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Obras selecionadas de lutero, os primordios, escritos de

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Tese 31<br />

Tüo raro como quem é penitente <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> é quem adquire autentica-<br />

ttrerrte as indulgências, ou seja, é rarissimo.<br />

Falo novamente segundo o modo <strong>de</strong> pensar <strong>de</strong>les, para que vejam ate-<br />

iiicrida<strong>de</strong>, sim, a contradição <strong>de</strong> sua pregação licenci<strong>os</strong>a. Enquanto clamam<br />

qiic as indulgências aproveitam a tantas pessoas e, não obstante, confessam<br />

qiic são poucas as que trilham o caminho estreito, eles nem mesmo enrubes-<br />

ccin e não prestam atenção no que falam. Mas não admira. É que eles não as-<br />

hiiiiiiram o oficio <strong>de</strong> ensinar a contrição e o caminho estreito. Assim pois, di-<br />

co riiinha opinião: embora pouc<strong>os</strong> sejam contrit<strong>os</strong>, muit<strong>os</strong>, sim, todoi em to-<br />

cIn a Igreja po<strong>de</strong>riam estar livres das penas d<strong>os</strong> cânones através da abolição<br />

(10s cânones - como, aliás, agora em verda<strong>de</strong> estão.<br />

Tese 32<br />

Serão con<strong>de</strong>nad<strong>os</strong> em eternida<strong>de</strong>, juntamente com seus mestres, aqueles<br />

.se julgam segur<strong>os</strong> <strong>de</strong> sua salvaçáo através <strong>de</strong> carta <strong>de</strong> indulgência.<br />

Esta tese eu mantenho e <strong>de</strong>monstro:<br />

Assim diz Jr 17.5: "Maldito é quem <strong>de</strong>p<strong>os</strong>ita sua esperança no ser humatio<br />

e consi<strong>de</strong>ra a carne como seu braço." Pois não tem<strong>os</strong> qualquer confiança<br />

dc salvação senão unicamente Jesus Cristo, e "abaixo do céu não é dado neiiliuin<br />

outro nome pelo que1 importa que sejam<strong>os</strong> salv<strong>os</strong>", At 152s2. Fora,<br />

1x)r1aiito, com a confiança em cartas mortas, no nome "indulgências", no<br />

iioiiic "intercessão"! Em segundo lugar, como disse, as cartas e indulgências<br />

ii:ida conferem <strong>de</strong> salvação. Elas apenas removem as penas, e tão-somente as<br />

c;iiii>iiicas, e nem mesmo todas as canônicas. Oxalá aqui a terra e toda a sua<br />

~>lciii!ti<strong>de</strong> gemessem comigo e chorassem por causa da sedução do povo cris-<br />

1:io qiie, em toda parte, não enten<strong>de</strong> as indulgências <strong>de</strong> outra forma senão coiiio<br />

sciido salutares e úteis para o fruto do Espírito! Também iião admira, já<br />

iiiic n verda<strong>de</strong> manifesta da coisa não lhe é exp<strong>os</strong>ta. Infelizes d<strong>os</strong> cristã<strong>os</strong>,<br />

~~iii', rio que diz respeito a salvação, não po<strong>de</strong>m confiar nem em seus mérit<strong>os</strong><br />

iiriii crri sua boa consciência! Ensinam-lhes a confiar num papel escrito e encri:ido.<br />

Por que eu não haveria <strong>de</strong> falar nesses term<strong>os</strong>? O que mais e dado ali,<br />

1)cigiiiilo eu? Não é contrição, não é fé, não é graça, mas tão-somente [a reiiiiss3o<br />

<strong>de</strong>] penas do ser humano externo, estabelecidas pel<strong>os</strong> cânoues. E para<br />

ili&:rcssionar iim pouco: eu mesmo ouvi muitas pessoas que, tendo dado diiiliciro<br />

c comprado cartas, nelas colocaram toda a sua confiança. Pois ou elas<br />

:iuiiii oiivirarii (como diziam) ou (como creio por causa da honra) entendci<br />

;iiii qiic <strong>os</strong> pregadores <strong>de</strong> indulgências assim ensiiiam. Não estou censiirando<br />

[ninguém] aqui, assim como também não <strong>de</strong>vo, já que não ouvi pregadores<br />

<strong>de</strong> indulgências. Por mim, eles que se <strong>de</strong>sculpem até ficarem mais branc<strong>os</strong> do<br />

que a neve. O certo é que <strong>de</strong>vem ser redargüid<strong>os</strong> <strong>os</strong> ouvid<strong>os</strong> do povo, que es-<br />

tão tão suj<strong>os</strong>, que ele ouve tão-somente coisas pestíferas quando eles dizem<br />

coisas salutares. Por exemplo: quando eles dizem: "Antes <strong>de</strong> mais nada, ir-<br />

mã<strong>os</strong>, cre<strong>de</strong> e confiai em Cristo e fazei penitência, carregai sua cruz, segui a<br />

