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Quando o ceticismo é bom?<br />

03.03.09 (da série Reflexões sobre o ceticismo)<br />

Ceticismo: é a doutrina que afirma que não se pode obter nenhuma certeza a<br />

respeito da verdade, o que implica numa condição intelectual de dúvida<br />

permanente e na admissão da incapacidade de compreensão de fenômenos<br />

metafísicos, religiosos ou mesmo da realidade. O termo originou-se a partir do<br />

nome comumente dado a uma corrente filosófica originada na Grécia Antiga.<br />

À primeira vista o ceticismo nos parece algo cinzento e sem brilho: "não podemos<br />

obter nenhuma certeza a respeito da verdade, somos incapazes de compreender<br />

a realidade". Ora, mas que tipo de afirmação é essa? Será que tudo o que<br />

conhecemos, e mesmo a realidade, é algo falso e incompreendido? Esse tipo de<br />

pergunta ocorre para todos aqueles que, geralmente, de tão apegados a sua<br />

noção de realidade, tratam qualquer tipo de "afronta a sua realidade" mais ou<br />

menos como a loba que protege seus filhotes de estranhos, mostrando os dentes<br />

afiados.<br />

Esse pensamento precipitado, quando estendido ao ceticismo científico, nos leva<br />

a crer que "como os próprios cientistas afirmam que não conhecem a verdade,<br />

então não devemos dar ouvidos a eles. Daremos ouvidos a quem afirma que à<br />

conhece, como a Bíblia." - obviamente que esse tipo de pensamento é bem<br />

arcaico e não se aplica a maioria dos religiosos dos dias atuais (será mesmo?<br />

espero que não se aplique), mas considerando nossa história religiosa, e de como<br />

foram necessários séculos de ciência para que modificássemos finalmente<br />

algumas de nossas noções mais básicas da realidade (como por exemplo, a de<br />

que a Terra gira em torno do Sol, e não o oposto, como acreditamos na maior<br />

parte de nossa história), poderemos entender como um cético hoje tende a ser<br />

"mau-visto" por aquelas pessoas que "tem certeza de que compreendem a<br />

realidade".<br />

Felizmente, a Natureza nos mostra que não precisamos compreender a realidade<br />

para viver nela. Ou melhor: não precisamos compreender cada aspecto e detalhe<br />

das leis naturais, para que estas funcionem, e para que vivamos conscientes da<br />

maravilha que é a Natureza, ainda que talvez nunca a compreendamos<br />

devidamente. Vale então um outro pensamento: "mais vale avançar a passos<br />

curtos e cortando grama e galhos de ilusão, na trilha da Verdade, do que<br />

permanecermos alegres e felizes com o que já conseguimos, no vilarejo da<br />

Ignorância" - ou seja, tudo bem que não compreendamos toda a verdade ou toda<br />

a realidade, isso não nos impede, de forma alguma, de prosseguir nessa trilha de<br />

descobertas.<br />

Será que só deveríamos nos sentir "seguros o suficiente para caminhar adiante"<br />

quando trazemos conosco, abaixo do braço, um Manual da Verdade Absoluta? Ou<br />

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