11.04.2013 Views

Obras selecionadas de lutero, os primordios, escritos de

Obras selecionadas de lutero, os primordios, escritos de

Obras selecionadas de lutero, os primordios, escritos de

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Se disseres: "Mas ele po<strong>de</strong> conce<strong>de</strong>r <strong>os</strong> mérit<strong>os</strong> <strong>de</strong> Cristo a quem<br />

quiser", eu respondo: <strong>os</strong> mérit<strong>os</strong> <strong>de</strong> Cristo são graça e verda<strong>de</strong>, sejam dad<strong>os</strong><br />

ou vendid<strong>os</strong>, distribuíd<strong>os</strong> ou concedid<strong>os</strong>. Jamais se tornarão outra coisa que<br />

<strong>os</strong> mérit<strong>os</strong> <strong>de</strong> Cristo, qualquer que seja o uso que <strong>de</strong>les se fizer. Por isso, as-<br />

sirri como o ser humano não <strong>os</strong> po<strong>de</strong> conce<strong>de</strong>r, da mesma forma também não<br />

(1s po<strong>de</strong> aplicar, digas o que quiseres.<br />

Argumentarás ainda: "Ele conce<strong>de</strong> <strong>os</strong> mérit<strong>os</strong> <strong>de</strong> Cristo por força <strong>de</strong> seu<br />

iiiinistério." Concordo, mas não em relação às indulgências, porque estas<br />

contrariam <strong>os</strong> mérit<strong>os</strong> <strong>de</strong> Cristo. Os mérit<strong>os</strong> <strong>de</strong> Cristo são graça e verda<strong>de</strong>,<br />

que tornam melhor no Espírito e mais santo quem <strong>os</strong> obtém. As indulgências,<br />

porém, nada <strong>de</strong> bom conce<strong>de</strong>m no Espirito; pelo contrário, <strong>de</strong>sobrigam das<br />

coisas boas do Espírito, contra <strong>os</strong> mérit<strong>os</strong> <strong>de</strong> Cristo. Por isso, dêem atenção a<br />

siias palavras e seu uso. Com todo o respeito que Ihes tenho, afirmo que, co-<br />

trio reza a expressão, <strong>os</strong> mérit<strong>os</strong> <strong>de</strong> Cristo não po<strong>de</strong>m ser o tesouro das indul-<br />

ggiicias; eles são, isto sim, um tesouro <strong>de</strong> imp<strong>os</strong>iç<strong>de</strong>s e penas a serem carrega-<br />

das, contrariando totalmente as indulgências. Por isso, admito que eles são<br />

conferid<strong>os</strong> por força do ministério na absolvição da culpa. Pois ali se trata da<br />

cttusa do Espirito, ali <strong>os</strong> mérit<strong>os</strong> <strong>de</strong> Cristo atuam pela palavra do sacerdote se<br />

o pecador crê - <strong>de</strong> outra forma, jamais.<br />

Por essa razão, não con<strong>de</strong>no aquela <strong>de</strong>claratória, mas <strong>de</strong>ixo-a em seu<br />

scntido. Se, no entanto, for interpretada no sentido <strong>de</strong> contradizer o que foi<br />

diio acima, eu a recuso e exijo prestação <strong>de</strong> contas do que foi dito. Além dis-<br />

si!, é preciso comprovar o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> ditar artig<strong>os</strong> <strong>de</strong> fé, ou então apresentar<br />

titiiri revelação comprovada. Paulo me proíbe <strong>de</strong> acreditar em meras pala-<br />

vs:1s.<br />

Tese 11<br />

li per<strong>de</strong>r a razão afirmar que as indulgências são um bem para o cristão;<br />

1111 vcvda<strong>de</strong>, elas são um <strong>de</strong>feito da boa obra. O cristão <strong>de</strong>ve rejeitar as indulqi'ri~~iuspor<br />

causa do abuso, pois o Senhor diz: '%r amor <strong>de</strong> mim apago as<br />

lirrrv iniqüida<strong>de</strong>s" [Is 43.251, não por amor do dinheiro.<br />

Em SI 39[40].5 o profeta123 chama <strong>de</strong> loucuras falsas as doutrinas d<strong>os</strong> se-<br />

ics litiman<strong>os</strong> com as quais se presta culto a Deus sob <strong>de</strong>sprezo <strong>de</strong> seu manda-<br />

~iiciiio. Quanto mais louc<strong>os</strong> são aqueles que, apesar <strong>de</strong> as indulgências serem<br />

[lispcnsas <strong>de</strong> boas obras e penas salutares, ousam oferecer isso ao cristão co-<br />

IIIO iirn bem, quando o bem do cristão consiste em estar repleto <strong>de</strong> boas obras<br />

c carregado <strong>de</strong> castig<strong>os</strong> da cruz, à semelhança <strong>de</strong> seu Senhor Cristo!<br />

