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Obras selecionadas de lutero, os primordios, escritos de

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chegam ao conhecimento <strong>de</strong> si mesmas <strong>de</strong>ssa maneira. Naquelas pessoas, o<br />

sofrimento <strong>de</strong> Cristo é oculto e verda<strong>de</strong>iro; nestas, é aparente e engan<strong>os</strong>o. É<br />

assim que Deus troca muitas vezes <strong>os</strong> papéis, <strong>de</strong> modo que não meditam o sofrimento<br />

aqueles que o meditam, que ouvem a missa aqueles que não a ouvem<br />

e que não a ouvem aqueles que a ouvem.<br />

12. Até aqui falam<strong>os</strong> sobre a semana da Paixão e a celebração apropriada<br />

da sexta-feira santa. Chegam<strong>os</strong> agora ao dia da Páscoa e a ressurreição <strong>de</strong><br />

Cristo. Quando a pessoa se conscientizou <strong>de</strong> seu pecado e ficou profundamente<br />

assustada consigo mesma, é preciso cuidar que <strong>os</strong> pecad<strong>os</strong> não fiquem<br />

<strong>de</strong>sse jeito na consciência. Sem dúvida, eles causariam puro <strong>de</strong>sespero. Assim<br />

como se manifestaram e foram reconhecid<strong>os</strong> por intermédio <strong>de</strong> Cristo, é preciso<br />

<strong>de</strong>rramá-l<strong>os</strong> novamente sobre ele e aliviar a consciência. Toma cuidado,<br />

portanto, para não agires como as pessoas erradas que ficam se mor<strong>de</strong>ndo e<br />

\e consumindo com seus pecad<strong>os</strong> no coração e procuram se safar através <strong>de</strong><br />

boas obras ou <strong>de</strong> satisfação, correndo para lá e para cáia, ou também por intermédio<br />

<strong>de</strong> indulgências, para po<strong>de</strong>r se livrar do pecado, o que é imp<strong>os</strong>sível.<br />

Infelizmente, essa confiança errônea na satisfação e nas romarias está amplarnente<br />

difundida.<br />

13. Tiras o teu pecado <strong>de</strong> cima <strong>de</strong> ti e o atiras para cima <strong>de</strong> Cristo crendo<br />

firmemente que suas chagas e sofriment<strong>os</strong> são teus pecad<strong>os</strong> e que ele <strong>os</strong> carrega<br />

e paga por eles, como diz 1s 53.6: "Deus fez cair sobre ele o pecado <strong>de</strong> nós<br />

iod<strong>os</strong>"; e São Pedro: "Ele carregou em seu corpo, sobre o ma<strong>de</strong>iro, <strong>os</strong> n<strong>os</strong>s<strong>os</strong><br />

pecad<strong>os</strong>" [l Pe 2.241; e S. Paulo: "Deus o fez um pecador por nós, para<br />

que fôssem<strong>os</strong> justificad<strong>os</strong> através <strong>de</strong>le." [2 Co 5.21.1 Em passagens como esias<br />

e em outras <strong>de</strong>ves confiar com toda a ousadia; quanto mais te atormentar<br />

tua consciência, tanto mais <strong>de</strong>ves confiar nelas. Pois se, ao invés <strong>de</strong> fazer is-<br />

\o, tiveres a presunção <strong>de</strong> tranqüilizá-la através <strong>de</strong> tua contrição e satisfação,<br />

jamais terás s<strong>os</strong>sego e, por fim, acabarás <strong>de</strong>sesperando assim mesmo. Pois se<br />

pcrinitim<strong>os</strong> que n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> pecad<strong>os</strong> ajam em n<strong>os</strong>sa consciência, se permitim<strong>os</strong><br />

qiie fiquem con<strong>os</strong>co e se <strong>os</strong> enxergam<strong>os</strong> em n<strong>os</strong>so coração, eles são fortes <strong>de</strong>iiiais<br />

para nós e vivem eternamente. Mas se vem<strong>os</strong> que estão sobre Cristo e<br />

qiie ele <strong>os</strong> vence através <strong>de</strong> sua ressurreição, e se crem<strong>os</strong> nisso com ousadia,<br />

clcs estão mort<strong>os</strong> e foram <strong>de</strong>struid<strong>os</strong>; pois sobre Cristo eles não pu<strong>de</strong>ram periiianecer,<br />

foram tragad<strong>os</strong> por sua ressurreição. E agora não mais vês quaisquer<br />

chagas e dores nele, isto é, sinais <strong>de</strong> pecado. Assim, S. Paulo diz que<br />

í 'risto "morreu por causa <strong>de</strong> n<strong>os</strong>so pecado e ressuscitou por causa <strong>de</strong> n<strong>os</strong>sa<br />

iiistiça" [Rm 4.25.1 Isto é: em seu sofrimento ele torna manifesto o n<strong>os</strong>so pecado<br />

e, assim, o estrangula, mas através da sua ressurreição ele n<strong>os</strong> torna just<strong>os</strong><br />

e livres <strong>de</strong> tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> pecad<strong>os</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que creiam<strong>os</strong> nisso.<br />

