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Práticas Corporais - Volume 3 - Ministério do Esporte

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Dança e seus elementos constituintes: uma experiência contemporânea 123<br />

possibilidades destes movimentos cotidianos na constituição da dança, talvez<br />

como um “desabrigar <strong>do</strong> que é essencial para dentro <strong>do</strong> belo” (idem, p.93),<br />

como soam estas palavras: “Dança é movimento…. Andar, subir escada, respirar,<br />

ver, correr, pular, comer, viver!” (Daiane, 23). É importante salientarmos<br />

que o movimento cotidiano (e outros que apareceram nas aulas), naquelas<br />

condições, dentro de uma sala, com outros colegas, nas relações com a dança<br />

e seu caráter estético, se transformava, tomava outras dimensões e objetivos,<br />

oferecen<strong>do</strong> novas significações e amplian<strong>do</strong> os horizontes das relações entre a<br />

vida e a arte 49 . Não raro apareceram no grupo perguntas como: “Isto que estamos<br />

fazen<strong>do</strong> é dança?” e percebemos um crescente entendimento das possibilidades<br />

que a dança contemporânea tem, como respeitar a individualidade,<br />

as diferenças de corpos e de interesses, através <strong>do</strong> uso de diferentes técnicas<br />

corporais, sejam elas de dança ou não. Nessa perspectiva, o movimento cotidiano<br />

se incorpora à dança na relação com as outras técnicas corporais, e a improvisação<br />

incorpora-se, também, como uma das formas técnicas de movimentação<br />

50 mais usadas na contemporaneidade, tanto na dança-educação<br />

como nas criações <strong>do</strong>s profissionais da dança.<br />

A dialética <strong>do</strong> movimento próprio (de cada um) e o da “dança”<br />

Um <strong>do</strong>s aspectos que mais se evidenciou durante as aulas diz respeito<br />

a desconstrução de movimentos estereotipa<strong>do</strong>s, ou seja, à experimentação própria<br />

e descoberta de outros/novos movimentos em dança, assim como a descoberta<br />

da dança que cada pessoa pode realizar, sem estar atrela<strong>do</strong> a imagens<br />

pré-existentes que cada outra possui/possuía em relação ao que seja dançar e<br />

quais movimentos correspondem a esta ação. Em muitas tarefas propostas, as<br />

pessoas, em geral, não demonstravam dificuldades em realizá-las e, como<br />

observamos num <strong>do</strong>s relatos de campo, “parece que as atividades não são estranhas<br />

para as pessoas e/ou atendem às expectativas daqueles que procuravam<br />

algo diferente”. Essa observação parece evidenciar nas pessoas a importância<br />

da experimentação, da ampliação e da descoberta de movimentos e de<br />

49 Aqui parece ter senti<strong>do</strong> a significação de arte como seu conceito clássico de técnica, “Porque ela era um<br />

desabrigar que levava e punha à luz e, por isso, pertencia à poiesis” (HEIDEGGER, p. 91). Neste trecho <strong>do</strong><br />

texto a palavra poiesis está grifada em grego, mas não conseguimos reproduzi-la, por limitações técnicas.<br />

50 Saraiva-Kunz (1994) diz que a improvisação é CONTEÚDO e MÉTODO para o ensino da dança, colocan<strong>do</strong>nos<br />

a possibilidade de entender a improvisação como “estratégia” de movimento, no momento único de conformar<br />

(forma) as idéias/estímulos/senti<strong>do</strong>s (conteú<strong>do</strong>) da experimentação em se-movimentar.

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