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Obras selecionadas de lutero, os primordios, escritos de

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Da Teologia<br />

Desconfiando inteiramente <strong>de</strong> nós mesm<strong>os</strong>, em conformida<strong>de</strong> com aque-<br />

le conselho do Espírito: "Não te fies em tua inteligência" [Pv 3.51, vim<strong>os</strong> hu-<br />

mil<strong>de</strong>mente oferecer ao julgamento <strong>de</strong> tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> que quiserem estar presentes<br />

<strong>os</strong> seguintes paradox<strong>os</strong> teológic<strong>os</strong>, para que assim se evi<strong>de</strong>ncie se estão bem<br />

ou mal tomad<strong>os</strong> do divino Paulo, vaso e órgão <strong>de</strong> Cristo escolhido por exce-<br />

lência, e ainda <strong>de</strong> Sto. Ag<strong>os</strong>tinho, seu mui fiel intérprete.<br />

1. A lei <strong>de</strong> Deus, mui salutar doutrina da vida, não po<strong>de</strong> levar o ser hu-<br />

mano a justiça; antes, o impe<strong>de</strong>.<br />

2. Muito men<strong>os</strong> po<strong>de</strong>m levá-lo as obras d<strong>os</strong> seres human<strong>os</strong>, muitas vezes<br />

repetidas, como se diz, com o auxílio do ditame natural.<br />

3. Ainda que sejam sempre belas e pareçam boas, as obras d<strong>os</strong> seres hu-<br />

man<strong>os</strong> são, ao que tudo indica, pecad<strong>os</strong> mortais.<br />

4. Ainda que sejam sempre disformes e pareçam ruins, as obras <strong>de</strong> Deus<br />

são, na verda<strong>de</strong>, mérit<strong>os</strong> imortais.<br />

5. As obras d<strong>os</strong> seres human<strong>os</strong> (falam<strong>os</strong> das aparentemente boas) não<br />

são pecad<strong>os</strong> mortais no sentido <strong>de</strong> constituírem crimes.<br />

6. As obras <strong>de</strong> Deus (falam<strong>os</strong> das que se realizam por intermédio do ser<br />

humano) não são mérit<strong>os</strong> no sentido <strong>de</strong> não constituírem pecad<strong>os</strong>.<br />

7. As obras d<strong>os</strong> just<strong>os</strong> seriam pecad<strong>os</strong> mortais se <strong>os</strong> própri<strong>os</strong> just<strong>os</strong>, em<br />

pied<strong>os</strong>o temor a Deus, não temessem que elas f<strong>os</strong>sem pecad<strong>os</strong> mortais.<br />

8. Com maior razão são pecad<strong>os</strong> mortais as obras d<strong>os</strong> seres human<strong>os</strong>,<br />

pois ainda são feitas sem temor, em mera e má segurança.<br />

9. Afirmar que as obras sem Cristo são certamente mortas, porém não<br />

pecad<strong>os</strong> mortais, parece constituir um perig<strong>os</strong>o abandono do temor a Deus.<br />

10. Na verda<strong>de</strong>, é dificílimo compreen<strong>de</strong>r como uma obra seria morta<br />

sem ser, ao mesmo tempo, pecado pernici<strong>os</strong>o ou mortal.<br />

11. Não se po<strong>de</strong> evitar a presunção, nem po<strong>de</strong> haver verda<strong>de</strong>ira esperan-<br />

ça, se em cada obra não se temer o juizo <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nação.<br />

12. Os pecad<strong>os</strong> são realmente veniais perante Deus quando <strong>os</strong> seres hu-<br />

man<strong>os</strong> temem que sejam pecad<strong>os</strong> mortais.<br />

13. Após a queda, o livre arbitrio é um mero titulo; enquanto faz o que<br />

está em si'], peca mortalmente.<br />

14. Após a queda, o livre arbitrio tem uma potência apenas subjetiva pa-<br />

ra o bem; para o mal, porém, sua potência é sempre ativa.<br />

15. O livre arbítrio tampouco pô<strong>de</strong> permanecer no estado <strong>de</strong> inocência<br />

pela potência ativa, mas sim pela subjetiva; men<strong>os</strong> ainda pô<strong>de</strong> progredir em<br />

direção ao bem.<br />

16. O ser humano que crê querer chegar a graça fazendo o que está em si<br />

I I V. p. 47, nata 33.<br />

acrescenta pecado sobre pecado, <strong>de</strong> sorte que se torna duplamente réu.<br />

