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Obras selecionadas de lutero, os primordios, escritos de

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va iião foi Igreja e que, por conseguinte, foram <strong>de</strong>sobedientes a Cristo tod<strong>os</strong><br />

<strong>os</strong> que não receberam as chaves da Igreja Romana. E assim se <strong>de</strong>veriam consiclerar<br />

con<strong>de</strong>nad<strong>os</strong> a S. Estêvão e tant<strong>os</strong> milhares <strong>de</strong> mártires da Igreja orieni;iI.<br />

Isso para <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado que, se a palavra <strong>de</strong> Cristo <strong>de</strong>signasse o po<strong>de</strong>r da<br />

Igreja Romana, como ele quer aqui, e se Cristo promete edificar sua Igreja<br />

s~bre essa pedra, <strong>de</strong>ver-se-ia concluir que a Igreja universal não está edifica-<br />

do sobre a fé, mas sobre o po<strong>de</strong>r da Igreja Romana. E ela própria está edifi-<br />

c;ida sobre quê? Nem sobre a pedra, quer dizer, sobre seu po<strong>de</strong>r, nem sobre a<br />

I'?; portanto, sobre nada. Quem po<strong>de</strong> suportar isso? Vês, pois, como eu po-<br />

<strong>de</strong>ria investir contra tais opiniões <strong>de</strong> seres human<strong>os</strong>, se quisesse agir livremen-<br />

ie. Agora, porém, me basta m<strong>os</strong>trar que com esses <strong>de</strong>cret<strong>os</strong> nada se consegue<br />

contra <strong>os</strong> inimig<strong>os</strong> e na luta. Pois são fraquissim<strong>os</strong>, frigidissim<strong>os</strong> e <strong>de</strong> todo<br />

iiiiprestáveis para a luta. Basta que sejam tolerad<strong>os</strong> por causa do amor frater-<br />

tio, ainda que não <strong>de</strong>vam ser adorad<strong>os</strong> como verda<strong>de</strong> sólida e autêntica.<br />

Todavia, também não se <strong>de</strong>ve tolerar esta conclusão: "Em tudo isso,<br />

ciicontra-se tanto maior po<strong>de</strong>r quanto mais elevado o grau. Visto que compe-<br />

te a<strong>os</strong> superiores o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> governar e <strong>de</strong> mandar, compete a<strong>os</strong> inferiores a<br />

iiçcessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obe<strong>de</strong>cer."<br />

Vê como a tod<strong>os</strong> impõe a necessida<strong>de</strong> e só para si (contrariando o <strong>de</strong>ver<br />

do amor) arroga a liberda<strong>de</strong>, mas com péssima conseqüência. Pois não há au-<br />

ioiiiaticamente maior autorida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> o grau é mais elevado. Pedro foi o pri-<br />

iiiciro d<strong>os</strong> apóstol<strong>os</strong>, jamais, porém, teve qualquer autorida<strong>de</strong> sobre eles; pe-<br />

lo contrário, <strong>os</strong> apóstol<strong>os</strong> tiveram autorida<strong>de</strong> sobre Pedro, como está escrito<br />

ciii At 8.14: <strong>os</strong> apóstol<strong>os</strong> enviaram a Pedro e João, naquele tempo <strong>os</strong> primei-<br />

r<strong>os</strong> <strong>de</strong>iitre <strong>os</strong> apóstol<strong>os</strong>; não obstante, foram enviad<strong>os</strong> pel<strong>os</strong> apóstol<strong>os</strong>, como<br />

por superiores, a<strong>os</strong> fiéis da Samaria. Portanto, é bem evi<strong>de</strong>nte que Pelágio se<br />

ciiKana nessa passagem, ainda que presumo que cânones como esse nada têm<br />

(11)s poiitifices roman<strong>os</strong> a não ser o nome, e que foram redigid<strong>os</strong> por seus fun-<br />

cioiiári<strong>os</strong> e escrivães, pouco instruid<strong>os</strong> em teologia. Por isso nada <strong>de</strong> evangé-<br />

lico, riada <strong>de</strong> eclesiástico se manifesta neles, mas tão-só paixão humana, car-<br />

iic c sangue.<br />

O sexto, o papa Nicolaua5, querendo provar, com a maior firmeza, nessa<br />

iiicsina distinctio, capitulo Inferior, que o inferior não po<strong>de</strong> absolver o su-<br />

pcrior (enten<strong>de</strong>, porém, por "inferior" a Igreja Constantinopolitana, pois ela<br />

