percursos pedestres no parque natural do vale do guadiana

Ao encontro do Vale do Guadiana
alimentarem, e para muitos a viagem será terminal pois morrem após a desova. São
histórias da natureza, se calhar estranhas e mesmo cruéis para alguns de nós, e que se
repetem todos os anos. Nelas podemos encontrar situações interessantes, como o caso
do barulho provocado pelo rodopiar da fêmea do Sável durante a desova, sendo nessa
altura seguida por um ou dois machos. Após a eclosão, a maioria das larvas permanece
em água doce ou salobra bastante tempo, embora a sua duração seja variável entre as
espécies, podendo chegar aos 5 anos no caso da Lampreia. Quando atingem a fase
juvenil dirigem-se para o mar, onde permanecem até atingirem a maturação sexual, e
então a história repete-se quando chega a altura da reprodução.
Embora muitos dos peixes migradores encontrados no Guadiana sejam anádromos,
(sobem os rios para desovar), há excepções, como por exemplo a Enguia, que vive no
rio e migra para o mar para se reproduzir, sendo por isso uma espécie catádroma. A
desova ocorre no Mar dos Sargaços, na costa americana, e logo após a eclosão as
larvas iniciam a sua migração para o continente europeu, que dura cerca de 3 anos,
atingindo os rios sob a forma de Meixão (ou Enguia-de-vidro). À medida que sobem o
rio a sua coloração vai escurecendo.
Há fenómenos impressionantes, mais marcantes numas espécies que noutras, como no
caso do Sável e da Savelha, em que os indivíduos regressam sempre ao local de
origem, comportamento conhecido por “homing”, e que significa que os adultos que
aqui chegam para se reproduzir são as larvas que há uns anos partiram destas águas
em direcção ao mar para aí crescerem. Para além disso, estes peixes conseguem resistir
às diferenças de salinidade encontradas no rio e no mar, sofrendo transformações
fisiológicas antes de transitarem de um meio para outro!
No passado, os migradores existiam em quase todas as bacias hidrográficas
portuguesas, mas ao longo dos anos o seu percurso tem sido dificultado pelo crescente
número de barreiras. A construção de barragens, cujos paredões impedem a subida do
rio, a poluição que teme em diminuir e a perturbação do leito do rio, são alguns dos
problemas actuais e para os quais o Homem tem que encontrar uma solução, pois de
contrário estas espécies desaparecerão dos nossos rios, como aconteceu com o
Esturjão.
� Curiosidades para desvendar
O contrabando foi uma actividade que teve uma grande expressão nesta região,
durante a Guerra Civil de Espanha e no período que lhe seguiu, até aos anos 1960. A
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