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Não é tão difícil imaginar a causa da falha miserável na previsão de Turing:<br />
computadores processam informações de forma digital, convertidas em bits. A<br />
mente interpreta informações de forma analógica, sem qualquer tipo de<br />
conversão. Enquanto um bit de informação pode ser "0" ou "1", "verdadeiro" ou<br />
"falso", e assim por diante, a mente pode interpretar um mesmo input de<br />
informação de maneiras praticamente infinitas, se for necessário. Somente na<br />
questão da linguagem humana um computador já é invariavelmente limitado na<br />
imitação da mente: é crucial levar em conta o contexto em que as frases são ditas,<br />
mas o computador não consegue reconhecê-las com facilidade. A palavra<br />
"banco", por exemplo, pode significar um "assento" ou uma "instituição financeira"<br />
dependendo da situação em que é usada. Este é um exemplo simples, imaginem<br />
então como um computador poderá um dia interpretar uma frase como "eu estava<br />
apaixonado, seu beijo era tão doce quanto as maças do Paraíso e seu perfume<br />
me lembrava um jardim perdido no tempo"... Certamente a poesia não pode ser<br />
computada.<br />
Apesar disso, há quem confunda a mente humana com o cérebro, e dessa<br />
maneira acredite piamente que nós funcionamos exatamente como uma máquina,<br />
e que é questão de tempo até que a inteligência artificial não apenas imite a<br />
cognição humana, mas a suplante! Vejamos como o materialismo soube ocultar o<br />
absurdo que salta aos olhos daqueles que sabem enxergar além dele: se o<br />
cérebro é o único responsável pela geração do processo de consciência, então<br />
concluímos que tudo o que ele faz é interpretar e processar as informações<br />
sensoriais que lhe chegam a todo segundo. Dessa forma, o cérebro reage ao<br />
ambiente e vai lentamente formando uma base de memória, na teoria a única<br />
responsável por sua personalidade, sentimento e moral. Mal comparando a um<br />
computador moderno, teríamos que o hard disk (HD) corresponderia as memórias<br />
armazenadas no hipocampo. O processador corresponderia a capacidade de<br />
inter-conexão das sinapses entre as células neurais, o que possibilitaria o<br />
raciocínio e a cognição em maior ou menor grau. O processo de consciência<br />
corresponderia ao computador ativo, computando com o auxílio de sua memória<br />
temporária (RAM); e ao final, quando desligado (sono), eliminaria todas as<br />
informações sem grande importância, armazenando o que restasse no hipocampo<br />
(HD). Analisando superficialmente essa analogia é instigante: será que não<br />
seríamos, no final, apenas máquinas avançadas?<br />
Mas isso é facilmente posto abaixo por uma simples constatação: a de que o<br />
computador computa informações, e nunca as interpreta. Se o computador pode<br />
parecer humano, é somente pelo processo de imitação, pois ele nada decide,<br />
nada escolhe, nada interpreta. Somos nós quem fazemos as escolhas, somos nós<br />
quem teclamos o teclado, quem clicamos com o mouse, quem escolhemos entre<br />
"ok" e "cancelar" em um formulário, quem comentamos nos blogs, quem criamos<br />
todo o conteúdo online e offline, etc. Exatamente por isso que não é pela analogia<br />
as máquinas que conseguiremos um dia compreender a existência, a capacidade<br />
de fazer escolhas, o processo de consciência, o pensamento...<br />
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