11.04.2013 Views

Obras selecionadas de lutero, os primordios, escritos de

Obras selecionadas de lutero, os primordios, escritos de

Obras selecionadas de lutero, os primordios, escritos de

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

da alma, como ler, meditar, ouvir apalavra <strong>de</strong> Deus, pregar, ensinar e simila-<br />

res; "jejuar" inclui todas as obras <strong>de</strong> mortificação da carne, como vigílias,<br />

trabalho, leito duro, vestes gr<strong>os</strong>seiras, etc.; "dar esmolas" abrange todas as<br />

obras <strong>de</strong> amor e misericórdia para com o próximo.<br />

4. Para tod<strong>os</strong> eles não resta dúvida que a indulgência elimina as obras da<br />

satisfação, que <strong>de</strong>vem<strong>os</strong> fazer ou que n<strong>os</strong> foram imp<strong>os</strong>tas por causa do peca-<br />

do. Se ela <strong>de</strong> fato eliminasse todas essas obras, nada <strong>de</strong> bom restaria que pu-<br />

déssem<strong>os</strong> fazer.<br />

5. Para muit<strong>os</strong> foi uma questão importante - e ainda não resolvida -<br />

se a indulgência elimina mais do que essas boas obras imp<strong>os</strong>tas, ou seja, se<br />

ela também elimina a pena que a justiça divina exige pel<strong>os</strong> pecad<strong>os</strong>.<br />

6. Desta vez não questiono a opinião <strong>de</strong>les. Afirmo, entretanto, que não<br />

se po<strong>de</strong> provar, a partir da Escritura, que a justiça divina <strong>de</strong>seja ou exige do<br />

pecador qualquer pena ou satisfação, mas sim unicamente sua contrição ou<br />

conversão sincera e verda<strong>de</strong>ira, com o propósito <strong>de</strong>, doravante, carregar a<br />

cruz <strong>de</strong> Cristo e praticar as obras acima mencionadas (mesmo que não este-<br />

jam prescritas por ninguém). Pois assim diz o Senhor através <strong>de</strong> Ezequiel:<br />

"Se o pecador se converter e fizer o que é reto, não mais me lembrarei do seu<br />

pecado." [Ez 18.21s.; 33.14.16.1 Da mesma forma ele mesmo absolveu a to-<br />

d<strong>os</strong> estes: Maria Madalenaa, o paralítico', a mulher adúltera" etc. G<strong>os</strong>taria<br />

<strong>de</strong> ouvir quem haveria <strong>de</strong> provar outra coisa, não levando em conta que al-<br />

guns doutores julgaram po<strong>de</strong>r fazê-lo.<br />

7. O que se encoutralé isto: Deus castiga alguns segundo a sua justiça ou<br />

<strong>os</strong> leva a contrição através <strong>de</strong> penas, como em SI 881891.31-33: "Quando seus<br />

filh<strong>os</strong> pecarem, punirei com a vara o seu pecado, mas minha misericórdia<br />

não retirarei <strong>de</strong>les." Porém a dispensa <strong>de</strong>stas penas não está na mão <strong>de</strong> nin-<br />

guém a não ser <strong>de</strong> Deus somente; sim, ele não quer remiti-Ias, mas promete<br />

que as imporá.<br />

8. Por isso não se po<strong>de</strong> dar nome algum a pena imaginária, tampouco<br />

sabe alguém qual seria ela, visto que não é este castigo nem as boas obras aci-<br />

ma mencionadas.<br />

9. Afirmo que, mesmo que a Igreja cristã <strong>de</strong>cidisse e <strong>de</strong>clarasse hoje que<br />

a indulgêiicia elimina mais do que as obras <strong>de</strong> satisfação, ainda assim seria<br />

mil vezes melhor que cristão algum comprasse ou <strong>de</strong>sejasse a indulgência,<br />

inas preferivelmerite praticasse as obras e sofresse a pena. Pois a indulgência<br />

iião é nem po<strong>de</strong> tornar-se outra coisa do que uma dispensa <strong>de</strong> boas obras e <strong>de</strong><br />

Iienéficas penas, que seria melhor f<strong>os</strong>sem preferidas do que abandonadas,<br />

;tilida que alguns nov<strong>os</strong> pregadores tenham <strong>de</strong>scoberto dois tip<strong>os</strong> <strong>de</strong> penas:<br />

~riedicativa,~ e satisfactorias8, isto é, umas para o aperfeiçoamento, outras pa-<br />