Ioi o iiiotivo <strong>de</strong> muit<strong>os</strong> cânones sobre esse primado), cita a palavra <strong>de</strong> Isaias<br />

10.15: "Po<strong>de</strong>, por acaso, o machado gloriar-se contra quem corta com ele,<br />

,111 :i scrra exaltar-se contra quem a maneja?" "Com isso que foi citado da<br />

47 Nicolau I. papa <strong>de</strong> 24/4/858 ate 13/11/867. É o mais importante papa do período que vai<br />

<strong>de</strong> Ciregúrio I a Gregório VII, e tambem um d<strong>os</strong> mais importantes formuladores da teoria<br />

1,ti1iii1. O próprio Cristo instituiu o papado, dando-lhe todas <strong>os</strong> seus direitas; estes direit<strong>os</strong> o<br />

~~i~pu risi> tem. pois, por <strong>de</strong>legac20 <strong>de</strong> algum concilio. Nicolau I compreendia-se como re-<br />

~'rcseiilii!itc <strong>de</strong> Deiis na terra; sua autorida<strong>de</strong> era autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus. Por isso, não po<strong>de</strong><br />

Iiiivcr iiii icrra aiiiorida<strong>de</strong> maior quc o papa, e seus pronunciament<strong>os</strong> são <strong>de</strong>finitiv<strong>os</strong> e inalierhvcis.<br />

Notc~se qiie Isiicro procura <strong>de</strong>sculpar Nicolau I, julgando que o mesma nao teria<br />

rxl>icssiali> tais opilii0cs.<br />

I !<br />

i<br />

i<br />

Divina Escritura", diz ele, "<strong>de</strong>monstram<strong>os</strong> mais claro do que o sol que quem<br />

tem autorida<strong>de</strong> menor não po<strong>de</strong> sujeitar a seu juizo a quem tem autorida<strong>de</strong><br />

maior." Quein não se admiraria? Com que jeito esse autor lida com as Escri-<br />

turas sob o nome do papa! Faz do papa um <strong>de</strong>us, e d<strong>os</strong> <strong>de</strong>mais bisp<strong>os</strong>, não ir-<br />

mã<strong>os</strong>, nem mesmo pessoas humanas, mas instrument<strong>os</strong>. E a isto se chama,<br />

naturalmeiite, <strong>de</strong>monstrar iiiais claro que o sol, ou seja, espalhar trevas.<br />

Isso para não dizer que, com esse silogismo, ele prova que a pessoa <strong>de</strong><br />

p<strong>os</strong>ição inferior não po<strong>de</strong> ser juiz da pessoa <strong>de</strong> p<strong>os</strong>ição superior, se bem que<br />

tinha se prop<strong>os</strong>to <strong>de</strong>monstrar quem seria o superior e quem o inferior - esse<br />

primado da mais vergonh<strong>os</strong>a ambição mereceu ser discutido <strong>de</strong>sta maiieira<br />

hábil e penetrante.<br />

Depois, no final, chama a Igreja Romana <strong>de</strong> m.ãe <strong>de</strong> todas as Igrejas.<br />

Nisso admira <strong>de</strong> quem foram filhas e discípulas as Igrejas da Judéia, a respei-<br />

to das qiiais Paulo disse a<strong>os</strong> gálatas: "Eu era pessoalmente <strong>de</strong>sconhecido das<br />

