11.04.2013 Views

Obras selecionadas de lutero, os primordios, escritos de

Obras selecionadas de lutero, os primordios, escritos de

Obras selecionadas de lutero, os primordios, escritos de

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

5. A<strong>os</strong> doentes <strong>os</strong> cânones nada impõem. Logo, só entra em consi<strong>de</strong>ração<br />

quem está são e quem não pertence ao número daqueles que dizem: "A<br />

mão do Senhor me atingiu." [Jó 19.21.1 Pois o que se <strong>de</strong>ve a estes não é im-<br />

~i<strong>os</strong>ição <strong>de</strong> penas, mas visitação e consolo, conforme aquela palavra <strong>de</strong> Cristo:<br />

"Estive doente, e não me visitastes." [Mt 25.43.1 Do contrário se dirá a<strong>os</strong><br />

pontífices: "Pois perseguem a quem tu feriste e aumentaram a dor <strong>de</strong> minhas<br />

feridas." [SI 69.26.1 E aquela palavra <strong>de</strong> Jó: "Por que me perseguis como<br />

Deus me persegue?" [Jó 19.22.1 Portanto, também para estes as indulgências<br />

não são necessárias.<br />

6. Por fim, [O mesmo vale para] <strong>os</strong> mort<strong>os</strong> e moribund<strong>os</strong>, d<strong>os</strong> quais já<br />

falam<strong>os</strong>.<br />

Vês, pois, como são muit<strong>os</strong> <strong>os</strong> cristã<strong>os</strong> para <strong>os</strong> quais as indulgências não<br />

são necessárias nem úteis. Mas volto, por fim, à tese, para finalmente terminar<br />

esse assunto e para golpeá-l<strong>os</strong> com sua própria espada.<br />

Tod<strong>os</strong> na Igreja concordam que, na agonia e no momento da morte,<br />

qualquer sacerdote é papa e, por conseguinte, tudo remite ao moribundo. Se<br />

falta um sacerdote, o <strong>de</strong>sejo certamente é suficiente. Por isso, ele está absolvido<br />

<strong>de</strong> tudo aquilo <strong>de</strong> que po<strong>de</strong> ser absolvido pelo papa. Portanto, as indulgências<br />

parecem absolutamente nada conferir a<strong>os</strong> falecid<strong>os</strong>, visto que tudo o<br />

que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sligado é <strong>de</strong>sligado na morte. A partir disso fica claro, ao<br />

iriesmo tempo, que a diferença <strong>de</strong> graus e leis só se aplica a<strong>os</strong> viv<strong>os</strong> e sã<strong>os</strong>. Assim,<br />

as indulgências são úteis às pessoas manifestamente crimin<strong>os</strong>as, vivas,<br />

s3s e robustas, não impedidas e que não querem agir melhor. Se erro nessa<br />

qtiestão, que me corrija quem pu<strong>de</strong>r e souber.<br />

Mas se perguntas: "Então <strong>de</strong> que penas as almas são redimidas, ou que<br />

i>ciias sofrem elas no purgatório, se não sofrem nada correspon<strong>de</strong>nte às penas<br />

canônicas?", digo: se eu soubesse isso, por que <strong>de</strong>bateria e perguntaria?<br />

liii 1120 sou tão perito e sabedor do que Deus faz com as almas que partiram<br />

quanto aqueles copi<strong>os</strong>issim<strong>os</strong> re<strong>de</strong>ntores <strong>de</strong> almas118, que propõem tudo com<br />

iriiita segurança, como se f<strong>os</strong>se imp<strong>os</strong>sível que sejam seres human<strong>os</strong>.<br />

Acrescenta-se a essa dificulda<strong>de</strong> o fato <strong>de</strong> haver mestres que são <strong>de</strong> opinião<br />

qiie as almas nada sofrem do fogo, mas apenas no fogo, <strong>de</strong> modo que o fogo<br />

iiâo é o algoz, mas o cárcere das almas. Por isso, também aqui entro num assiirito<br />

muitíssimo dúbio e disputável e exponho o que compreendi a respeito<br />

clcssas coisas.<br />

Tese 14<br />

Saú<strong>de</strong>ll9ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consi-<br />

ao gran<strong>de</strong> temor, e tanto mais, quanto menor for o amor.<br />

I<br />

1<br />

Isto se torna evi<strong>de</strong>nte através <strong>de</strong> 1 Jo 4.18: "No amor não existe medo.<br />