14. Se, entretanto, não consegues crer, <strong>de</strong>ves pedir a Deus por isto, como<br />

~lissem<strong>os</strong> acima, pois também o crer está exclusivamente nas mã<strong>os</strong> <strong>de</strong> Deus, e<br />

clc iambém o dará, ora abertamente, ora ocultamente, como dissem<strong>os</strong> a respeito<br />

do sofrimento. Mas tu po<strong>de</strong>s animar-te para isso: em primeiro lugar,<br />

I6 Lutero pensa em romarias para <strong>de</strong>terminad<strong>os</strong> santuári<strong>os</strong>.<br />

254<br />

i<br />

!<br />

não <strong>de</strong>ves mais contemplar o sofrimento <strong>de</strong> Cristo (pois agora este já efetuou<br />

sua obra e te assustou); <strong>de</strong>ves ir em frente e contemplar seu amável coração,<br />

consi<strong>de</strong>rando quanto amor ele tem para contigo, amor que o obriga a carre-<br />

gar o fardo tão pesado <strong>de</strong> tua consciência e teu pecado. Assim teu coração fi-<br />

cará doce para com ele e a confiança da fé será fortalecida. Continuando,<br />

passa então pelo coração <strong>de</strong> Cristo para chegar ao coração <strong>de</strong> Deus, e vê que<br />

Cristo não po<strong>de</strong>ria ter te <strong>de</strong>monstrado esse amor caso Deus, a quem Cristo<br />

obe<strong>de</strong>ce com seu amor para contigo, não o tivesse querido em amor eterno.<br />

Assim acharás o coração paterno divino e bom e, como Cristo diz, <strong>de</strong>ssa ma-<br />

neira serás atraído por Cristo para o Paii'. Então passarás a enten<strong>de</strong>r as pala-<br />

vras <strong>de</strong> Cristo: "Deus amou ao mundo <strong>de</strong> tal maneira que <strong>de</strong>u o seu Filho<br />

unigênito", etc. [Jo 3.16.1 E isto o que significa reconhecer a Deus <strong>de</strong> forma<br />

apropriada: apreendê-lo não pelo seu po<strong>de</strong>r ou por sua sabedoria (que são as-<br />

sustadores), mas pela bonda<strong>de</strong> e pelo amor. Então a fé e a confiança po<strong>de</strong>m<br />

subsistir e então a pessoa é verda<strong>de</strong>iramente renascida em Deus.<br />

15. Quando, pois, teu coração estiver firmado em Cristo e tiveres te tor-<br />

nado inimigo d<strong>os</strong> pecad<strong>os</strong> - por amor e não por medo do castigo -, então o<br />

sofrimento <strong>de</strong> Cristo também <strong>de</strong>verá constituir-se em exemplo para toda a<br />

tua vida. Agora querem<strong>os</strong> refletir sobre ele <strong>de</strong> outro modo ainda; pois até<br />

aqui tratam<strong>os</strong> <strong>de</strong>le como um sacramento que atua em nós e que experimenta-<br />

m<strong>os</strong> passivamente. Agora o tratarem<strong>os</strong> como algo que também nós efetua-<br />

m<strong>os</strong>, a saber, da seguinte maneira:<br />

Quando fores incomodado por sofriment<strong>os</strong> ou por uma doença, reflete<br />

quão pouco isto é em comparação com a coroa <strong>de</strong> espinh<strong>os</strong> e <strong>os</strong> preg<strong>os</strong> <strong>de</strong><br />

Cristo.<br />

Quando tiveres que fazer ou <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fazer algo que te contraria, pensa<br />

como Cristo, amarrado e preso, é levado <strong>de</strong> lá para cá.<br />

Se és atribulado pela soberba, repara o quanto teu Senhor é <strong>de</strong>bochado e<br />

<strong>de</strong>sprezado junto com <strong>os</strong> malfeitores.<br />

Se a incastida<strong>de</strong> e a concupiscência te atacam, lembra-te quão dolor<strong>os</strong>a-<br />

mente a tenra carne <strong>de</strong> Cristo foi açoitada, golpeada e ferida.<br />

Se ódio, inveja ou sentimento <strong>de</strong> vingança te atribulam, pensa com<br />

quantas lágrimas e clamores Cristo orou por ti e por tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> seus inimig<strong>os</strong>,<br />

quando teria sido cabível que ele se vingasse.<br />

Se tristeza ou outras adversida<strong>de</strong>s afligem teu corpo ou teu espírito, for-<br />

talece o teu coração e diz: ora, por que eu também não po<strong>de</strong>ria passar por<br />

uma pequena tristeza, já que, no Getsêmani, meu Senhor suou sangue, <strong>de</strong><br />

tanto medo e tristeza's? Servo indolente e infame seria quem quisesse ficar na<br />

cama enquanto seu senhor tem que lutar na agonia da morte.<br />

Como vês, em Cristo se po<strong>de</strong>m encontrar força e alívio contra tod<strong>os</strong> <strong>os</strong><br />

víci<strong>os</strong> e <strong>de</strong>svirtu<strong>de</strong>s. E nisto que consiste a verda<strong>de</strong>ira meditação do sofrimen-<br />

17 Em Jo 6.44 Jesus diz que as pessoas são trazidas para ele por Deus Pai; em Jo 14.6, diz que<br />

"ningukm vem ao Pai'' senâa por ele.<br />

18 Cf. Lc 22.44.

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