percursos pedestres no parque natural do vale do guadiana

Guadiana – o grande rio do sul
e ser feita, quer em zonas onde previamente se destruiu toda a vegetação arbustiva e
arbórea, bem como em terrenos outrora utilizados para a prática da agricultura
tradicional. Este facto veio introduzir alterações profundas na paisagem, com
consequências ao nível do próprio equilíbrio ecológico. A sua plantação implica a
substituição das comunidades existentes, vegetais e animais, por outras. Isso significa
que as espécies que aí ocorriam, nomeadamente da fauna, tenham que procurar outros
locais; acontece que muitas dessas espécies são específicas dos habitats que foram
destruídos e, por isso, não têm capacidade para se adaptar a outras condições,
acabando por desaparecer. Por outro lado, constata-se que as comunidades que surgem
no pinhal são muito mais pobres em temos de diversidade, comparativamente por
exemplo aos matagais.
� Histórias para contar
O rio Guadiana (cuja denominação actual provém da junção do vocábulo árabe para rio,
“uádi” e do nome dado ao rio pelos romanos “Ana”), nasce na província espanhola de
Albacete e percorre cerca de 820 kms até à foz, em Vila Real de Santo António.
Considerado o mais navegável dos rios portugueses, possibilita a circulação de navios
entre Vila Real de Santo António e o Pomarão, e de embarcações de pequeno calado até
Mértola. A navegabilidade deste rio permitiu a existência, desde tempos muito
recuados, dum intenso tráfego fluvial, sendo por vezes apelidado de auto-estrada da
Antiguidade, ao permitir a ligação das civilizações mediterrânicas.
O Rio Guadiana continuava a ser, no século XVIII, a melhor opção para quem vinha do
Sul de Espanha ou de Itália e se dirigia às cidades alentejanas, e mesmo Lisboa. De
Castro Marim, os barcos subiam até Mértola e, a partir deste ponto, o resto da viagem
era feita por terra. Devido à sua localização estratégica esta vila afirmou-se como um
importante entreposto comercial. Pelas águas do grande rio subiam produtos vindos de
longínquos lugares do mediterrâneo, mas também outros oriundos de terras algarvias
que contribuíam com peixe, sal e frutas para a vida das gentes do interior. Mértola só
não recebia os produtos perecíveis, bem como a carne e o leite por serem abundantes
na região. Daqui partiam também produtos essenciais como os cereais, a lã e o tão
requisitado minério, já explorado deste o período romano.
O transporte regular de passageiros parece ter-se iniciado com o navio a vapor. tendo
continuado até meados do século passado. O trajecto que ligava Mértola a Vila Real de
Santo António demorava cerca de 5 horas, e os horários dependiam das marés, pois só
com a maré-alta era possível transpor os vaus 8 que ocorrem no rio. Este meio de
transporte, amplamente usado durante muitos anos, só foi abandonado com o
8 Locais onde o fundo do leito se encontra a menos profundidade
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