Igrejas da Judéia" [Gl 1.221, e qual foi a Igreja que Paulo <strong>de</strong>vastava, já que<br />

naquela época a Igreja Romana ainda estava n<strong>os</strong> lomb<strong>os</strong> <strong>de</strong> seu pai Pedro,<br />

que se encontrava em Jerusalém. O que, eu te peço, a Igreja <strong>de</strong> Jerusalém<br />

apren<strong>de</strong>u da Igreja Romana? Por que mente Paulo em Rm 15.25s., dizendo<br />

que <strong>os</strong> sant<strong>os</strong> pobres da Judéia receberam com razão uma coleta d<strong>os</strong> roma-<br />

n<strong>os</strong> e outr<strong>os</strong> pov<strong>os</strong>, porque haviam se tornado participantes d<strong>os</strong> bens espiri-<br />

tuais daqueles? Com essa palavra o apóstolo <strong>de</strong>signa a Igreja <strong>de</strong> Jerusalém <strong>de</strong><br />

mãe, matriz, raiz <strong>de</strong> todas as Igrejas do mundo inteiro, inclusive da romana,<br />

o que também é verda<strong>de</strong>. Quem po<strong>de</strong>rá negar que a Igreja d<strong>os</strong> genti<strong>os</strong> é p<strong>os</strong>-<br />

terior a Igreja d<strong>os</strong> ju<strong>de</strong>us e que aquela nasceu <strong>de</strong>sta? -visto que <strong>os</strong> profetas<br />

predisseram isso a respeito d<strong>os</strong> genti<strong>os</strong> em tantas passagens, e que se lê em<br />

At<strong>os</strong> que <strong>os</strong> discípul<strong>os</strong> dispers<strong>os</strong> pregavam o Evangelho somente a<strong>os</strong><br />

ju<strong>de</strong>us", e que se admiraram da salvação experimentada pel<strong>os</strong> genti<strong>os</strong>47, e<br />

que Paulo ensina em Rm 15.8s. que Cristo foi um ministro d<strong>os</strong> ju<strong>de</strong>us e que<br />

<strong>os</strong> genti<strong>os</strong> conseguiram misericórdia pela ruina d<strong>os</strong> ju<strong>de</strong>us48. Mas também<br />

Cristo diz em Jo 4.22: "A salvação vem d<strong>os</strong> ju<strong>de</strong>us." Por isso, ele <strong>de</strong>veria ter<br />

dito com modéstia: "mãe <strong>de</strong> Igrejas"; no entanto, "mãe <strong>de</strong> todas as Igrejas"<br />

é exagero <strong>de</strong>mais.<br />

O sétimo é novamente Nicolau, dis. XXII. c. omnes. Sobre esse texto<br />

não sei o que dizer. Pois estou quase disp<strong>os</strong>to a corrigir minha tese e afirmar:<br />

que a Igreja Romana é superior ás <strong>de</strong>mais, prova-se com o <strong>de</strong>lirio <strong>de</strong> uma<br />

palea49 totalmente inepta, que zomba da Igreja <strong>de</strong> Cristo sob o nome do pon-<br />

tífice romano. Ouve só, pelo amor <strong>de</strong> Cristo, o que diz ai.<br />

"A Igreja Romana", diz ele, "instituiu a tod<strong>os</strong>, sejam <strong>os</strong> p<strong>os</strong>t<strong>os</strong> mais<br />

elevad<strong>os</strong> <strong>de</strong> qualquer patriarcado, sejam <strong>os</strong> primad<strong>os</strong> das metrópoles, sejam<br />

as cátedras d<strong>os</strong> episcopad<strong>os</strong>, sejam as dignida<strong>de</strong>s das Igrejas <strong>de</strong> qualquer or-<br />

46 Cf. A1 8.1,4.<br />

47 Cf. Ar 10.45.<br />

48 Cí. Km lI.11.<br />

49 1.utcro rcfcrc-sc às interpolacdcs feitas par Paucapalca, discipulo <strong>de</strong> Graciano (315.383). e<br />

qiic rriiii, <strong>de</strong>~iyiiadar dc ,>

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