Práticas Corporais - Volume 3 - Ministério do Esporte
Práticas Corporais - Volume 3 - Ministério do Esporte
Práticas Corporais - Volume 3 - Ministério do Esporte
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Basti<strong>do</strong>res das práticas de aventura na natureza 77<br />
que supostamente alimentaria suas íntimas ambigüidades, para assim tentarmos<br />
tecer o substrato de nossas propostas e objetivos, bem como elegermos<br />
categorias específicas de análise e avaliação.<br />
Neste contexto, pelo qual as PA’s estão marcadas, as análises, ingênuas<br />
ou críticas, que vêm sen<strong>do</strong> geradas no interior da área da Educação Física,<br />
não tocam em um aspecto significativo da ampliação destas práticas: o modelo<br />
de desenvolvimento social e econômico assumi<strong>do</strong> pelas culturas capitalistas.<br />
Neste senti<strong>do</strong>, queremos resgatar que a dimensão técnica, a relação dual<br />
entre seres humanos e Natureza, a racionalidade instrumental exacerbada,<br />
entre outras, também são características <strong>do</strong> modelo hegemônico de desenvolvimento.<br />
Só foi possível alcançar o momento tecnológico que hoje assistimos<br />
graças a esta relação dicotômica. Assim, quan<strong>do</strong> propomos que as PA’s<br />
possam servir para estabelecer uma nova relação entre seres humanos e<br />
Natureza, também estamos apontan<strong>do</strong> a necessidade de revermos nossos paradigmas<br />
de produção e de consumo, de degradação ambiental, de extração<br />
ilimitada de recursos naturais renováveis ou não. Este outro olhar, há alguns<br />
anos passou a ser conheci<strong>do</strong> como desenvolvimento sustentável, mas foi de tal<br />
forma incorpora<strong>do</strong>, pelos mais diversos setores da sociedade, como rótulo<br />
ecológico para ações nem sempre consoantes com os pressupostos da preservação<br />
planetária, levan<strong>do</strong>-nos a refletir a validade de sua utilização.<br />
Em 1972, Maurice Strong cunhou o termo Ecodesenvolvimento, buscan<strong>do</strong><br />
resumir numa palavra uma proposta de desenvolvimento orienta<strong>do</strong> de<br />
forma ecológica. Entretanto, foi Ignacy Sachs, que algum tempo depois apresentou<br />
os princípios <strong>do</strong> Ecodesenvolvimento, um modelo que foi além das<br />
questões simplesmente ambientais, amplian<strong>do</strong> seu entendimento para outras<br />
relações: econômicas, sociais e ecológicas (INÁCIO, 2003).<br />
Os estilos de desenvolvimento pre<strong>do</strong>minantes nas sociedades contemporâneas<br />
não favorecem uma internalização coerente e efetiva da problemática<br />
socioambiental. Em outras palavras, estaria sen<strong>do</strong> desconsiderada a especificidade<br />
<strong>do</strong> ambiente visto como o espaço onde se dão as interações entre<br />
processos naturais e socioculturais, e como hábitat em senti<strong>do</strong> amplo, corresponden<strong>do</strong><br />
à qualidade da infra-estrutura física e institucional que influencia<br />
as condições gerais de vida das populações (habitação, trabalho, lazer, autorealização<br />
existencial) e a própria resiliência <strong>do</strong>s sistemas socioambientais no<br />
longo prazo.