A<strong>de</strong>mais, as indulgências são sempre uma falha em uma obra, sendo que<br />

iino sc daria o que é dado se não soubessem que recebem as indulgências em<br />

iciiil>iii$io. Dessa maneira, fazem seu bem por causa <strong>de</strong> seu mal, ou por cau-<br />

--<br />

I21 I>CII~IIH$BU ,~~.+da por Lutero para referir-se ao autor d<strong>os</strong> Salm<strong>os</strong><br />

376<br />

sa daquilo que é men<strong>os</strong> bom. Nisso com certeza não se busca a Deus, mas o<br />

próprio ser humano.<br />

Experimenta, e verás que digo a verda<strong>de</strong>. Pois na Itália, on<strong>de</strong> as indul-<br />

gências são oferecidas gratuitamente em toda parte, ninguém Ihes dá aten-<br />

ção. Na Alemanha, porém, se não dás, ninguém as dará a ti. As indulgências<br />

são <strong>de</strong> natureza tão assombr<strong>os</strong>a que reinam <strong>de</strong> uma forma na Itália e <strong>de</strong> outra<br />

na Alemanha.<br />

João Eck combateu essa tese em Leipzig, mas <strong>de</strong> tal forma que todo o<br />

assunto das indulgências quase acabou num sibilo. Nem ele próprio parece<br />

tê-las em alta conta, e oxalá há muito tempo já tivessem sido recomendadas<br />

assim como são recomendadas por n<strong>os</strong>so Eck. Nesse caso, a avi<strong>de</strong>z romana<br />

teria levado men<strong>os</strong> roubo e espóli<strong>os</strong> da Alemanha, e <strong>os</strong> zombadores roma-<br />

n<strong>os</strong>, zombadores d<strong>os</strong> pov<strong>os</strong>, não teriam se rido daquela maneira da bárbara<br />

ru<strong>de</strong>z d<strong>os</strong> alemães. Mais sobre isso nas Explicações.<br />

Tese 12<br />

Que o papa po<strong>de</strong> remitir todo castigo <strong>de</strong>vido pel<strong>os</strong> pecad<strong>os</strong> tanto nesta<br />

vida quanto na futura e que as indulgências são <strong>de</strong> proveito para quem não<br />

cometeu pecado grave124, isso sonham s<strong>os</strong>segadamente <strong>os</strong> sofistas totalmente<br />

indout<strong>os</strong> e <strong>os</strong> aduladores pestilent<strong>os</strong>, embora não p<strong>os</strong>sam <strong>de</strong>monstrá-lo sequer<br />

com um vestígio.<br />

Também esta tese não foi agredida por ninguém que eu tenha visto, a<br />

não ser pel<strong>os</strong> vent<strong>os</strong> da tese eckiana, que, no entanto, não trouxeram chuva<br />

alguma.<br />

Mas também essa tese é contrária à mais recente <strong>de</strong>claratória, que diz125<br />

que a Igreja dispensa das penas pel<strong>os</strong> pecad<strong>os</strong> requeridas segundo a justiça<br />

divina. Por isso digo aqui: afirmei repetidas vezes que a Igreja nada po<strong>de</strong><br />

contra a justiça divina senão a oração, a men<strong>os</strong> que se queira compreen<strong>de</strong>r a<br />

justiça divina <strong>de</strong> forma equivocada. 'Pois para mim está fora <strong>de</strong> dúvida que as<br />

penas que a Igreja exige do pecador também são exigidas pela justiça divina,<br />

<strong>de</strong> acordo com o pacto que ele126 fez com a Igreja ao dizer: "O que ligares na<br />

terra, será ligado também no céu." [Mt 16.19.1 Aí diz claramente que o que<br />

está ligado na Igreja também está ligado junto a ele, <strong>de</strong> forma que estão <strong>de</strong><br />

acordo a justiça da Igreja e a <strong>de</strong> Deus em relação ao pecador. Isso, porém,<br />

não acontece na maneira corrente <strong>de</strong> falar, que enten<strong>de</strong> por justiça divina<br />

uma outra justiça <strong>de</strong> Deus, uma justiça à parte, fora do pacto, segundo a<br />

qual a Igreja nada impôs ou imp<strong>de</strong>. Se a <strong>de</strong>claratória fala <strong>de</strong>ssa justiça, digo<br />

124 Non crimin<strong>os</strong>is, no original.<br />

125 Para referências mais <strong>de</strong>talhadas sobre essa passagem da Novo <strong>de</strong>crefoiis <strong>de</strong> Leão X, cf.<br />

Disputotio Iohonnis Eccii et MorfiniLutheri Lipsioe hnbitne ("Debate <strong>de</strong> João Eck e Marti-<br />

nho Lutero em Leipzig"), WA 2,353-4.<br />

126 Sc. Deus.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!