Práticas Corporais - Volume 3 - Ministério do Esporte
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As artes marciais no caminho <strong>do</strong> guerreiro: novas possibilidades para o karatê-<strong>do</strong> 157<br />
objetivos desta arte marcial, também é entendida por alguns alunos.<br />
Funakoshi nos mostra sobre o sentimento pela arte ao colocar: “treine com o<br />
coração e com a alma, sem se preocupar com a teoria” (FUNAKOSHI, 1999,<br />
p.114) e “Amor ao karatê, amor a si mesmo, amor à família e aos amigos:<br />
to<strong>do</strong>s levam amor a própria pátria. O verdadeiro senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> Karatê-Do só pode<br />
ser alcança<strong>do</strong> através desse amor” (idem, p.110).<br />
Os alunos insinuam que têm como principais objetivos ao participar<br />
das aulas de Karatê-Do: “completar o vazio interior de nosso espírito”, “chegar a<br />
uma graduação de respeito”, “harmonizar o corpo e a mente”, “aprofundar os conhecimentos<br />
para ensinar a outros”.<br />
O “espírito <strong>do</strong> vazio” é o lugar onde não há “nada” (MUSASHI, 2000).<br />
Quan<strong>do</strong> conhecemos as coisas que existem, automaticamente conhecemos as<br />
que não existem. Isso é o verdadeiro vazio, algo que o homem por si só não é<br />
capaz de compreender, muitas vezes se confunde. “Tu<strong>do</strong> o que não compreendemos<br />
é o vazio. Com o espírito apazigua<strong>do</strong> e livre alcançaremos o entendimento<br />
<strong>do</strong> vazio. Conhecen<strong>do</strong> o espírito teremos certeza que este é o verdadeiro<br />
caminho a seguir. No vazio está a virtude e não o mal.” (idem, p.116).<br />
Há um vazio dentro de nós. Isso não quer dizer que não há nada<br />
dentro de nós, isso não significa que não há nada de bom dentro de nós, pois<br />
o que realmente interessa está escondi<strong>do</strong> no meio de tanto sujeira que<br />
guardamos (ódio, inveja etc). É preciso limpar nosso espírito e deixar as virtudes<br />
transbordarem e para isso precisamos das atitudes exteriores (a prática<br />
das Artes Marciais, por exemplo). A arte é sublime, superior, e contribui para<br />
esta experiência. Isso é que chamamos de “vazio ilumina<strong>do</strong>r”, é um vazio,<br />
mas não é um “nada”, existe “algo” que precisa “se manifestar”.<br />
Como faremos para colocar esse pensamento, essas virtudes dentro de<br />
nós? Segun<strong>do</strong> AL-FARABI (apud COSTA, 2002), para que haja educação é<br />
necessário tirar o que há de ruim de dentro, para que não seja um simples<br />
depósito de informação, como nos diz Paulo Freire na “Pedagogia <strong>do</strong> Oprimi<strong>do</strong>”<br />
(educação bancária), na qual o professor simplesmente transmite<br />
informações e o educan<strong>do</strong> as recebe como se “nada” já houvesse dentro dele.<br />
Nossa sociedade, com o passar <strong>do</strong> tempo, perdeu muito de sua capacidade<br />
de se sensibilizar com as experiências de vida, e, como exemplo, podemos<br />
citar a filosofia que muitos gregos a praticavam cotidianamente, abdican<strong>do</strong><br />
da vida “materialista” para alcançarem um outro “esta<strong>do</strong>”. Dentro das