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Het verhaal van twee steden - files.slau.nl

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saúda um barco que percorre o mar,<br />

e, mais longe, há um banco apalaçado<br />

com uma tabuleta onde diz Câmbio.<br />

Assim passamos ambos junto às montras.<br />

Nisto, ele esvai-se por uma travessa.<br />

Som de sineta. Há-de ter entrado<br />

ali onde se lê Barba e Cabelo.<br />

O comprimido espaço, com armários<br />

em volta e a cosmética cheirosa,<br />

parece acentuar-se em pequenez.<br />

Awater – eu, confesso, estou feliz<br />

de vê-lo, quase o havia perdido –<br />

enfrenta uma bacia em porcelana,<br />

envolto em veste de linho engomado.<br />

Faz o barbeiro o trabalho, eu ocupo<br />

uma cadeira, como esp’rando vez.<br />

Nunca eu Awater vira tão de perto<br />

como ali, pelo espelho, e também nunca<br />

o tive assim tão fácil de tocar.<br />

Entre os boiões, estilhaçado em brilhos,<br />

ei-lo no espelho como um icebergue<br />

que os lisos lábios da tesoura afloram.<br />

Mas chega a primavera e, enquanto passam<br />

vapores de aguaceiro, o pente cava<br />

a risca na agitada cabeleira.<br />

Despede-se Awater do barbeiro<br />

e eu sigo-o pela rua, maquinal.<br />

O acaso encontra atalhos rumo ao fito.<br />

Não querem ver que Awater se dirige<br />

ao café onde eu via o meu irmão?<br />

Nem mais, e vai sentar-se ao nosso canto.<br />

Instalo-me arredado. Espaço à larga.<br />

Conhece-me o empregado, e o que eu sinto.<br />

Limpou a mesa já por duas vezes,<br />

deixando-se estar, c’o pano na mão,<br />

silencioso junto ao meu assento.<br />

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