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Práticas Corporais - Volume 3 - Ministério do Esporte

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82 <strong>Práticas</strong> <strong>Corporais</strong> Experiências em Educação Física para uma formação humana<br />

ALTERIDADE E COMPOSIÇÃO<br />

SANTOS (op.cit., p.24) nos traz um fértil entendimento quan<strong>do</strong><br />

aponta como idéia central da própria técnica uma perspectiva que não admite<br />

a indissociação entre o humano e o não humano; em outras palavras, nos indica<br />

uma perspectiva onde a técnica somente poderia materializar-se no momento<br />

em que emerge imbricada na relação visceral entre as esferas humanas<br />

e extra-humanas, seja em uma lógica de <strong>do</strong>mínio ou de composição. Nesta<br />

direção, no núcleo da técnica poderíamos assim escutar o reverberar <strong>do</strong> eco de<br />

suas pretensões originárias e tentarmos apreender aquilo que elas nos insinuam<br />

para sua existência contemporânea. E, neste movimento, portanto, nos<br />

seria possível cultivar outras possibilidades e concepções para as relações de<br />

alteridade entre humanos e entre humano e Natureza.<br />

Com Denise Jodelet (1998, p.49), podemos perceber que uma relação<br />

de alteridade seria uma relação que se constitui num “duplo processo de construção<br />

e de exclusão social”. A alteridade seria, portanto, aquilo que nos permite<br />

definir uma identidade, ou seja, definir relações identitárias com outras<br />

pessoas ou com lugares, espaços, grupos etc. Nas PA’s, através da alteridade,<br />

podemos enxergar a nós mesmos naquilo que não está em nós, sejam as outras<br />

pessoas – professores e colegas –, seja também a Natureza “inorgânica” fisicamente<br />

manifestada. Neste processo duplo e dialético de estabelecimento de<br />

alteridades, podemos assim acabar, em algum senti<strong>do</strong>, enxergan<strong>do</strong> em nós estes<br />

mesmos elementos constituintes, produzin<strong>do</strong> com este olhar uma unidade<br />

formada por inúmeras dimensões.<br />

No momento em que possibilita aos sujeitos um certo descentramento<br />

<strong>do</strong> ‘eu’, a relação de alteridade os permite perceber os matizes <strong>do</strong> outro que<br />

compõem as suas existências, da mesma forma que admite a percepção da<br />

reciprocidade deste movimento. Assim sen<strong>do</strong>, é dada a abertura e a oportunidade<br />

<strong>do</strong> indivíduo perceber o quanto compõe e é composto por outros, bem<br />

como, em alguma medida, pelas manifestações físicas <strong>do</strong>s elementos que configuram<br />

a Natureza.<br />

Neste contexto, a “medida <strong>do</strong> reconhecimento” indicada como referência<br />

originária da técnica pré-moderna, poderia nos possibilitar aqui uma relação<br />

de alteridade com a Natureza pautada não sobre o <strong>do</strong>mínio e o desafio, mas<br />

sim nos abre a oportunidade de construir com ela uma relação de composição.

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