Cristo, mortificai v<strong>os</strong>s<strong>os</strong> membr<strong>os</strong>, apren<strong>de</strong>i a não temer as penas e a morte.<br />

Antes <strong>de</strong> mais nada, ten<strong>de</strong> amor mútuo entre vós, servi uns a<strong>os</strong> outr<strong>os</strong> tam-<br />

bém não fazendo caso das indulgências, auxiliai em primeiro lugar <strong>os</strong> pobres<br />

e doentes." Quando, digo, eles dizem essas coisas, bem como coisas seme-<br />

lhantes, tão pied<strong>os</strong>as, religi<strong>os</strong>as e santas, o povo insipiente, subvertido atra-<br />

vés <strong>de</strong> um novo milagre, ouve coisas bem diferentes2";a saber: "Ó seres hu-<br />

man<strong>os</strong> insensat<strong>os</strong> e gr<strong>os</strong>seir<strong>os</strong>, quase semelhantes a<strong>os</strong> animais, que não com-<br />

preen<strong>de</strong>is tão gran<strong>de</strong> efusão <strong>de</strong> graças! Eis que agora o céu está aberto <strong>de</strong> to-<br />

d<strong>os</strong> <strong>os</strong> lad<strong>os</strong>! Se não entrares agora, quando é que alguma vez vais entrar?<br />

Ve<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>is redimir tantas almas! O gente dura, dura e negligente! Por 12<br />

<strong>de</strong>nári<strong>os</strong> po<strong>de</strong>s fazer teu pai sair, e és tão ingrato que não socorres teu pai em<br />

tão gran<strong>de</strong>s penas? No juizo final eu certamente serei excnsado, mas vós se-<br />

reis mais acusad<strong>os</strong> por haver<strong>de</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhado tão gran<strong>de</strong> salvação. Digo-te: se<br />

tivesses uma única túnica, acho que <strong>de</strong>verias tirá-la e vendê-la para obter tão<br />

gran<strong>de</strong>s graças." Mas quando se chega a<strong>os</strong> que falam contra a graça234 (ao<br />

passo que aqueles até transbordam puras bênçã<strong>os</strong>), o povo fica apavorado,<br />

com medo <strong>de</strong> que o céu vai <strong>de</strong>sabar e a terra se fen<strong>de</strong>r, e ouve que está amea-<br />

çado por penas muito piores do que as do inferno, <strong>de</strong> modo que talvez seja<br />

verda<strong>de</strong> que, quando aqueles maldizem, Deus bendiz através das maldições<br />

<strong>de</strong>les, e quando eles bendizem, Deus amaldiçoa. Pois <strong>de</strong> que outra forma po-<br />

<strong>de</strong>ria acontecer que eles dizem coisas tão diferentes das que o povo ouve?<br />

Quem é que po<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r? De on<strong>de</strong>, pergunto eu, vêm essas palavras-<br />

fantasma? Mas não creio em tudo o que o povo diz ter ouvido aqui e ali. Do<br />

contrário, eu consi<strong>de</strong>raria heréticas, impias e blasfemas as coisas que eles pre-<br />

gam. Não creio que é verda<strong>de</strong> que um <strong>de</strong>les proibiu que acontecessem as exé-<br />

quias d<strong>os</strong> <strong>de</strong>funt<strong>os</strong> e o convite d<strong>os</strong> sacerdotes2", [or<strong>de</strong>nando] que quem que-<br />

ria que f<strong>os</strong>sem realizadas exéquias, missas e cerimônias em memória d<strong>os</strong><br />

mort<strong>os</strong> <strong>de</strong>veria, antes, <strong>de</strong>p<strong>os</strong>itar236 na caixa. O povo também inventa essas<br />

coisas. Não creio naquela fábula cheia <strong>de</strong> mentiras contada por alguém, di-<br />

zendo que em certo lugar não sei quantas mil (se bem me lembro, três ou cin-<br />

co mil) almas foram redimidas por meio <strong>de</strong>ssas indulgências, <strong>de</strong>ntre as quais<br />

só três foram con<strong>de</strong>nadas porque <strong>de</strong>traíram as indulgências. Ninguém disse<br />

isso, mas, enquanto eles falavam sobre a paixão <strong>de</strong> Cristo, o povo ouviu tais<br />

coisas ou, <strong>de</strong>pois, imaginou que as ouviu. Não creio que é verda<strong>de</strong> que, aqui<br />

-~ ~<br />

233 Tem<strong>os</strong> aqui o auge da polêmica <strong>de</strong> Lurero contra Tetrei, o qual é atacado com gran<strong>de</strong>s do-<br />

ses <strong>de</strong> ironia.<br />

234 Sc. das indiilgências.<br />

235 Sc. ,>;ira a* crkquias.<br />

21íi Sc. iliiiliciro.

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