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Tudo que sei é que nada sei<br />

10.02.09<br />

O célebre sábio antigo, Sócrates, nem sempre havia sido conhecido por sábio. De<br />

fato, chegou a servir como soldado e constituir família, como tantos outros<br />

atenienses. Foi somente quando leu no oráculo em Delfos o "conhece-te a ti<br />

mesmo" que teve um insight, uma iluminação interior, e resolveu dedicar o final de<br />

sua vida ao autoconhecimento.<br />

Porém, me parece interessante que não tenha se isolado para se auto-conhecer,<br />

tanto oposto disso: preferiu dialogar com jovens atenienses, e através desses<br />

diálogos pode não somente conhecer-se melhor, mas também aprender a<br />

complexa arte de julgar "quem é sábio, e quem apenas se julga sábio".<br />

Freqüentemente, os ditos "sábios" se entrincheiram no cume de sua suposta<br />

sabedoria, e passam a atacar todos aqueles que, ao aproximar-se, demonstram<br />

certa ignorância. Dizem eles: "Você não é digno de estar entre nós, é muito<br />

ignorante." - "Vá estudar o básico de filosofia, ciências e política, depois retorne." -<br />

"Para mim é um suplício ter de dialogar com alguém tão ignorante." - ou ainda<br />

"você está além de qualquer salvação, nunca poderá ser um sábio como nós."<br />

Ora, e o que Sócrates descobriu? Que os ditos "sábios", nada mais eram que<br />

seres cheios de idéias pré-concebidas, ou tanto pior, conceitos monolíticos que<br />

não admitiam diálogo, verdadeiros dogmas das idéias... Descobriu que para ser<br />

realmente sábio, era preciso aprender a compreender as diversas formas nas<br />

quais a sabedoria se apresenta: no olhar atento de um jovem ainda livre de<br />

preconceitos, nas sutis e harmônicas leis da Natureza, no conceito de se estar<br />

sempre ao mesmo nível de todos - não por ser igualmente ignorante, mas antes<br />

por ser o mais interessado em aprender com tudo a sua volta...<br />

O tão criticado "tudo que sei é que nada sei", portanto, é apenas uma fórmula para<br />

que possamos nos harmonizar com o brilho dos outros, se for o caso. Caso nossa<br />

sabedoria brilhe muito a primeira vista, pode assustar, afinal todos os ditos<br />

"sábios" costumam tratar aos "ignorantes" de forma um tanto grosseira. A<br />

sabedoria verdadeira está em, sendo sábio, reconhecer que não é sábio o<br />

suficiente para que possa ignorar o aprendizado possível, o aprendizado que se<br />

encontra nos diálogos, nas amizades, no convívio e no amor, para com todos os<br />

outros que nos cercam, sejam sábios, sejam ignorantes, sejam apenas ignorantes<br />

que se julgam "muito sábios" - não importa, todos são possibilidades infinitas de<br />

aprendizado.<br />

O cérebro humano tem tantos neurônios quanto estrelas há no céu. Não importa<br />

para onde olhemos: para o alto, ou para dentro, tudo é sagrado. Amar o saber,<br />

antes de mais nada, é reconhecer que nunca saberemos o suficiente, que não<br />

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