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Reações a João de Deus<br />

08.05.09<br />

Quando soube de João de Deus pela primeira vez confesso que não fiquei muito<br />

entusiasmado. Meu interesse não era exatamente nas suas práticas de cirurgias<br />

espirituais, mas sim na "fama" que adquiriu fora do país: conheci-o antes através<br />

da Discovery Channel do que qualquer veículo nacional de mídia... E não para por<br />

aí: BBC, National Geographic, ABC e diversos outros canais estrangeiros já<br />

produziram diversas reportagens e documentários sobre ele. Não se trata de um<br />

"apelo à multidão", pois certamente não creio que apenas por que centenas de<br />

pessoas o visitam todos os dias ele seria um grande médium, ou mesmo que suas<br />

cirurgias espirituais realmente favorecessem a cura das enfermidades dos<br />

pacientes; Mas me parecia um caso curioso que um médium brasileiro houvesse<br />

alcançado certa "fama" antes fora do país do que dentro, considerando-se que o<br />

espiritismo é muito mais difundido aqui do que lá fora. Além disso, obviamente o<br />

fato de João de Deus tratar de forma inteiramente gratuita me fez continuar a<br />

estudá-lo de forma séria.<br />

Então soube que o médium se considera católico (às vezes, "incorporado" ele se<br />

diz espírita, mas na maioria das vezes se diz católico) e que admitia abertamente<br />

que as cirurgias físicas, invasivas, não faziam qualquer diferença no tratamento<br />

em si, que era totalmente fluido - tratava somente da "matéria espiritual" e não<br />

envolvia cortes (apenas em casos de catarata, as "raspagens de olho" fazem parte<br />

do tratamento em si, segundo o próprio médium). Ou seja: as cirurgias físicas<br />

serviam apenas para "aumentar a fé" dos pacientes, fazendo-os crer que o<br />

tratamento espiritual, invisível aos olhos, poderia funcionar (cabe lembrar que<br />

segundo o espiritismo cirurgias físicas e "incorporações" totais são amplamente<br />

desaconselhadas e não fazem parte dos estudos originais da doutrina, com<br />

Kardec).<br />

A essa altura eu estava quase convencido que se tratava de charlatanismo: me<br />

parecia uma idéia idiota arriscar a saúde das pessoas apenas para que elas<br />

"possam ter maior fé no tratamento"... Inclusive considerando que João de Deus<br />

nunca cursou medicina, operava com aparelhagem tosca (ex: faca de cozinha),<br />

sem assepsia e sem anestesia! No entanto, pesquisando um pouco mais descobri<br />

que na verdade apenas uma pequena parte de seus pacientes faziam tais<br />

cirurgias, e as faziam porque pediam, não porque o médium recomendava que<br />

fizessem. Ou seja: os que não "conseguiam crer o suficiente" no tratamento<br />

espiritual, pediam por uma espécie de "placebo físico" para aumentar sua fé no<br />

tratamento. Além disso, em décadas desse tipo de operação, nunca houve caso<br />

de infecção ou piora grave de condições de saúde dos pacientes, ainda que isso<br />

desafiasse a ciência convencional.<br />

Menos mal, pelo menos aos meus olhos o médium deixou de ser uma espécie de<br />

"açougueiro irresponsável" e passou a ser, talvez, um "pequeno charlatão" que<br />

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