4 C€. Lc 8.2.<br />

5 Cf. Lc 5.20<br />

. -. ~~ ~<br />

7 Sc. na Biblia.<br />

R As penas niedicatiuas sao imp<strong>os</strong>tas para a santificaçào e reflexão; as satisfatórias objetivam<br />

ra a satisfação. Nós, porém, tem<strong>os</strong> mais liberda<strong>de</strong> para <strong>de</strong>sprezar (Deus seja<br />

louvado!) essa espécie <strong>de</strong> conversa do que eles têm para inventá-la. Porque<br />

toda pena, sim, tudo o que Deus impõe é útil e contribui para o melhoramen-<br />

to do cristão.<br />

10. De nada vale dizer que as penas e as obras seriam <strong>de</strong>masiadas, que a<br />

pessoa não conseguiria realizá-las por causa da brevida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua vida e que,<br />

por isso, precisaria da iiidulgência. Respondo que isso não tem fundamento e<br />

é pura invenção. Porque Deus e a santa Igreja a ninguém impõem mais do<br />

que lhe é p<strong>os</strong>sível carregar, como também o diz Paulo: Deus não permite que<br />

alguém seja tentado acima do que po<strong>de</strong> carregarg. É gran<strong>de</strong> vergonha para a<br />

cristanda<strong>de</strong> ser acusada <strong>de</strong> impor mais do que po<strong>de</strong>m<strong>os</strong> carregar.<br />

11. Mesmo que ainda vigorassem as penitências fixadas no direito canô-<br />

nico, <strong>de</strong> impor sete an<strong>os</strong> <strong>de</strong> penitência para cada pecado mortal, a cristanda-<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>veria <strong>de</strong>ixar as mesmas <strong>de</strong> lado e nada mais impor acima do que cada<br />

um po<strong>de</strong> suportar. Como atualmente não mais vigoram estas <strong>de</strong>terminações,<br />

tanto men<strong>os</strong> razão há para cuidar que se imponha mais do que cada um tem<br />

i condições <strong>de</strong> suportar bem.<br />

li<br />

12. Diz-se muito bem que o pecador <strong>de</strong>ve ser remetido ao purgatório ou<br />

a indulgência com a pena restante, mas dizem ainda outras coisas sem funda-<br />

I mento e prova.<br />

I, 13. Incorre em grave erro quem preten<strong>de</strong> fazer satisfação por seus peca-<br />

i<br />

d<strong>os</strong>, pois Deus <strong>os</strong> perdoa a toda hora grátis, por graça inestimável, e nada <strong>de</strong>-<br />

seja em troca senão que doravante se leve uma vida boa. A cristanda<strong>de</strong>, esta<br />

sim, faz exigsncias; portanto, ela também po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve dispensar <strong>de</strong>las e não<br />

impor nada pesado ou insuportávd.<br />

14. A indulgência é permitida por causa d<strong>os</strong> cristá<strong>os</strong> imperfeit<strong>os</strong> e pre-<br />

guiç<strong>os</strong><strong>os</strong>, que não querem exercitar-se resolutamente em boas obras ou não<br />

<strong>de</strong>sejam sofrer. Pois a indulgência não promove o melhoramento <strong>de</strong> nin-<br />

guém, e sim tolera e permite sua imperfeição. Por esta razão não se <strong>de</strong>ve falar<br />

contra a indulgência, mas também não se <strong>de</strong>ve recomendá-la a ninguém.<br />

15. Agiria <strong>de</strong> maneira mais segura e melhor quem <strong>de</strong>sse algo para o edifi-<br />

cio <strong>de</strong> S. Pedro, ou o que mais é citado, por puro amor a Deus, ao invés <strong>de</strong><br />

aceitar indulgências em troca. Isso porque é perig<strong>os</strong>o fazer semelhante dádiva<br />

por causa da indulgência e não por causa <strong>de</strong> Deus.<br />

16. Muito melhor é a obra feita em beneficio <strong>de</strong> um necessitado do que<br />

dar para dita construção; também é muito melhor do que a indulgência con-<br />

cedida em troca. Pois, como dissem<strong>os</strong>: melhor é uma boa obra realizada do<br />

que muitas dispensas. Indulgência, porém, é dispensa <strong>de</strong> muitas boas obras,<br />

ou, senão, nada é dispensado.<br />

Sim, e para que <strong>os</strong> ensine corretamente, atentem bem: antes <strong>de</strong> todas as<br />

coisas (sem preocupação com o edifício <strong>de</strong> São Pedro nem com a indulgência)<br />

<strong>de</strong>ves dar ao teu próximo pobre, se queres dar alguma coisa. Mas se chegar o<br />

momento em que, em tua cida<strong>de</strong>, não há mais ninguém que necessite <strong>de</strong> aju-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!