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será que é perfeitamente possível seguir adiante, observando e desvendando a<br />

natureza, sem que tenhamos a "segurança aparente" de uma ou inúmeras<br />

Verdades? - o problema com essas perguntas é que elas envolvem uma certa<br />

dose de risco: se vamos seguir adiante no ceticismo, é possível que muito do que<br />

consideramos a Verdade hoje esteja errado lá na frente, é possível que todo<br />

nosso trabalho de reflexão e análise dessa "verdade aparente" se perca, pois no<br />

futuro pode ser provado como falso; Por outro lado, se abraçarmos as verdades<br />

de algum Manual, e também essas se provarem falsas, teremos nos enganado<br />

duplamente - uma, em relação a nossa "verdade aparente" que se provou falsa, e<br />

outra em relação a crer que algum livro poderia ter nos trazido a Verdade Absoluta<br />

de mão-beijada.<br />

O ceticismo não é inimigo da religião. Religião é apenas a forma que os homens<br />

encontraram para alcançar alguma forma de compreensão da Natureza de forma<br />

mais sentimental do que racional, mais no sentido do Amor do que da Razão. Não<br />

significa que um religioso não possa ser cético, não possa ser cientista, não possa<br />

unir todas as potencialidades humanas em prol de um conhecimento mais<br />

abrangente da Natureza. Significa apenas que um religioso precisa aprender a<br />

deixar de se apegar a este ou aquele dogma. Pois um dogma, enquanto "verdade<br />

já encerrada em si mesma", é a antítese da busca por conhecimento, busca essa<br />

que ocorre na religião (porque não?) tanto quanto em qualquer outra área de<br />

conhecimento humana. Talvez a busca religiosa seja mais interna do que externa,<br />

mais sentimental do que racional, mas continua sendo válida: não existe espaço<br />

na Natureza em que possamos "estar fora dela", portanto mesmo a busca interna<br />

não deixa de ser uma busca "dentro da Natureza".<br />

Também podemos dizer que nem todo cientista será necessariamente cético<br />

(ainda que acredite piamente que o seja): ciência é conhecimento, é observação e<br />

compreensão racional das leis naturais. A ciência não é materialista nem<br />

espiritualista, ateísta ou teísta, ciência é apenas ciência, se baseia em fatos<br />

comprovados experimentalmente, e novas teorias que surgiram através deles, a<br />

ciência nunca teve a pretensão de "validar" ou explicar toda a realidade (nisso ela<br />

se assemelha ao ceticismo). O cientista que baseia toda a sua visão de realidade<br />

apenas na ciência, está no mínimo "vivendo pela metade", esquecendo-se de<br />

tantas outras coisas que a realidade nos traz, e que não podem ser medidas ou<br />

equacionadas... para não estender muito a lista, fiquemos apenas no Amor.<br />

Como físico, Max Planck observou em seu livro "The Philosophy of Physics" [A<br />

Filosofia da Física], de 1936: "uma importante inovação científica raramente faz<br />

seu caminho vencendo gradualmente e convertendo seus oponentes: raramente<br />

acontece que 'Saulo' se torne 'Paulo'. O que realmente acontece é que os seus<br />

oponentes morrem gradualmente e a geração que cresce está familiarizada com a<br />

idéia desde o início". O ceticismo pode, portanto, tornar-se vicioso e sua prática<br />

deve ser balanceada. É importante que o cético mantenha-se neutro, tenha<br />

consciência de sua posição e evite um ceticismo descontrolado que possa vir a<br />

transformar-se num fanatismo tecnológico ou numa espécie de fundamentalismo<br />

onde se pretende "evangelizar o ceticismo científico" como única compreensão<br />

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