de transformar qualquer valor físico num valor de merca<strong>do</strong>.<br />

O mais difícil hoje, parece, é fazer <strong>do</strong> amor pelo próprio corpo, insistentemente<br />

valoriza<strong>do</strong> pela publicidade, algo que não implique em desamor pelos demais<br />

corpos, ou ainda que não o transforme numa merca<strong>do</strong>ria de fácil liquidez.<br />

Dito isso, tomamos como referência para elaboração deste trabalho o<br />

paradigma <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> enquanto categoria fundamental à proposta de (re)significação<br />

para as práticas corporais.<br />

Segun<strong>do</strong> denuncia Leonar<strong>do</strong> Boff (2003, p.17), a falta de cuida<strong>do</strong> é um<br />

estigma de nosso tempo, assim sen<strong>do</strong>, “precisamos de um novo paradigma de<br />

convivência que funde uma relação mais benfazeja para com a Terra e inaugure<br />

um novo pacto social entre os povos no senti<strong>do</strong> de respeito e de preservação<br />

de tu<strong>do</strong> o que existe e vive”. O autor afirma que a essência <strong>do</strong> ser humano<br />

reside no cuida<strong>do</strong>, atitude que funda uma ética mínima que salvaguarda<br />

a vida, as relações sociais e a preservação da natureza. Trata-se de um mo<strong>do</strong><br />

de ser no qual a relação não é sujeito-objeto, mas sujeito-sujeito. Diz ainda:

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