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Obras selecionadas de lutero, os primordios, escritos de

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Tese 58<br />

Eles tampouco são <strong>os</strong> mérit<strong>os</strong> <strong>de</strong> Cristo e d<strong>os</strong> pois estes sempre<br />

operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o in-<br />

ferno do ser humano exterior.<br />

O tema <strong>de</strong>sta tese enraizou-se com excessiva profundida<strong>de</strong> e fixou-se<br />

profundamente em quase tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> mestres. Por esta razão, preciso<br />

<strong>de</strong>monstrá-la mais extensa e firmemente, e o farei com confiança.<br />

Primeiramente, quanto a<strong>os</strong> mérit<strong>os</strong> d<strong>os</strong> sant<strong>os</strong>:<br />

Eles dizem que nesta vida <strong>os</strong> sant<strong>os</strong> realizaram muitas coisas além <strong>de</strong> sua<br />

obrigação, a saber, obras supererogatórias, que ainda não foram recompen-<br />

sadas, mas <strong>de</strong>ixadas no tesouro da Igreja, as quais é feita uma compensação<br />

digna por meio das indulgências, etc. E assim preten<strong>de</strong>m que <strong>os</strong> sant<strong>os</strong> te-<br />

nham satisfeito por nós. Contra isto eu arguo o seguinte:<br />

1. Por conseqüência, as indulgências não são indulgências, o que provo<br />

pelo fato <strong>de</strong> que não são remissões gratuitas, e sim aplicações <strong>de</strong> uma satisfa-<br />

ção alheia, e por tudo o que foi argtiido acima acerca do tesouro da Igreja mi-<br />

litante, ou seja, que então nada é realizado por força das chaves exceto uma<br />

certa transferência <strong>de</strong> obras. Entretanto, nada é <strong>de</strong>sligado, o que é contra a<br />

palavra <strong>de</strong> Cristo que diz: "Tudo o que <strong>de</strong>sligares", etc. [Mt 16.19.1 Da mes-<br />

ina forma, então se faz por meio das chaves o que <strong>de</strong> fato há] acontece, pois,<br />

se existem <strong>de</strong>ste modo obras d<strong>os</strong> sant<strong>os</strong> na Igreja, o Espírito Santo certamen-<br />

te não permite que fiquem oci<strong>os</strong>as, mas elas <strong>de</strong> fato socorrem a quem po<strong>de</strong>m.<br />

2. Não existem obras <strong>de</strong> sant<strong>os</strong> que tenham permanecido sem recompen-<br />

sa, porque, segundo tod<strong>os</strong>, Deus premia além do que é condigno. E Paulo<br />

diz: "Os sofriment<strong>os</strong> do tempo presente não são condign<strong>os</strong> da glória<br />

futura", etc. [Rm 8.18.1<br />

3. Nenhum d<strong>os</strong> sant<strong>os</strong> cumpriu suficientemente <strong>os</strong> mandament<strong>os</strong> <strong>de</strong><br />

Ikus nesta vida. Logo, absolutamente nada <strong>de</strong> superabundante fizeram. Por<br />

esta razão, também não <strong>de</strong>ixaram alguma coisa para ser distribuída como in-<br />

cliilgências. A conseqüência, creio eu, está suficientemente clara, porém <strong>de</strong>-<br />

iiionstro a [premissa] maior <strong>de</strong> tal maneira que não <strong>de</strong>va ser p<strong>os</strong>ta em dúvida,<br />

irias crida <strong>de</strong> tal maneira que o contrário <strong>de</strong>la seja herético. Em primeiro lu-<br />

g;ir, por aquela palavra <strong>de</strong> Cristo: "Depois que tiver<strong>de</strong>s feito tudo o que está<br />

rscrito, dizei: Som<strong>os</strong> serv<strong>os</strong> inúteis." [Lc 17.10.1 Contudo, sob "serv<strong>os</strong> inú-<br />

icis" enten<strong>de</strong>-se [alguém que] fez men<strong>os</strong> e não mais [do que <strong>de</strong>via], a men<strong>os</strong><br />

qiic porventura sigam<strong>os</strong> <strong>os</strong> sonh<strong>os</strong> <strong>de</strong> cert<strong>os</strong> imbecis que tagarelam que Cristo<br />

qiiis que isso seja dito pel<strong>os</strong> seus por causa da humilda<strong>de</strong>, não da verda<strong>de</strong>.<br />

Assiiii. fazem <strong>de</strong> Cristo um mentir<strong>os</strong>o, para que eles mesm<strong>os</strong> sejam verazes.<br />

