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Obras selecionadas de lutero, os primordios, escritos de

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110, mas não po<strong>de</strong>m matar a alma." [Mt 10.28.1 "Quem me confessar perante<br />

irs seres human<strong>os</strong>, também eu o confessarei diante <strong>de</strong> meu Pai." [Mt 10.32.1<br />

lintretanto, admira-me muito quem inventou por primeiro essa gl<strong>os</strong>a <strong>de</strong> que<br />

tis duas espadas significam que uma é espiritual (não como o apóstoto3'o a<br />

chama, a saber, a espada do Espirito, a palavra <strong>de</strong> Deus) e a outra, material,<br />

ile modo a, assim, n<strong>os</strong> fazerem do pontífice, armado com amb<strong>os</strong> <strong>os</strong> po<strong>de</strong>res,<br />

i130 um pai amável, mas como que um tirano temível, em quem não vem<strong>os</strong><br />

sciião po<strong>de</strong>r por tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> lad<strong>os</strong>.<br />

E esta é a fi<strong>de</strong>lissima gl<strong>os</strong>a sobre <strong>os</strong> <strong>de</strong>cret<strong>os</strong> d<strong>os</strong> pais, em que tão rigidaiiicnte<br />

se proíbem as armas a<strong>os</strong> clérig<strong>os</strong>. Vê aqui se o Deus irado, vendo que,<br />

ciii lugar da espada do Espirito e do Evangelho, preferim<strong>os</strong> compreen<strong>de</strong>r<br />

iiiiia espada <strong>de</strong> ferro, não agiu justissimamente con<strong>os</strong>co dando-n<strong>os</strong> a espada<br />

qiic quisem<strong>os</strong> e tirando-n<strong>os</strong> a que não quisem<strong>os</strong>, <strong>de</strong> modo que em parte algutiia<br />

do mundo <strong>os</strong> estrag<strong>os</strong> das guerras foram mais cruéis do que entre <strong>os</strong> crisiã<strong>os</strong>,<br />

e <strong>de</strong> modo que, inversamente, a Sagrada Escritura dificilmente foi ma+<br />

iicgligenciada do que entre <strong>os</strong> cristã<strong>os</strong>. Eis que tens a espada que quiseste! O<br />

gl<strong>os</strong>a digna do próprio inferno! No entanto, ainda som<strong>os</strong> <strong>de</strong> pedra, <strong>de</strong> modo<br />

qiie não percebem<strong>os</strong> a ira <strong>de</strong> Deus. Por que, pergunto eu, aquela amabilissiiiia<br />

inteligência não interpreta também as duas chaves com igual sutileza, a<br />

saber, que uma prodigaliza as riquezas do mundo, a outra, porém, as riqueziis<br />

do céu? A respeito <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>las a opinião é suficientemente manifesta,<br />

porque, segundo <strong>os</strong> pregadores <strong>de</strong> indulgências, ela abre incessantemente o<br />

ct~i e faz as riquezas <strong>de</strong> Cristo transbordarem. Mas ele não po<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a<br />

iliiira assim, sabedor da voragem avidissima <strong>de</strong> riquezas existente na Igreja.<br />

I'ois não é conveniente a Igreja e ao patrimônio <strong>de</strong> Cristo dissipar as riquezas<br />

CIO céu. Por isso, a outra chave é a chave da ciência. Se se acrescentasse: "A<br />

oiiira espada é a espada da ciência", se falaria ap<strong>os</strong>tolicamente. Em todas ess:is<br />

coisas o furor do Senhor ainda não está afastado, sua mão ainda está<br />

cstciidida3", e isto porque é uma coisa extraordinariamente pen<strong>os</strong>a estudar as<br />

Sagradas Escrituras. Delas munid<strong>os</strong> (segundo o apóstolo), <strong>de</strong>struiríam<strong>os</strong> foriificações<br />

e toda altitu<strong>de</strong> que se levanta contra o conhecimento <strong>de</strong> DeusJ7z.<br />

Agi';ida-n<strong>os</strong> uma economia <strong>de</strong>sse labor, <strong>de</strong> modo que não <strong>de</strong>struím<strong>os</strong> as here-<br />

~i:is oii <strong>os</strong> err<strong>os</strong>, mas queimam<strong>os</strong> <strong>os</strong> hereges e <strong>os</strong> que erram. Nisto n<strong>os</strong> orien-<br />

i:iiii~is pelo conselho <strong>de</strong> Catão - [que consi<strong>de</strong>ram<strong>os</strong>] melhor que o <strong>de</strong> Cipião<br />

acerca da <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> CartagollJ. Sim, [fazem<strong>os</strong> isto] contra a vonta<strong>de</strong><br />

i111 I;,spirito, que escreve que jebuseus e cananeus foram <strong>de</strong>ixad<strong>os</strong> na terra da<br />