17. Entretanto, falar assim não significa dar motivo para o <strong>de</strong>sespero,<br />

mas para humilhar-se, e suscitar o empenho no sentido <strong>de</strong> procurar a graça<br />

<strong>de</strong> Cristo.<br />

18. Certo é que o ser humano <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>sesperar totalmente <strong>de</strong> si mesmo, a<br />

fim <strong>de</strong> tornar-se apto para conseguir a graça <strong>de</strong> Cristo.<br />

19. Não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>signar condignamente <strong>de</strong> teólogo quem enxerga as<br />

coisas invisíveis <strong>de</strong> Deus compreen<strong>de</strong>ndo-as por intermédio daquelas que estão<br />

feitas;<br />

20. mas sim quem compreen<strong>de</strong> as coisas visíveis e p<strong>os</strong>teriores <strong>de</strong> Deus<br />

enxergando-as pel<strong>os</strong> sofriment<strong>os</strong> e pela cruz.<br />

21. O teólogo da gloria afirma ser bom o que é mau, e mau o que é bom;<br />

o teólogo da cruz diz as coisas como elas são.<br />

22. A sabedoria que enxerga as coisas invisíveis <strong>de</strong> Deus,<br />

compreen<strong>de</strong>ndo-as a partir das obras, se envai<strong>de</strong>ce, fica cega e endurecida<br />

por completo.<br />

23. A lei provoca a ira <strong>de</strong> Deus, mata, maldiz, acusa, julga e con<strong>de</strong>na tudo<br />

o que não está em Cristo.<br />

24. Não ohstante, aquela sabedoria não é má, nem se <strong>de</strong>ve fugir da lei;<br />

sem a teologia da cruz, porém, o ser humano faz péssimo uso daquilo que há<br />

<strong>de</strong> melhor.<br />

25. Justo não é quem pratica muitas obras, mas quem, sem obra, muito<br />

crê em Cristo.<br />

26. A lei diz: "Faz isto", mas nunca é feito; a graça diz: "Crê neste", e<br />

já está tudo feito.<br />

27. Po<strong>de</strong>r-se-ia dizer, com razão, que a obra <strong>de</strong> Cristo é a que opera e<br />

oue a n<strong>os</strong>sa é a ooerada. . e. .. Dor conseguinte, - que a obra operada agrada a<br />

~eus pela graça d'a obra operante.<br />

28. O amor <strong>de</strong> Deus não acha, mas cria aquilo que lhe agrada; o amor do<br />

ser humano surge a partir do objeto que lhe agrada.<br />

Da Fil<strong>os</strong>ofia<br />

29. Quem quiser fil<strong>os</strong>ofar sem perigo em Aristóteles precisa antes<br />

tornar-se bem tolo em Cristo.<br />

30. Assim como não faz bom uso do mal da libido quem não estiver ca-<br />

sado, da mesma forma ninguém fil<strong>os</strong>ofa bem se não for tolo, isto é, cristão.<br />

31. Foi fácil para Aristóteles opinar que o mundo é eterno, pois, em sua<br />

opinião, a alma humana é mortal.<br />

32. Uma vez aceito que existem tantas formas substanciais quanto há<br />

coisas feitas, teria sido necessário aceitar que existe o mesmo número <strong>de</strong> ma-<br />

térias.<br />

33. De nenhuma coisa no mundo surge algo necessariamente, embora da<br />

marcria surja necessariamente tudo que surge <strong>de</strong> modo natural.<br />

34. Sc Aristóieles tivesse conhecido o po<strong>de</strong>r absoluto <strong>de</strong> Deus, ter-lhe-ia

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