percursos pedestres no parque natural do vale do guadiana

Ao ritmo das águas do Vascão
minúsculos vermes, caracóis e larvas de insectos e continuam a sua viagem na boleia
das águas. A perseverança desta ribeira é forçosamente retardada nos meses de Verão,
quando o caudal se reduz a pequenos fios de água, um “fardo pesado” característico do
clima mediterrânico. A chegada do Inverno trás uma nova dinâmica ao Vascão, que
tenta recuperar o atraso dos meses de estiagem. Na sua progressão, vai interceptando
outros riachos e ribeiras, e o caudal ganha mais volume e começa a ter pressa de
chegar à foz. Mesmo sem muita força, a corrente é suficiente para garantir a
oxigenação das águas e a distribuição dos nutrientes, abrindo caminho por entre o vale.
As suas encostas encontram-se revestidas por Estevas, associadas aos solos pobres e
degradados resultantes da intensa exploração agrícola a que foram sujeitos durante
largos anos. Perto das margens, a vegetação é tipicamente ribeirinha, destacando-se o
Loendro e o Tamujo, e é aqui que muitos animais encontram alimento e abrigo para se
esconderem dos olhares dos predadores e de simples curiosos, como nós. Os seus
vestígios denunciam no entanto a sua presença e esclarecem-nos acerca dos seus
habitantes, onde se incluem espécies ameaçadas, como a Lontra.
A Ribeira do Vascão é, por excelência, a eleita das espécies piscícolas, estando aqui
representadas praticamente todas as que ocorrem no Parque. O reduzido caudal, a
pouca profundidade, a presença de zonas bem oxigenadas com alguma corrente e a
ocorrência de fundos pedregosos, são algumas das características que mantêm esta
diversidade piscícola, composta essencialmente por espécies dulciaquícolas. A maior
partes só existe na Península Ibérica ou, como é o caso do Sarumugo, apenas na Bacia
do Guadiana, tornando-o uma das espécies mais emblemáticas do Parque e aumentado
a nossa responsabilidade para a sua conservação.
Se, por um lado, é a qualidade e as características destas águas que possibilitam a
ocorrência desta elevada riqueza faunística, também é delas que provêem os maiores
perigos à sua sobrevivência. Mesmo sem grande valor comercial, estas espécies estão
quase todas ameaçadas, sendo as mais problemáticas, para além do Saramugo, a
Boga-de-boca-arqueada e o Caboz-de-água-doce. Para esta situação têm contribuído as
barragens, que não só impedem as migrações dos peixes para locais adequados para
realizarem as posturas, como também isolam as populações em núcleos tão pequenos
que as torna inviáveis. Porém, outros animais podem também constituir uma ameaça,
concretamente as espécies exóticas que foram introduzidas nos cursos de água
espanhóis e acabaram por aqui chegar. O Achigã, a Perca-sol e o Lagostim-vermelho,
entre outros, predam as espécies dulciaquícolas indígenas, competem pelo alimento e
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