~iri~iiiissão para que <strong>os</strong> filh<strong>os</strong> <strong>de</strong> Israel apren<strong>de</strong>ssem a fazer guerra e tivessem<br />

ii Ii!iliii~i da guerra. Se S. Jerónimo não me engana, creio que isso foi prefigu-<br />

rado a respeito das guerras contra <strong>os</strong> hereges"'. Ou então o apóstolo, por cer-<br />

to, merece crédito ao dizer: "Importa que haja hereges." [l Co 11.19.1 Nós,<br />

entretanto, dizem<strong>os</strong>: "De forma alguma. Importa queimar <strong>os</strong> hereges e, as-<br />

sim, arrancar a raiz junto com <strong>os</strong> frut<strong>os</strong>, sim, o joio junto com o trigo." O<br />

que direm<strong>os</strong> quanto a isto, exceto dizer com lágrimas ao Senhor: "Tu és jus-<br />

to, Senhor, e reto é o teu juizo" [Sl 119.1371? Pois que outra coisa merece-<br />

m<strong>os</strong>? Ora, menciono essas coisas também para que <strong>os</strong> begard<strong>os</strong>, n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> vizi-<br />

nh<strong>os</strong>, hereges, povo infeliz, que se regozija com o fedor romano (assim como<br />

o fariseu em relação ao publicano375), mas não se compa<strong>de</strong>ce - para que, di-<br />

go, eles não creiam que nós <strong>de</strong>sconhecem<strong>os</strong> n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> vici<strong>os</strong> e nódoas e não se<br />

ensoberbeçam <strong>de</strong>smesuradamente contra n<strong>os</strong>sa miséria, se parece que <strong>os</strong> si-<br />

lenciam<strong>os</strong> e aprovam<strong>os</strong>. Nós conhecein<strong>os</strong> n<strong>os</strong>sa <strong>de</strong>sgraça e sofrem<strong>os</strong> por cau-<br />

sa <strong>de</strong>la, mas não fugim<strong>os</strong> como <strong>os</strong> hereges e não passam<strong>os</strong> ao largo do<br />

semimort03'6, como se temêssem<strong>os</strong> n<strong>os</strong> manchar com pecad<strong>os</strong> alhei<strong>os</strong>. Devi-<br />

do a esse insensato temor eles temem <strong>de</strong> tal maneira que não têm vergonha <strong>de</strong><br />

se gloriar que fogem para não serem manchad<strong>os</strong>. Tão gran<strong>de</strong> é o amor<br />

[<strong>de</strong>les]! Nós, porém, quanto mais miseravelmente sofre a Igreja, tanto mais<br />

fielmente assistim<strong>os</strong> e acorrem<strong>os</strong> chorando, orando, advertindo, suplicando.<br />

Pois assim or<strong>de</strong>na o amor, que levem<strong>os</strong> as cargas uns d<strong>os</strong> outr<strong>os</strong>37', não como<br />

faz o amor d<strong>os</strong> hereges, que só procura o proveito do outro para ser, antes,<br />

carregado e para não suportar nada <strong>de</strong> molesto d<strong>os</strong> pecad<strong>os</strong> d<strong>os</strong> outr<strong>os</strong>. Se<br />

Cristo e seus sant<strong>os</strong> tivessem querido agir <strong>de</strong>sse modo, quem teria sido salvo?<br />

Tese 81<br />

Essa licenci<strong>os</strong>apregaçüo <strong>de</strong> indulgências faz com que não seja fácil, nem<br />

para homens dout<strong>os</strong>, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a dignida<strong>de</strong> do papa contra calúnias ouper-<br />

guntas, sem dúvida argutas, d<strong>os</strong> leig<strong>os</strong>.<br />

Embora meus amig<strong>os</strong> já há muito tempo me tachem <strong>de</strong> herege, ímpio,<br />

blasfemo, porque não compreen<strong>de</strong>ria a Igreja <strong>de</strong> Cristo e as Santas Escrituras<br />

no sentido católico, eu, apoiado em minha consciência, creio que eles estão<br />

enganad<strong>os</strong> e que amo a Igreja <strong>de</strong> Cristo e sua beleza. "Mas quem me julga é o<br />

Senhor, ainda que eu não esteja consciente <strong>de</strong> nada." [I Co 4.4.1 Sou obriga-<br />

do a expor todas essas minhas teses porque vi que alguns eram infectad<strong>os</strong> por<br />

falsas opiniões, que outr<strong>os</strong> riam disso pelas tavernas e zombavam manifesta-<br />

mente do santo sacerdócio da Igreja, o que era ocasionado pela excessiva li-<br />

cença com que se pregavam as indulgências. Não se <strong>de</strong>veria provocar o povo<br />

d<strong>os</strong> leig<strong>os</strong>, através <strong>de</strong> um maior número <strong>de</strong> ocasiões, a odiar <strong>os</strong> sacerdotes,<br />

pois ele, já há muit<strong>os</strong> an<strong>os</strong> ofendido por n<strong>os</strong>sa cobiça e n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> péssim<strong>os</strong> c<strong>os</strong>-<br />

374 Cf. Jerônimo, Episiola 53, in: Migne PL 22,546.<br />

375 Cf. 1.c l8.11.<br />

376 Cf. 1.c 10.30s~.<br />

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