1:iii scgiindo lugar, por aquela passagem <strong>de</strong> Mt 25.9: as virgens sábias absolii-<br />

i;iiiiciitc tiada quiseram repartir <strong>de</strong> seu Óleo, temendo que faltasse tanibkm ;i<br />

rl;is iiicsinas. Erii terceiro Iiiyar, Paiilo diz em 1 Co 3.8: "Cada qual rccchcrú<br />

recompensa segundo seu trabalho"; ele não diz: "Segundo o trabalho<br />

alheio". Em quarto lugar, G1 6.4: "Cada qual preste contas por si mesmo."<br />

E mais um vez: "Para que cada qual receba segundo o que fez no corpo." [2<br />

Co 5.10.1 Em quinto lugar, todo santo <strong>de</strong>ve amar a Deus tanto quanto po<strong>de</strong>,<br />

sim, além do que po<strong>de</strong>, mas nenhum <strong>de</strong>les o fez e pô<strong>de</strong> fazê-lo. Em sexto lu-<br />

gar, através da mais perfeita <strong>de</strong> todas as suas obras, a saber, morte, martírio,<br />

sofrimento, <strong>os</strong> sant<strong>os</strong> não fazem mais do que <strong>de</strong>vem; sim, fazem o que <strong>de</strong>-<br />

vem, e também isto fazem mal-e-mal. Por conseguinte, muito men<strong>os</strong> fizeram<br />

mais do que era sua obrigação em outras obras. Em sétimo lugar, como eu<br />

apresento tant<strong>os</strong> argument<strong>os</strong>, ao passo que eles não apresentam sequer um<br />

argumento em favor <strong>de</strong> sua opinião, e sim uma simples narração, falando<br />

sem Escritura, sem mestres, sem argument<strong>os</strong> racionais, po<strong>de</strong>m<strong>os</strong> e, mais ain-<br />

da, <strong>de</strong>vem<strong>os</strong> afastar-n<strong>os</strong> completamente da opinião <strong>de</strong>les. Mas que sejam es-<br />

tes <strong>os</strong> meus argument<strong>os</strong>.<br />

Agora provo a mesma coisa através do parecer d<strong>os</strong> sant<strong>os</strong> pais. Em pri-<br />

meiro lugar, com aquela conhecida afirmação do B. Ag<strong>os</strong>tinho: "Tod<strong>os</strong> <strong>os</strong><br />

sant<strong>os</strong> precisam orar: 'Perdoa-n<strong>os</strong> as n<strong>os</strong>sas dividas', mesmo quando tiverem<br />

feito o bem, porque Cristo a ninguém excetuou quando n<strong>os</strong> ensinou a<br />

orar."29, Ora, quem confessa suas dividas certamente não tem em superabun-<br />

dância. Em segundo lugar, através <strong>de</strong> SI 31[32].2: "Bem-aventurado o ho-<br />

mem a quem o Senhor não imputou o pecado." E mais abaixo: "Por isso to-<br />

do santo orará a ti." (SI 32.6.) Em seu Diálogo contra <strong>os</strong>pelagian<strong>os</strong>, o B. Je-<br />

rônimo expõe este versiculo <strong>de</strong> maneira excelente, dizendo: "Como é santo,<br />

se ora por sua impieda<strong>de</strong>? Inversamente: se é impio, não é santo''294, etc. As-<br />

sim pois, pela oração e confissão <strong>de</strong> sua impieda<strong>de</strong> <strong>os</strong> sant<strong>os</strong> merecem que o<br />

pecado não Ihes seja imputado. Em terceiro lugar, diz o B. Ag<strong>os</strong>tinho no li-<br />

vro I das Retratações: "Tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> mandament<strong>os</strong> são cumprid<strong>os</strong> quando aqui-<br />

lo que não é cumprido é perdoado."2gl E que, no mesmo lugar, ele trata da<br />

pergunta se <strong>os</strong> sant<strong>os</strong> cumpriram perfeitamente <strong>os</strong> mandament<strong>os</strong> e dá uma<br />

resp<strong>os</strong>ta negativa, dizendo que [isso acontece] mais pelo perdão <strong>de</strong> Deus do<br />

que pelo cumprimento por parte do ser humano. Em quarto lugar, diz o mes-<br />

mo Ag<strong>os</strong>tinho no livro IX das Confissões: "Ai da vida d<strong>os</strong> seres human<strong>os</strong>,<br />

por mais louvável que seja, se for julgada sem misericórdia."2% Vê, até <strong>os</strong><br />

sant<strong>os</strong> necessitam <strong>de</strong> misericórdia em toda a sua vida. A isto se refere aquela<br />

palavra <strong>de</strong> Jó: "Mesmo que tiver alguma justiça, suplicarei ao meu juiz." [Jó<br />

9.15.1 Como, pois, po<strong>de</strong> ter <strong>de</strong> sobra para <strong>os</strong> outr<strong>os</strong> quem que não tem o sufi-<br />

ciente para si? Em quinto lugar, no livro I1 <strong>de</strong> Contra Juliano291, o B. Ag<strong>os</strong>ti-<br />

nho aduz <strong>de</strong>z antig<strong>os</strong> pais da Igreja298 a favor <strong>de</strong>sta opinião - a saber, Hilá-<br />

293 De noturo e1 gratiu, capitulo 35, in: Migne PL 44,266s.<br />

294 Dialogw odv. pelogim<strong>os</strong>, livro 11.4, i": Migne PL 23,538.<br />

295 Relrarlaliones, livro I, capitulo 19, in: Mignc PL 32,615.<br />

2% Coqfesci~~nes. livro IX. capitulo 13. in: Migne PL 32,778.<br />

297 Advrr.vus Juliunum. livro 11. in: Migne PL 44,671~s.<br />

2VH I .iiicro ci

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