percursos pedestres no parque natural do vale do guadiana

Ao encontro do Vale do Guadiana
hesitarão em fugir ao mínimo sinal da nossa presença �. Aos poucos a vegetação
começa a mudar, facto assinalável pelo aumento do número de Estevas que teimam em
colar-se à nossa roupa. A estas plantas associam-se outras plantas aromáticas, como o
inconfundível Rosmaninho �. De tempos a tempos interceptamos outros caminhos, mas
o nosso percurso prossegue sempre para a esquerda.
As toutinegras são algumas das aves que reinam neste local, sendo a sua observação
relativamente fácil. De hábitos mais secretivos, o Saca-rabos também utiliza estes
caminhos em busca de presas como insectos, coelhos e cobras. Estes animais
comunicam entre si através de assobios perceptíveis aos nosso ouvidos, mas
provavelmente teremos que contentar-nos com meros vestígios da sua presença, tarefa
apenas fácil para os mais experientes. Passo a passo vamos somando quilómetros e
aumenta a ansiedade à medida que nos aproximamos do rio. Este trajecto já foi
percorrido por muita gente, como turistas, pescadores, pastores e caçadores. Aqui perto
passaram também aqueles que, pela calada da noite e sempre por caminhos pouco
conhecidos, tentavam a sua sorte com uma actividade ilegal mas cujo risco
compensava, os contrabandistas �. Nem mesmo o facto da vegetação se tornar cada
vez mais cerrada à medida que o rio fica mais próximo, nem a presença de espécies
espinhosas como o Tojo, impediam estes homens e mulheres de tentar sua sorte.
Se espreitarmos para as encostas do vale, reparamos que, para além das espécies
encontradas ao longo do nosso caminho, aparecem outras como a Aroeira � e a Murta,
sendo o estrato arbóreo também representado, embora de forma mais dispersa, por
árvores como a Azinheira e o Zambujeiro, cujos troncos servem de poleiros ao Pisco-de-
peito-ruivo, ao Chapim-real e ao Chapim-azul. E finalmente vislumbramos o rio
Guadiana em todo o seu esplendor �!
Do alto da margem direita temos a percepção da paisagem envolvente deste local, com
a água aos nossos pés, os vales cobertos de matagal e de vegetação ribeirinha, numa
perfeita associação com zonas rochosas, e onde a intervenção humana pouco se faz
sentir �. A esta beleza aliam-se importantes valores cuja preservação esteve na base
da criação desta área protegida que, como sabemos, foi dado o nome de Parque Natural
do Vale do Guadiana. Sob estas águas nadam peixes característicos de ambientes
dulciaquícolas (águas doces), alguns dos quais só ocorrem na bacia deste rio. Mas estas
águas são também partilhadas por muitos outros peixes, como os migradores que
chegam a percorrer milhares de quilómetros para virem aqui desovar �, ou aqueles
que, embora não sejam típicos desta região, chegaram até aqui pela mão do Homem.
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