Práticas Corporais - Volume 3 - Ministério do Esporte
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As práticas corporais em foco: a análise da experiência em questão 205<br />
dades. Como nos ensina Walter Benjamin (1985, p.116), esta pobreza mostra<br />
sua face negativa na barbárie, mas, ao nos tornar “tabula rasa”, coloca-se como<br />
positividade, nos permitin<strong>do</strong> recomeçar <strong>do</strong> nada, ir em frente. Contraporse<br />
ao empobrecimento da experiência requer gestos significativos e ausência<br />
de movimento; requer o afastamento das ações e comportamentos automatiza<strong>do</strong>s<br />
e a aprender com o velho; requer, antes de falar, calar para dizer de si e<br />
ouvir. A experiência constitui-se a partir da intenção de cultivar o encontro,<br />
compartilhar, aban<strong>do</strong>nar a si mesmo para constituir-se outro. A experiência<br />
desempenha um papel fundante na formação humana e constitui-se como<br />
visceralmente enraizada no corpo. Só nos tornamos parte <strong>do</strong> gênero humano<br />
na relação com o Outro; aprender com a experiência é constituir nossa corporeidade<br />
com aquilo que não somos, mas que poderíamos ser. É desta perspectiva<br />
que podemos compreender a importância <strong>do</strong> trabalho com as práticas<br />
corporais. Constituir a experiência com a intensidade <strong>do</strong> momento para potencializar<br />
outras vivências, ainda que cientes da impossibilidade de cada<br />
momento, papel daqueles que buscam construir outros conhecimentos e outras<br />
intervenções sociais que se encaminhem numa direção emancipatória.<br />
Queremos destacar que nossa intenção prioritária, aqui neste momento<br />
74 , foi reforçar a indicação de alguns aspectos que avaliamos como significativos<br />
nos princípios nortea<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Projeto Integra<strong>do</strong> e no trabalho de campo<br />
desenvolvi<strong>do</strong>. Dentre estes aspectos, ressaltamos a importância <strong>do</strong> princípio<br />
da gratuidade, que possibilita um nível de acesso mais amplo e distancia <strong>do</strong>s<br />
limites que a mediação econômica constitui nas relações humanas. Além disso,<br />
destacamos a importância <strong>do</strong> trabalho ser organiza<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong>s princípios<br />
da pesquisa, como forma de investigação da realidade e sem abrir mão <strong>do</strong><br />
processo sistemático de produção <strong>do</strong> conhecimento, capaz de melhor auxiliar<br />
na reconstrução desta realidade que nos é contemporânea.<br />
Neste contexto, buscamos reunir forças para “praticar a utopia”, como<br />
nos fala Slavoj Zizek (2004, p.130), para praticar o sonho que nos mobiliza.<br />
Nossa intenção é contribuir para a construção de uma outra cultura onde<br />
74 Uma avaliação mais detalhada <strong>do</strong> trabalho, incluin<strong>do</strong> as limitações da investigação-ação que desenvolvemos,<br />
esta desenvolvida no relatório final <strong>do</strong> Projeto Integra<strong>do</strong>, assim como nos relatórios de cada um <strong>do</strong>s sete<br />
Subprojetos desenvolvi<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>cumentos estes que totalizaram mais de quinhentas páginas. O relatório pode ser<br />
encontra<strong>do</strong> com o grupo de pesquisa, assim como cópias foram depositadas na Câmara de Pesquisa <strong>do</strong> Centro<br />
de Desportos da Universidade Federal de Santa Catarina e junto à Secretaria Nacional de Desenvolvimento <strong>do</strong><br />
<strong>Esporte</strong> e Lazer <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, órgão financia<strong>do</strong>r deste Projeto.