O amor perfeito lança fora o medo, pois o medo tem castigo." Portanto, se o<br />

amor perfeito lança fora o medo, é necessário que o amor imperfeito não o<br />

lance fora e que, por isso, haja medo com o amor imperfeito. Mas on<strong>de</strong> está<br />

esse amor perfeito? E (para fazer uma pequena digressão) quem não tem me-<br />

do da morte, do juizo, do inferno? Pois, por mais santa que seja uma pessoa,<br />

nela há rest<strong>os</strong> do velho ser e do pecado, e, neste tempo, <strong>os</strong> filh<strong>os</strong> <strong>de</strong> Israel não<br />

conseguem <strong>de</strong>struir completamente <strong>os</strong> jebuseus e cananeus e <strong>de</strong>mais genti<strong>os</strong>.<br />

Permanece [sempre] o vestígio do velho Adão. Esse velho ser, porém, é erro,<br />

concupiscência, ira, temor, apreensão, <strong>de</strong>sespero, má consciência, horror da<br />

morte, etc. Essas coisas são [características] do ser humano velho e carnal.<br />

Elas diminuem no novo ser humano, mas não são extinguidas até que ele<br />

mesmo seja extinguido pela morte. Como diz o apóstolo: "Mesmo que o n<strong>os</strong>-<br />

so ser humano exterior se corrompa, o interior é renovado <strong>de</strong> dia em dia." [2<br />

Co 4.16.1 Portanto, esses males d<strong>os</strong> rest<strong>os</strong> do velho ser não são suprimid<strong>os</strong><br />

pelas indulgências nem pela contrição iniciada; eles começam a ser suprimi-<br />

d<strong>os</strong> e, aumentandoilo, são suprimid<strong>os</strong> mais e mais. Esta é a saú<strong>de</strong> espiritual,<br />

que não é outra coisa senão a fé ou o amor em Cristo.<br />

Estando as coisas assim estabelecidas, a tese está suficientemente clara.<br />

Porque se alguém é surpreendido pela morte antes <strong>de</strong> alcançar o amor perfei-<br />

to que expulsa o medo, necessariamente morre com medo e horror, até que o<br />

amor se torne perfeito e lance fora aquele medo. Ora, esse medo é justamente<br />

a consciêiicia má e inquieta por causa da falta <strong>de</strong> fé. Pois nenhuma consciência<br />

é medr<strong>os</strong>a exceto a consciência que é ou vazia ou imperfeita em term<strong>os</strong> <strong>de</strong><br />

I fé. Pois assim diz também o apóstolo: "O sangue <strong>de</strong> Cristo liberta n<strong>os</strong>sas<br />

consciências <strong>de</strong> obras mortas." [Hb 9.14.1 E mais uma vez, em Hb 10.22:<br />

"Com <strong>os</strong> corações aspergid<strong>os</strong>121 <strong>de</strong> uma má consciência na plenitu<strong>de</strong> da fé."<br />

Numa palavra: se p<strong>os</strong>so provar que a causa do horror e do medo é a falta<br />

<strong>de</strong> confiança e que, por outro lado, a causa da segurança é a fé, creio que está<br />

provado, ao mesmo tempo, que quem morre em fé imperfeita necessariamente<br />

tem medo e horror. Lem<strong>os</strong> frequentemente no evangelho que a falta <strong>de</strong><br />

confiança é a causa <strong>de</strong> terror, <strong>de</strong>sespero, con<strong>de</strong>nação. Em primeiro lugar,<br />

quando Pedro or<strong>de</strong>na ao Senhor que se afaste <strong>de</strong>le, dizendo: "Porque eu sou<br />

um ser humano pecador" [Lc 5.81; em segundo lugar, quando começou a<br />

afundar por causa <strong>de</strong> sua pequena féia; em terceiro lugar, quando <strong>os</strong> discipu-<br />

10s quiseram clamar por causa da perturbação, pois achavam que Cristo, que<br />

andava sobre o mar, era um fanltasmal"; em quarto lugar, quando, perturbad<strong>os</strong>,<br />

acreditavam estar vendo um espírito, na ocasião em que Cristo entrou<br />

até eles através das portas fechada@. Em tod<strong>os</strong> esses cas<strong>os</strong> se m<strong>os</strong>tra que a<br />

120 Sc. aurnciitando a amor<br />

121 Isto é. purificad<strong>os</strong>.<br />

122 ('1. MI 14.30.<br />

123 ('I' Mi 14.26.<br />

124 ('I'. I c 24.37.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!